Assim como as ervas e hortaliças, o mercado de flores comestíveis está encontrando o seu lugar
O uso de flores comestíveis, a exemplo do amor-perfeito, nos principais restaurantes paulistanos abriu um nicho lucrativo para os agricultores do interior de São Paulo -o maior produtor nacional, de acordo com a Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais).
Produtora há dez anos, Deborah Gaiotto, 32 anos, viu seu trabalho artesanal se multiplicar em volumes para atender a alta gastronomia de São Paulo e clientes de outros Estados, como buffets, personal chefs e donas de casa.
Quando decidiu abrir mão da carreira publicitária para retomar os negócios da família, na Fazenda Maria, em Cerquilho, a 140 quilômetros de São Paulo, Deborah sabia apenas que o cultivo de flores comestíveis tinha poucos concorrentes para uma demanda que começava a se consolidar no Estado.
“Eu e meu pai descobrimos que flores comuns na Europa e nos EUA ainda não eram cultivadas por aqui como alimento. Por isso, decidimos inovar e produzir produtos raros que agradariam os grandes chefs de cozinha”, diz.
No início, era Deborah quem plantava, colhia, limpava e transportava o que era produzido para os primeiros consumidores da fazenda. Todo esse processo resultava em quatro entregas semanais. Um número muito tímido perto das 60 entregas diárias que a Fazenda Maria realiza atualmente, produzindo 40 mil flores por mês e 200 quilos de brotos e minilegumes.
Para restaurar as antigas estufas do pai – criador de frangos e dono de um abatedouro – reformar a cozinha da fazenda e comprar um carro com refrigeração para as entregas, a empresária investiu R$ 500 mil.
COLHEITAS PERDIDAS
Além do cultivo das flores, o empreendedorismo também foi uma surpresa na vida de Deborah.
“Nunca me imaginei empresária e, muitas vezes, pensei em desistir porque comecei sozinha. Minha vida era a empresa e o trabalho era integralmente braçal”, diz.
Inexperiente, Deborah se aventurou muito no começo tentando criar novas combinações de cultivo e, nessas tentativas, já perdeu colheitas inteiras.
Ela conta que tentava mudar os substratos e isso até funcionava em pequena escala. Mas quando a quantidade aumentava as flores não cresciam.
“Eu tinha de explicar para o cliente as adversidades de se trabalhar com produtos vivos.”
Com mais de 30 tipos de flo comestíveis no portfólio, Deborah também trabalha com brotos, minilegumes, e verduras higienizadas.
Hoje, a Fazenda Maria conta com 30 funcionários, e atende mais de 300 clientes - 85% são restaurantes, como Mocotó, D.O.M., Rubayat, Skye e Kinoshita.
Outros 15% são supermercados, empórios e donas de casa que compram as hortaliças diretamente da empresa por e-mail ou telefone.
Com o sucesso do negócio, em 2011, Deborah oficializou a empreitada da Fazenda Maria como um negócio familiar com a entrada dos pais, e da irmã, Barbarah Gaiotto, na sociedade. Deborah destaca que a chegada da irmã - psicóloga de formação, e hoje responsável por toda a organização de produção da fazenda, permitiu que o plantio crescesse de forma ordenada acompanhando a demanda.
Sem revelar o faturamento, Deborah garante que se trata de um mercado ainda pouco explorado no país, e que não exige investimento alto. Cada caixa com 40 flores é vendida a R$ 21, e o brotos saem por R$ 21 a cada 100 gramas.
Deborah explica que 90% das flores existentes são comestíveis, desde que cultivadas para essa finalidade e sem agrotóxicos. Entre as mais vendidas estão a capuchinha, amor-perfeito e margarida.
Já as mais diferenciadas são flor-de-mel, verbena, begônia, e flores-do-campo. No grupo das exóticas, Deborah destaca as miniorquídeas e o borago. E a flor de jambu, que proporciona uma leve dormência na boca.
Deborah afirma que as flores agregam não só beleza, mas também sabor ao prato. “É uma explosão de sentidos em uma refeição”, diz.
“O jambu usado numa salada de rúcula eleva ainda mais a picância do prato. A violeta de cheiro pode ser cristalizada e servida acompanhada de um café”, exemplifica.
FOTO: Thinkstock
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