Pela segunda reunião consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a Selic inalterada em 14,25% ao ano. O resultado era esperado pelo mercado financeiro. Segundo o relatório Focus, do Banco Central, a expectativa é que a taxa encerre o ano neste patamar.
Segundo o comunicado do BC, a decisão unânime foi motivada pelo cenário macroeconômico, pelas perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos.
"O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. O Copom ressalta que a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo", informou.
A recessão econômica, que já pesa sobre todos os indicadores da economia real, não deixa margem para novos aumentos nos juros, mesmo que a inflação ainda não tenha dado trégua.
A alta taxa de juros repercute fortemente na atividade econômica. Para ter uma ideia, o indicador antecedente ao PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país) acumula queda de 4,47% em agosto na comparação com igual mês de 2014.
O desemprego continua subindo e atingiu 7,6% em agosto, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com isso, a confiança de consumidores e empresários estão nos patamares mínimos históricos. O que só vem a reforçar os números negativos de produção e vendas da indústria, comércio e serviços.
Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), considerou a decisão do Banco Central correta.
"Não haveria nenhuma razão para o aumento da taxa Selic, diante da recessão em que se encontra o Brasil. Nossa expectativa, agora, é de que o BC comece a reduzir a taxa, o que vai permitir que o país se estabilize e dê início a uma retomada gradual", afirma.
No entanto, complementa Burti, a recuperação se concretizará se o governo realizar - efetivamente - o ajuste fiscal. "E que esse ajuste seja feito pelo lado do governo, via corte de gastos, e não por meio de mais aumento de tributação”, diz.
Emilio Alfieri, economista da ACSP, afirma que o Banco Central deve manter a taxa nesse patamar por mais tempo do que o previsto inicialmente, quando ainda projetava uma inflação menor no ano que vem.
O que pode interferir na trajetória da Selic, no entanto, é o desenrolar do ajuste fiscal. Com um rombo estimado em R$ 50 a R$ 70 bilhões nas contas públicas deste ano, o governo estuda mudar a meta para o superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida), atualmente de 0,7% do PIB.
A avaliação é que, se o governo assumir o déficit para o próximo ano, há maior risco de perda do grau de investimento por mais uma agência de classificação de risco. Isso pode fazer a cotação do dólardisparar e, assim, o Banco Central veria-se forçado a aumentar os juros.
INFLAÇÃO BAIXA SÓ EM 2017
Ao mesmo tempo que o Banco Central está de mãos atadas para subir os juros, ainda enfrenta uma inflação alta, próxima dos 10%. Aprévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro mostrou que no acumulado de 12 meses a inflação está em 9,77% ao ano.
Segundo Alfieri, no próximo ano, o efeito do tarifaço (aumento de correção nos preços controlados pelo governo) estará diluído. Só se esse movimento de baixa na inflação se confirmar será possível começar a reduzir a taxa Selic. "Mas acredito que isso ocorrerá apenas no fim do próximo ano", diz.
Se este é um ano perdido, no qual já é esperado o estouro do teto da meta de inflação, que é de 6,5% ao ano, 2016 já foi contaminado pelas perspectivas negativas.
A projeção é de que o IPCA do ano que vem estoure novamente o teto da meta, de 6,5%, no próximo ano. O grupo dos economistas das cinco instituições que mais acertam as projeções para a Selic do relatório Focus já espera uma inflação de 6,72% no fim de 2016.
"Por isso, esperamos que os juros permaneçam neste patamar por um período prolongado. As expectativas do mercado para a inflação futura não estão ancoradas. É preocupante que, em outubro, a previsão é de que a inflação fure a meta novamente em 2016", diz Patrícia Pereira, gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos.
O problema, segundo ela, é que há uma deterioração rápida das expectativas e muita incerteza, principalmente em relação a novos reajustes na gasolina e aumentos de impostos.
O dólar valorizado também ameaça a inflação e o Copom não tem espaço para elevar a taxa de juros porque a atividade econômica não permite.
"A crise política não deixa a agenda fiscal passar adiante. Esta agenda é importante para os fundamentos macroeconômicos e para que o país não perca novamente o grau de investimento", conclui
Quando o Banco Central mencionou, em comunicado, que a inflação deve convergir para a meta no "horizonte relevante da política monetária" é um sinal de que vai trabalhar para que essa convergência ocorra em 2017, segundo economistas.
"O BC deve se concentrar em sinalizar as expectativas para 2017. A ata provavelmente vai trazer algo neste sentido", disse Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados. Segundo ela, o BC sinaliza que a Selic vai se manter no patamar atual por um "bom tempo".
Para Italo Lombardi, economista sênior para a América Latina do banco Standard Chartered, "o choque de câmbio e inércia de inflação deste ano para o próximo foram determinantes para o BC mudar o foco de convergência".
"Num contexto da economia com a inflação rodando perto de 10%, estava muito difícil para o BC levar o IPCA para 4,5% em 2016", disse Lombardi. Ele estima que esse índice de preços ao consumidor deverá subir 6,2% no próximo ano.
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*Com informações de Estadão Conteúdo
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