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Qual é o reflexo para o Brasil da mudança política dos EUA?

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Notícias 12 Fev, 2025
Economista do IE-ACIF, Rodrigo Souza, fala sobre o assunto em artigo especial para o Portal ACIF

O segundo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos iniciou-se com um discurso de posse alinhado às promessas da sua campanha política. Dentre as primeiras medidas já em curso, destacam-se a retirada do país do Acordo de Paris e a adoção de uma política tarifária mais dura, impactando as exportações em todo o mundo.

O Acordo de Paris é um tratado internacional sobre mudanças climáticas, no qual quase 200 países se comprometeram a trabalhar juntos para limitar o aquecimento global. Os EUA, juntamente com os países europeus, que possuem grande representatividade econômica, exercem um forte impacto no compromisso de manter o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius. Portanto, a retirada dos EUA do acordo pode enfraquecer o bloco de países signatários, incluindo o Brasil.

Após o anúncio do aumento das tarifas de exportação dos EUA para todos os países, as primeiras medidas atingiram principalmente Canadá, México e China. Os dois primeiros países, que fazem fronteira com os EUA, foram taxados em 25%, enquanto a tarifa imposta sobre os produtos chineses foi de 10%.

No entanto, Canadá e México buscam acordos com os EUA para suspender as tarifas, com a promessa de aumentar o patrulhamento em suas fronteiras. Já a China contra-atacou, taxando produtos norte-americanos entre 10% e 15%.

A taxação sobre a União Europeia pode ser o próximo passo do presidente americano, e possíveis negociações já estão em andamento. Para o mercado brasileiro, onde Donald Trump também declarou que haverá reciprocidade nas tarifas sobre os produtos, o momento é de cautela.

Em 2024, o Brasil exportou para os EUA US$ 40 bilhões, um recorde para o país. Dentre os itens mais exportados, destacam-se combustíveis minerais, ferro e aço, reatores nucleares, aeronaves, café, madeira, máquinas, produtos hortícolas e carnes, que representaram 70,7% do total exportado.

Além disso, um possível embate entre as duas maiores economias do mundo, EUA e China, com o aumento tarifário, poderá provocar a desaceleração econômica do país asiático, o que traria impactos imediatos às exportações brasileiras. Em 2024, o Brasil exportou US$ 94,4 bilhões em produtos para a China.

Para o Brasil, as primeiras mudanças anunciadas já começam a trazer impactos negativos. O país quase entrou em debate com a política de deportação de imigrantes ilegais dos EUA.

Em seu último decreto, assinado em 10 de fevereiro, Donald Trump impôs tarifas de 25% sobre todos os países que exportam aço e alumínio para os EUA. A medida terá impacto para o Brasil, que, em 2024, foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA.

Com essa taxação, o Brasil entra em rota de negociação com os EUA devido ao impacto sobre suas exportações. Diante desse cenário, a política internacional brasileira historicamente adota um pragmatismo, aguardando medidas concretas e buscando acordos de reciprocidade. Ou seja, caso a taxação sobre o aço e alumínio brasileiros seja mantida, produtos americanos também deverão ser taxados na mesma medida.

IMPACTOS PARA FRANCA

A balança comercial de Franca foi superavitária no ano passado, com um superávit de US$ 248 milhões, ou seja, a cidade exportou (US$ 285 milhões) mais do que importou (US$ 36 milhões).

Dentre os produtos mais exportados, destacam-se o café, com US$ 158 milhões, e o calçado, com US$ 58 milhões, representando 76% das exportações de Franca.

Em relação aos países para os quais mais exportamos, os EUA se destacam com 28,3% das exportações, somando US$ 80 milhões. Em seguida, temos China (US$ 31 milhões), Itália (US$ 29 milhões), Alemanha (US$ 28 milhões) e França (US$ 10 milhões). Juntos, esses cinco países representam 63% das exportações de nossa cidade.

Diante de um cenário de aumento de tarifas, a começar pelo aço e alumínio, uma tarifa global sobre os produtos exportados seria prejudicial à economia de Franca, impactando a economia local e a geração de empregos na cidade.

Por outro lado, Franca exporta para outros 26 países e possui produtos de alta qualidade, aceitos mundialmente, o que abre a possibilidade de encontrar novos mercados e diversificar ainda mais a gama de compradores para seus produtos.

O cenário atual é de cautela, e a expectativa é que o pragmatismo da política internacional brasileira encontre meios de manter o país fora da política tarifária americana ou, até mesmo, reduzir a taxação sobre os produtos brasileiros.

Enfim, o momento é de aguardar as possíveis medidas que poderão ser adotadas nos próximos dias e como o Brasil poderá reagir aos malefícios dessas medidas.

 

 

Rodrigo Souza, economista responsável pelo IE-ACIF (Instituto de Economia da Associação do Comércio e Indústria de Franca) Foto: (Jim Lo Scalzo/Getty Images)

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