Como Carla Sarni transformou uma clínica na periferia em uma das principais redes de franquias do país
Foi perdendo dinheiro que a dentista Carla Sarni, 41 anos, presidente da Sorridents, descobriu que a sua profissão poderia ser muito mais lucrativa do que imaginava. Trabalhava de segunda a segunda no consultório, sem folga mas ainda assim o resultado da conta não era dos melhores. Seu marido, Cleber Soares, tentava tentava colocar em ordem toda a contabilidade do consultório e descobriu a informação que pode ter mudado o rumo dos negócio de Carla: ela perdia cerca de R$ 3.200 por mês por pura falta de organização.
“Tinha uma inadimplência alta porque as pessoas colocavam o aparelho, e não retornavam para fazer a manutenção", diz. O tamanho da perda era maior do que o contra-cheque de Cleber, que trabalha no exército. O poder de persuasão de Carla operou. “Ele levaria 25 anos para chegar ao alto escalão. Então, o convenci a mudar de profissão, cursar odontologia, e se tornar dentista de aparelho, que é o segundo profissional que mais ganha dinheiro na clínica.”
A olhos nús, parece uma decisão fácil, mas Carla garante que não foi. E a maior dificuldade não foi Cleber se profissionalizar em uma área que não tinha despertado ainda seu interesse, mas sim a relação, que acabou prejudicada pela convivência no ambiente de trabalho. "Tivemos um problema de adaptação muito grande. Cada um queria uma coisa, e isso gerou um desgaste grande no relacionamento, pois levávamos isso para casa", diz. “Era muito cansativo, pois passávamos o dia no consultório. No final do dia, ele (marido) buscava as crianças na escola, e ia para a faculdade. Foi preciso muito coaching.”
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O trabalho com coaching durou um ano e meio e com a chegada de Soares à clínica, em 2001, o próximo passo foi formatar a Sorridents em franquias. A ideia era oferecer ao paciente todo o tratamento em um único lugar. "Quando chegamos a 23 unidades, achamos que era hora de parar de expandir. No entanto, os dentistas continuavam a nos pedir o licenciamento da marca e para manter a qualidade e a filosofia do negócio, decidimos nos tornar uma franquia", diz. A Sorridents Franchising foi lançada em 2005, e hoje já são mais de 170 clínicas entre franqueadas e próprias, em 15 estados.
Carla recorda que abrir mão de salário e horários fixos e, ainda hoje, trabalhar cerca de 17 horas por dia - sim, inclusive aos finais de semana - são fatores fundamentais para o sucesso da marca. "Depois de sair do trabalho, vou para a segunda jornada em casa. Tenho dois filhos pequenos e costumo jantar com eles, olhar as lições e colocá-los para dormir."
Além disso, Carla reserva um dia da semana para fazer palestras, visitar unidades da Sorridents e receber os franqueados ou pessoas interessadas no negócio.
O INÍCIO
Entre tantas possibilidades que a carreira oferecia, a cirurgiã-dentista Carla Sarni, 41 anos, sempre sonhou com a menos popular entre os colegas de profissão. O desejo de oferecer um serviço de primeira linha para as classes C, D e E fez com que Carla se tornasse fundadora e presidente da maior rede de franquias odontológica da América Latina, a Sorridents.
Carla nunca teve muitas pretensões. De origem humilde, já considerava grandioso o fato de ter se conseguido se graduar em odontologia e ter saído de sua cidade natal, Pitangueiras, no interior de São Paulo, para trabalhar em São Paulo. Tudo o que ela queria era montar um consultório na periferia e prestar um serviço de qualidade a preços acessíveis. "Todo dentista quer trabalhar pouco, e ganhar muito. Meu obejtivo era o contrário", diz. "Estocava produtos em promoção, fazia cotação em muitos lugares, e negociava com fornecedores para oferecer um serviço com valor abaixo da tabela", diz.
Sem dinheiro para o próprio consultório, Carla assumiu a função de dentista ao lado de um protético, na Vila Cisper, na zona leste de São Paulo. Em poucas semanas, seu atendimento fez com que a clientela aumentasstanto, a ponto de ter fila na porta do consultório. "Minha preocupação sempre foi a satisfação do cliente. Sabia que empreender só daria resultado se o cliente fosse colocado em primeiro lugar", diz.
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Mais do que qualidade do trabalho, o que realmente conquistava os seus pacientes era o atendimento. “Atendia a dezenas de pessoas no mesmo dia. No fim do expediente, ligava para cada um perguntando como eles estavam se sentindo e se precisavam de alguma assistência”, diz.
Desde muito cedo a dentista já dava indícios de que tinha o tal espírito empreendedors. Aos nove anos, a dentista viu sua mãe, comerciante na época, receber uma caixa de linhas por engano. Para ela, aquele desvio veio a calhar. Carla vendeu a caixa toda sozinha, em uma semana. "Gritava para a freguesia em frente a um supermercado, e assim, comprei a minha primeira bicicleta”, diz.
Mais tarde, para se manter na faculdade, Carla vendia de tudo. Batia de porta em porta vendendo roupas e a noite, quando chegava da aula, saia novamente para oferecer as trufas que ela mesma preparava. “Fiquei tão conhecida na faculdade, que as pessoas faziam encomendas no meio do corredor. Me diziam: preciso de uma camisa branca, tamanho G, e lá ia eu atrás”, lembra.
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Assim como os seus clientes na faculdade, o vínculo que Carla estabeleceu com os seus pacientes foi a melhor estratégia para fidelizar a sua clientela, e tornar o seu serviço personalizado.
Não demorou até que ela assumisse sozinha a clínica que até então era dividida com o colega protético. Sob sua gestão, o consultório ganhou aparelhos modernos e profissionais todas as especialidades da área odontológica. "Era o modelo de negócio com o qual eu sonhava. Investi todo o dinheiro que ganhei nos três primeiros anos de trabalho, e instalei porcelanato, ar-condicionado nas salas, e tecnologia de ponta em toda a clínica", diz.
O padrão criado por Carla deu tão certo que sua clínica era vista como referência por outros profissionais. "Convidei alguns colegas para trabalharem como parceiros especialistas de várias áreas, o que despertou a vontade deles em ter um negócio igual. Foi assim que começamos a ter sócios em outras clínicas Sorridents."
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INOVAÇÃO
Em tempos de crédito escasso, a rede lançou esse ano um cartão de crédito próprio, que permite o parcelamento de todo e qualquer tratamento em até 18 vezes sem juros. “Oferecer uma forma de pagamento facilitada é um meio de diminuir o número de desistências e fidelizar o cliente, além de evitar a interrupção dos tratamentos odontológicos”, afirma Carla.
Outra novidade deste ano é o plano dental Sorrident, que por R$ 19,90 cobre procedimentos de prevenção como limpeza, aplicação de flúor e selante, raspagem e emergência. A nova aposta da dentista teve investimento inicial de R$ 10 milhões - dinheiro conseguido com a venda de 20 das 40 unidades próprias da Sorridents. Outros R$ 40 milhões serão aplicados no decorrer dos próximos cinco anos.
“É um modelo que privilegia a prevenção, e uma mudança de cultura. Temos que mudar a vida das pessoas", diz. A estimativa para esse ano é que o faturamento da rede de franquias seja de R$ 220 milhões e o da franqueadora aumente em 25%, para R$ 15 milhões.
*Foto: Divulgação
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