O comércio varejista esperava uma ação mais ousada do governo com relação aos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os R$ 500 que serão disponibilizados este ano terão impacto discreto no setor.
Simulações feitas por economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que a injeção desse dinheiro na economia resultará em uma alta de 0,2 pontos percentuais no resultado de 2019 das vendas do varejo, que antes mostrava alta de 1,1%, crescimento reajustado para 1,3%.
Nada que reverta a tendência de estagnação do setor que, segundo empresários que participaram da reunião do Comitê de Avaliação da Conjuntura da ACSP nesta quinta-feira (25/07), só está se segurando por causa das grandes redes, que têm condições de negociar preços com fornecedores e investir em múltiplos canais de vendas.
Já os médios e pequenos comerciantes estão no vermelho ou andando de lado, segundo descrição dos presentes ao encontro. Eles citaram como exemplo dessa fragilidade os abandonos de pontos em shoppings, que acabam sendo ocupados por empresas do setor de serviços, como restaurantes e espaços de entretenimento.
O comércio depende necessariamente da confiança do consumidor, que anda em baixa. O Índice Nacional de Confiança (INC), medido pela ACSP, recuou de 99 pontos em maio para 94 em junho, lembrando que esse indicador varia de zero a 200 pontos, portanto, está abaixo da linha do otimismo representada pelos 100 pontos.
O que mais aflige o consumidor é o desemprego, que atinge 13 milhões de brasileiros. Embora o dado de maio do IBGE mostre alta de 2,6% no emprego, também aponta queda de 0,2% na renda, o que sugere que o aumento das vagas envolve a informalidade e a subocupação.
Entre os empresários que participaram da reunião de conjuntura da ACSP há uma divisão entre aqueles que acreditam haver tempo para que o governo encontre a faísca que resultará na expansão do emprego e aqueles que não enxergam meios para que esse fenômeno aconteça.
A aprovação da reforma da Previdência, que parece provável diante do resultado que obteve em primeira votação na Câmara dos Deputados – 379 votos pela aprovação e 131 contrários -, deu ânimo aos empresários, mas seus reflexos na geração de emprego devem ser discretos.
Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que, se aprovada a reforma da Previdência, o desemprego cairia dos atuais 12% da população para 10% até 2022.
Será preciso, portanto, encontrar outro meio de acender o estopim do emprego. Reforma tributária, investimentos em infraestrutura, impacto da provável redução dos juros, a desburocratização prevista pela MP da Liberdade Econômica (MP 881). São todas alternativas, mas de médio e longo prazo. E até lá?
Enquanto isso o comércio varejista se segura graças a alguns segmentos, como o farmacêutico, supermercadista e automotivo. Os demais amargam seguidos resultados ruins.
Já o e-commerce vive em uma espécie de realidade paralela. No primeiro semestre seu faturamento cresceu 12% e o volume de pedidos registrou alta de 20%.
O que se observa no varejo digital é o aumento de sua abrangência. Ele não se concentra mais em eletroeletrônicos, passou a envolver vestuário, alimentos, perfumaria, entre outros. São itens de ticket médio menor, mas giram um volume maior de vendas.
Embora o comércio eletrônico mostre força, sua participação no total do varejo brasileiro ainda é pequena. O relatório Ebit/Nielsen prevê que o e-commerce movimente R$ 75 bilhões em 2019, o equivalente a 6% das vendas globais do setor.
INDÚSTRIA
Empresários da indústria que participaram do encontro na ACSP não enxergam reversão na tendência de queda do setor. Em 12 meses, fechados em maio, a produção industrial medida pelo IBGE ficou zerada e suas vendas tiveram leve alta de 1,3% no período. Os números mensais do setor caem seguidamente desde a metade de 2018.
A perspectiva é de que a indústria registre novamente desempenho fraco em junho levando-se em consideração dados de emprego do setor divulgados pela Fiesp para o mês, que apontaram redução de 13 mil vagas.
Crescimento consistente, segundo os indústrias que estiveram na ACSP, somente em 2020.
Dois problemas foram destacados pelo setor. Um deles são as linhas de financiamento para compra de máquinas agrícolas que foram prometidas, mas que ainda não estão disponíveis.
Houve crescimento das vendas de máquinas na última Agrishow (feira internacional de tecnologia agrícola), mas muitos negócios não se concretizaram porque o crédito não foi liberado.
Outro problema apontado é o sucateamento da indústria nacional do alumínio, que hoje opera bem abaixo da sua capacidade.
O Comitê de Avaliação da Conjuntura é coordenado pelo conselheiro da ACSP Edy Kogut. Seus integrantes, que atuam nos diferentes setores econômicos, se reúnem uma vez ao mês para analisar a situação atual da economia e as perspectivas para o país. A pedido do comitê, os nomes dos empresários que participam do encontro não costumam ser divulgados.
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