O mercado de fusões e aquisições está com o pé no freio. Encontrar boas oportunidades, como ocorreu com a catarinense Arvus, pode representar um salto para o empreendedor
O mercado brasileiro de fusões e aquisições já teve dias melhores – e, hoje, vive uma dicotomia.
A alta do dólar faz com que as empresas brasileiras se tornem mais atrativas aos investidores estrangeiros -grandes multinacionais e fundos de private equity.
Do ponto de vista do empreendedor, recorrer a uma venda ou fusão estratégica pode ser uma alternativa para captar recursos e ganhar apoio em gestão.
No entanto, a instabilidade política e econômica no país freia o apetite dos investidores.
Por mais que as empresas brasileiras estejam “baratas”, o receio de realizar grandes investimentos em época de desassossego econômico é maior do que o "desconto" do mercado nacional.
De acordo com uma pesquisa da consultoria PwC, entre janeiro e março de 2016, houve 148 transações entre empresas no Brasil – o número inclui operações de aquisições, joint venture, fusão, incorporação e cisão.
Em 2014, ano recorde para o mercado de fusões e aquisições no Brasil, o número foi bem maior. Foram 879 transações – 191 entre janeiro e março.
“O que favorece o mercado de negócios em fusões e aquisições é a previsibilidade da economia”, afirma Rogério Gollo, sócio da PwC e especialista em fusões e aquisições.
“A partir do momento em que o país apresentar sinais de crescimento, controle da inflação e uma dívida pública sustentável, o mercado deverá reaquecer naturalmente.”
Embora em menor ritmo, ainda há oportunidades. O setor de TI, por exemplo, é um dos que se mantém dinâmico – e representou 19% das transações realizadas em 2016.
O setor possui pequenas e médias empresas atrativas para o investidor por dois motivos: capacidade de desenvolver novas tecnologias e atuação em nichos de mercado.
Esse é exatamente o cenário que motivou a aquisição da pequena empresa Arvus, que produzia equipamentos e softwares de agricultura de precisão, pela empresa suíça Hexagon, líder mundial no fornecimento de tecnologias da informação para setores industriais e geoespaciais.
Conheça a história da Arvus.
SOLUÇÃO TECNOLÓGICA EM AGRICULTURA
A Arvus foi fundada em 2005, em Santa Catarina, por Bernardo de Castro, engenheiro de controle e automação industrial. A experiência de Castro no empreendedorismo começou quando ele foi passar férias na fazenda de soja de um tio, em Goiás.
Castro percebeu que as máquinas usadas na fazenda precisavam ser calibradas manualmente para aplicarem a quantidade específica de fertilizante no solo de modo a não desperdiçar o insumo -- a área do terreno mais rica em calcário, por exemplo, precisa de menos fertilizante.
Castro, então, teve a ideia de desenvolver um equipamento que automatizasse o despejo de fertilizante no solo usando um sistema de GPS.
Era o início da Arvus, que se tornou pioneira na produção nacional de equipamentos para agricultura de precisão -- prática agrícola que utiliza tecnologia e análise de dados baseada na variabilidade do solo e do clima.
Nos anos seguintes, a empresa expandiu o portifólio de produtos para a área florestal e conquistou grandes clientes, como Suzano Papel e Celulose, Fibria e Aracruz Celulose.
Em 2012, a Arvus apresentou receita líquida de R$ 7,9 milhões --a média de crescimento nos três anos anteriores havia sido de impressionantes 315%.
O início do processo que culminaria na incorporação com a Hexagon teve início em 2009. A Arvus recebeu investimento do Criatec, fundo de capital semente que investe em pequenas empresas inovadoras.
Embora não revele o valor do aporte, Castro afirma que os recursos foram aplicados, principalmente, na contratação de vendedores e em desenvolvimento de produtos.
A Arvus chegou a ter cerca de 20 funcionários, um quarto do total de colaboradores, dedicados à pesquisa e desenvolvimento.
De acordo com Castro, ao receber o investimento, a empresa traçou um plano de crescimento agressivo na América do Sul.
Um dos objetivos era transformar a empresa em um ativo interessante para grandes companhias que desejassem atuar na região.
A oportunidade surgiu quando a Hexagon, por meio de sua subsidiária Leica Geosystems, demonstrou interesse em atuar no setor agrícola brasileiro, mas não possuía negócios relevantes no país.
Na época, a Hexagon era fornecedora de sistemas de GPS para Arvus, que já detinham um portifólio de equipamentos e softwares maior do que o da própria Leica Geosystems.
“A Hexagon possui um perfil de crescimento por aquisição”, afirma Castro. “E a Arvus solucionava algumas lacunas que a companhia teria ao atuar no Brasil.”
Com a aquisição da Arvus, formalizada em 2014, a Hexagon criou a Hexagon Agriculture. Bernardo se tornou diretor-presidente da empresa.
Logo nos primeiros meses, a nova companhia adquiriu outra empresa brasileira, a iLab Solutions, que desenvolvia softwares de otimização de processos em agricultura e atuava no mercado de cana de açúcar, novidade para a Hexagon.
De acordo com Castro, a venda da Arvus foi interessante por causa do suporte que a operação recebeu para internacionalizar as vendas. Hoje, sob comando de Castro, a Hexagon Agriculture atua na Europa, América do Norte e Ásia.
Outro ponto positivo foi o alinhamento tecnológico e de produto das três empresas, o que tornou a Hexagon Agriculture mais competitiva no mercado global.
Hoje, a marca Arvus ainda é usada como linha de produtos. Na avaliação de Castro, a venda da empresa representou um ciclo de investimentos que chegou ao fim.
“Alguns empreendedores podem ter como objetivo perpetuar uma empresa e a transferir para os filhos”, afirma Castro. “No meu caso, o apego era secundário e a venda era vista como um objetivo de negócios.”
IMAGENS: Thinkstock e Divulgação
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