Apesar do uso disseminado dos meios de pagamento eletrônico, a maioria dos comerciantes, principalmente pequenas e médias empresas, ainda se recusa a aderir ao sistema
Quem circula frequentemente pelas ruas mais movimentadas de São Paulo, como a Avenida Brasil, na zona oeste da cidade, já percebeu que os vendedores ambulantes estão se modernizando.
Além de oferecer produtos tecnológicos, como carregadores de celular e acessórios para o computador, alguns já aceitam cartões como forma de pagamento. Vários deles andam com a maquininhaperdurada no pescoço e vão oferecendo seus produtos de carro em carro.
Definitivamente, os cartões estão se tornando mais comuns no comércio de todos os portes.
Uma pesquisa recente da Tendências Consultoria, encomendada pela Mastercard, analisou as percepções dos comerciantes sobre os meios de pagamento eletrônico. Foram entrevistados 610 donos de pequenos, médios e grandes estabelecimentos.
O estudo concluiu que o uso dessas formas de pagamento ajuda a aumentar as vendas: 82% dos comerciantes perceberam um aumento do tíquete médio em relação ao uso do dinheiro. O valor médio das compras sobe de R$ 76,66 no dinheiro, para R$ 128,24 no crédito e R$ 242,28 no crédito parcelado.
Mas quando o assunto são as tarifas, a percepção é dividida: 57% acreditam que os valores são justos ou razoáveis contra 43% que acreditam as tarifas são injustas.
Os entrevistados também consideram que o uso do dinheiro gera mais custos operacionais: 70% dos entrevistados declaram ir ao banco entre uma e três vezes por semana, e 33% têm um funcionário dedicado para lidar com o dinheiro.
Apesar das facilidades que cartão oferece e do aumento do faturamento apontado pela pesquisa, a maioria das empresas ainda opta por não aceitar essa modalidade de pagamento.
De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e da Fundação Getúlio Vargas, há 17 milhões de estabelecimentos comerciais no Brasil – apenas 2,5 milhões aceitam meios de pagamento eletrônico, ou seja, 86% do comércio não aceita cartões. A maior parte desse grupo é de pequenas e médias empresas.
Leia Mais: Como o custo de operação com cartão espreme o lucro do pequeno varejo
OS SEM-MAQUININHA
O restaurante Sujinho – um dos mais tradicionais de São Paulo, com 40 anos de história– é celebrizado por oferecer a melhor bisteca da cidade.
Quase todos os dias, se formam filas de pessoas na rua da Consolação para saborear um dos pratos ou lanches do cardápio.
Mas há um detalhe importante: para almoçar ou jantar no restaurante é preciso ter dinheiro no bolso ou um talão de cheques. O Sujinho não aceita cartões: nem débito nem crédito.
Do lado de fora do estabelecimento, placas alertam sobre os meios de pagamento.
Do lado de dentro, um comunicado no cardápio explica para os clientes os motivos para não aceitar o “dinheiro de plástico": as altas taxas das administradoras.
O aviso também informa que caso o restaurante comece a aceitar cartões, os valores das tarifas teriam que ser repassadas para os consumidores.
Os frequentadores não se sentem prejudicados. A maior parte dos clientes conhece as condições pagamento e já vai preparado.
Outra empresa, que está na contramão do que mostra a pesquisa da Tendências Consultoria, é a Mauro Bijouterias.
A loja funciona há 12 anos na Ladeira Porto Geral, na região da rua 25 de março, e emprega mais de 60 funcionários. O estabelecimento vende quase de tudo: maquiagem, acessórios para celular, bolsas, mas o forte são os colares, brincos e anéis.
Em seus 330 metros quadrados está sempre cheio de clientes e, apesar dos 14 caixas, há sempre filas para realizar o pagamento.
“Consigo atrair mais clientes justamente porque não aceito cartões”, afirma Mauro Souza, dona da loja. “A maioria dos comerciantes embute as tarifas no preço final dos produtos. Eu não faço isso, por isso meus produtos são mais baratos que a concorrência ”
Numa região em existem diversas lojas de bijuterias, os preços mais baixos da loja de Mauro são um grande diferencial
“Não acho que o uso dinheiro gere custos extras, pelo contrário, com o dinheiro na mão consigo negociar melhores descontos com os fornecedores porque pago tudo à vista”, afirma Mauro.
NA PONTA DO LÁPIS
Wagner Paludetto, consultor do Sebrae-SP, afirma que cada caso deve ser analisado individualmente, mas que, geralmente, o uso dos cartões traz mais benefícios do que malefícios para pequenos negócios.
“Os cartões estimulam os clientes a comprarem mais, além de serem uma opção mais cômoda e de protegerem dos riscos de inadimplência”, afirma Paludetto.
Para os empresários que não aceitam o cartão, o consultor aconselha colocar todas contas no papel e perceber quantos consumidores perguntam sobre essa forma de pagamento.
“Os custos dos cartões e do aluguel das máquinas devem compor o preço do produto, mas esse valor não deve alterar de forma significativa o preço para os clientes”, afirma Paludetto.
“O que pode prejudicar os pequenos empresários que usam os cartões são os altos custos da antecipação de recebíveis e do parcelamento ou quando os prazos para o recebimento são muito longos e prejudicam o fluxo de caixa”, diz.
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