Boas notícias para o presidente interino Michel Temer. Nem tantas para o senador Aécio Neves (PSDB-MG). E muito ruins para o PT do ex-presidente Lula e do prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Esse conjunto de diagnósticos está na última fornada de pesquisas do Datafolha, publicada a partir da última sexta-feira (15/07), e sinaliza uma estabilização da opinião pública com o novo quadro político, com rejeição simultânea dos 13 anos em que Lula e Dilma governaram o país.
Temer foi beneficiado em dois planos simultâneos. O primeiro está na expectativa com relação à economia. Aqueles que acreditavam que ela iria piorar, que eram 44% em fevereiro (com Dilma ainda presidente), são hoje 30%. No campo oposto, os que esperavam uma melhora assumiram a dianteira, com um salto de 14% para 38%.
Mesmo sem grandes indicadores que justifiquem otimismo, há melhora nas exportações, a previsão de queda nos juros futuros e, no mercado financeiro externo, a diminuição do “risco Brasil”, uma sobretaxa que os credores repassam ao Brasil..
A prevalência do otimismo está na ideia de que Dilma no Planalto era sinônimo de fundo do poço, situação agora superada. Há também a visão positiva da sociedade e do mercado com relação à atual equipe econômica e à possibilidade de tapar o rombo fiscal que provocou a recessão.
O segundo plano positivo para Temer não chega propriamente a indicar sua ascensão à condição de personagem carismático – o que ele, definitivamente, não é, por não ter sido eleito para o cargo que ocupa. Mas o Datafolha revela que 50% preferem que ele permaneça na Presidência, contra 32% que gostariam que a presidente afastada voltasse a governar.
Vejamos o que há de negativo para Aécio Neves. Derrotado por Dilma em 2014, ele perdeu cinco pontos (de 19% para 14%), entre março e agora, nas intenções de voto para as presidenciais de 2018.
E perderia quatro pontos caso os atuais tucanos José Serra e Geraldo Alckmin também disputem o Planalto por outros partidos.
Aécio poderia ter sido beneficiado pelo “recall” (a imagem remanescente da última campanha presidencial). No entanto, foram mais fortes os prejuízos que ele tem sofrido ao ser mencionado pelas delações premiadas da Lava Jato, que, entre outros fatores, o implicam como beneficiário de desvios de Furnas.
Serra e Alckmin não sofrem por enquanto com a mesma erosão. Mesmo assim, num segundo turno presidencial, o senador mineiro e o governador de São Paulo estariam hoje empatados com Lula. Serra seria o único tucano a derrotá-lo com uma vantagem de cinco pontos (40% a 35%).
Será uma eleição em que quase todas as previsões permanecem em aberto, dependendo do desempenho de Marina Silva (Rede), que, ausente da mídia e afastada das controvérsias da Lava Jato, derrotaria no segundo turno a Lula, seu ex-padrinho político, e aos três mais conhecidos tucanos (Aécio, Serra e Alckmin) que viesse a enfrentar.
A situação de Lula é a mais precária. Não tanto pelos riscos judiciais que ele corre com os processos que estão na mesa o juiz Sérgio Moro. Mas pela altíssima taxa de rejeição (46%) que hoje atinge seu nome.
A rejeição de Lula está em 17 pontos mais elevada que a de Aécio, 27 pontos acima de Serra e 29 pontos acima de Marina.
Lula e o PT sabem disso. Mas o partido não tem outra alternativa a não ser lançar a sua candidatura, caso, é claro, ele não esteja até lá inviabilizado pela inegebilidade ou pela prisão.
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