A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) chegou a cogitar elevar sua projeção de crescimento do setor de cartões para dois dígitos neste ano, mas preferiu manter a projeção de alta de 7,5%, de acordo com o presidente da entidade, Fernando Chacon.
Pesou, sobretudo, segundo ele, o cenário econômico, que não apresentou o fôlego esperado.
"Ao longo do primeiro trimestre, a Abecs chegou a cogitar que o número de crescimento do setor pudesse chegar em dois dígitos este ano, mas, aparentemente, o fôlego da economia não está como imaginávamos”, afirma Chacon durante o CIAB, congresso de tecnologia bancária, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“Não foi a crise política. Não teve uma bala de prata que desestruturou, mas o cenário. A confiança deu um passo para trás."
No primeiro trimestre, o mercado de cartões registrou crescimento de 5,9% ante um ano, totalizando R$ 285 bilhões.
Ao todo, o número de transações com cartões chegou a 3,1 bilhões nos três primeiros meses deste ano, crescimento de 7% ante igual intervalo de 2016. Com isso, a representatividade dos cartões no consumo das famílias brasileiras chegou a 28,2%.
O presidente da Abecs avaliou que o desempenho do setor no primeiro trimestre até superou a expectativa da entidade, ainda que tenha crescido abaixo da projeção anual, mas que o mesmo cenário não se materializou no segundo trimestre.
"Divulgamos projeção de expansão de 5,5% a 7,5% de crescimento para este ano, mas, na curva, o primeiro trimestre sinalizou que conseguiríamos crescer 7,5% neste ano", disse Chacon.
Do volume total movimentado pelos cartões de janeiro a março, conforme dados da Abecs, R$ 112 bilhões corresponderam à modalidade de débito, com alta de 7,6% e R$ 173 bilhões de crédito, com aumento de 4,8%, na mesma base de comparação.
"Poucos negócios têm desempenho tão robusto diante do cenário que estamos vivendo", afirmou Marcos Magalhães, diretor executivo de cartões, veículos e financeiras do Itaú Unibanco.
Diante do contexto atual, porém, conforme o diretor executivo do Bradesco, Rômulo de Mello Dias, é impossível os empresários e os consumidores não serem impactados.
O país, segundo ele, vinha sendo colocado nos trilhos, fazendo seu dever de casa do lado fiscal, mas precisa que as reformas sejam aprovadas.
"A (reforma) trabalhista passou ontem (terça-feira), vamos ver a da Previdência”, disse o executivo. “Neste cenário, é natural empresários e consumidores se retraírem."
Sobre 2018, Chacon, da Abecs e também presidente da Rede (ex-Redecard), disse que é "quase impossível" definir um cenário para o ano que vem enquanto não se materializa um ambiente mais estável neste ano.
O presidente da Visa, Fernando Teles, ponderou que, apesar da falta de clareza, a perspectiva é muito boa e que há possibilidade de crescimento a despeito do desempenho da economia.
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