A confecção Meidale, localizada há duas décadas no bairro paulistano do Bom Retiro, trocou de endereço três vezes nos últimos três anos.
Especializada em roupas infantis, a empresa saiu de uma área de 100 metros quadrados na Rua da Graça, 219, mudou para o número 63, e agora está instalada no 64, em um espaço equivalente à metade do anterior.
“Até 2011 eu era feliz e sabia”, diz, bem-humorado, Arnaldo Diamandi, sócio da Meidale.
A confecção chegou a produzir 40 mil peças por mês e atendia grandes redes. Hoje, não fabrica mais nada. A loja que restou vende mil peças a cada mês. “Muitos concorrentes já fecharam as portas na região”, afirma Diamandi.
Se vale como consolo, Diamandi não está sozinho nessa. Giuseppe Mariani, sócio da confecção Hyppo, especializada em roupas femininas de malha, mudou a sua empresa para a mesma rua, no número 23, em um espaço de 25 metros quadrados.
Sua empresa funcionava anteriormente em uma área de 200 metros quadrados na Rua Ribeiro de Lima, no mesmo bairro.
“De 2014 para cá, o faturamento real caiu 30%. Nem na época da ditadura ou do Collor vivemos uma crise como essa. Não fechamos porque vendi um apartamento de R$ 900 mil para colocar no negócio”, afirma Mariani.
Costuma-se dizer que quem está no setor de alimentação tende a sofrer menos com a crise. Leandro Ogata, sócio-proprietário de uma franquia do Rei do Mate, no Bom Retiro, afirma que, agora, a tese não se confirma.
A recessão resultou em queda de 20% no faturamento real da loja. A franquia, que operava em um espaço de 150 metros quadrados, em dois andares, na Rua da Graça, teve de mudar para um ponto de 35 metros quadrados na mesma rua.
“Ou mudávamos de endereço ou fechávamos. Tem cliente que agora divide até o cafezinho e o pão de queijo”, diz ele.
Diamandi, da Meidale, que chegou a pagar R$ 8 mil de aluguel por mês, paga agora R$ 5 mil. Ogata, que pagava R$ 12 mil mensais, incluindo o IPTU, paga hoje R$ 6 mil.
O que há no Bom Retiro era algo raro no bairro: um forte movimento de troca de pontos. É o que informam as imobiliárias da região.
Os preços do aluguel tiveram queda de 20% a 30%, em média, na região, algo que, durante décadas, raramente ocorria.
A razão disso é a célere queda do faturamento de vendas e da margem de lucro dos lojistas.
O frio trouxe um alívio para o caixa daqueles que tinham estoque de peças de inverno. Mas não foi suficiente para livrar as lojas do sufoco financeiro.
Para manter o negócio aberto, ou o dono do ponto comercial aceita a redução no valor do aluguel ou o comerciante nem pensa duas vezes: muda de lugar ou simplesmente fecha as portas.
“Existe muita troca de ponto, mas nós estamos trabalhando para evitar isso, fazendo com que as partes se acertem em torno de uma redução nos valores do aluguel”, afirma João Fardin, sócio da Fardin Empreendimentos Imobiliários, que atua há 50 anos no Brás.
Sem alternativa, os proprietários dos imóveis tiveram de reduzir em até 40% os preços da locação no último ano na região, de acordo com Fardin.
Em algumas áreas nem se fala nem mais em pagamento de luvas para entrar em um ponto comercial, prática frequente no passado nas principais ruas de comércio.
Era difícil ver placas de ‘aluga-se’ no Brás de tão grande que era a procura por um espaço no bairro. Atualmente há pelo menos 200 placas em pontos comerciais fechados na região.
Como consequência, o preço do aluguel despencou no Brás. Em pontos nobres, segundo Fardin, o preço do metro quadrado do aluguel oscila hoje de R$ 10 a R$ 150 -ante R$ 50 a R$ 400 no período que antecedeu o agravamento da crise.
A troca de pontos tem acontecido entre lojas menores e em ruas comerciais. As grandes redes já estão tentando negociar a redução de preços de aluguel ou simplesmente fechando lojas.
Para as grandes redes, na maioria das vezes, a troca de pontos não é compensadora, porque perdem altos investimentos feitos em infraestrutura, leiaute e mobiliário. É o que afirma Roberto Patiño, diretor da filial brasileira da consultoria imobiliária britânica Jones Lang LaSalle.
“Elas estão nos procurando agora porque querem a redução no preços do aluguel", diz Patiño. "Fechar não é bom para elas, pois perdem espaço. O interessante, neste momento, é dividir a dor.” Alguns shoppings, afirma ele, estão mais flexíveis nas negociações com as redes. Outros, não.
A crise chegou a tal ponto que algumas redes preferiram até sair do Brasil em vez de ficar numa queda de braço com as administradoras de shoppings.
A americana Kate Spade, especializada em bolsas, sapatos e acessórios, que operou cinco anos no Brasil, concluiu recentemente o fechamento de um grupo de sete lojas no país.
A britânica Topshop, que tinha planos para crescer no mercado brasileiro, fechou a última loja no início deste ano. Outras redes, que se preparavam para aterrissar no país, desistiram.
Edson Emygdio, sócio-proprietário da Planess, empresa de consultoria no setor imobiliário, diz que há uma corrida generalizada das empresas por corte de custos.
Neste momento, segundo afirma, há muita negociação entre inquilinos e proprietários para a redução de valor de aluguel. “Hoje, só quem está em expansão é quem produz placas de ‘aluga-se’”, diz ele.
Valmir Rodrigues, sócio-proprietário da Poly Placas, confirma. “Estamos produzindo cerca de 3 mil placas por mês, 30% mais do que há um ano”, diz ele.
Antes da crise, a produção equilibrava-se entre placas de ‘vende- se’ e ‘aluga-se’. Atualmente, a de "aluga-se" corresponde a 70% da produção.
A Impacto Comunicação Visual, que atende a região da Grande São Paulo, informa que a procura por placas para anunciar a locação de imóveis cresceu 20% com a crise.
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