É isso mesmo, eu não errei a data. Se agora você está se preparando para as despesas do início de 2017, já está atrasada! Sabemos que em todo primeiro de janeiro, as pessoas ficam cheias de esperança e energia renovada, ideias de novos projetos e realizações. Do mesmo modo, quando chega dezembro e olhamos para trás, poucas metas foram cumpridas e objetivos alcançados.
Algumas vezes esses planos são interrompidos rapidamente com a chegada das primeiras contas do início do ano – como IPVA, taxa de licenciamento, seguro obrigatório, matrículas de escolas, anuidade de conselho profissional, IPTU -, que insistem em nos “surpreender”, mesmo acontecendo todos as anos.
Uma recomendação muito comum na tentativa de solucionar esse problema é usar o 13º salário para essas despesas. A verdade é que hoje, a maioria das pessoas que tem direito ao 13º usa a quantia para pagar dívidas e apagar os incêndios criados durante o ano, que costumam acontecer justamente por falta de planejamento. Apenas uma pequena parte consegue direcionar o recurso para absorver as despesas do próximo ano.
Vale lembrar que 13º salário, férias remuneradas, bônus e FGTS, não fazem parte da realidade de todas as pessoas. As autônomas e empresárias não recebem esses benefícios, e precisam criar suas próprias remunerações extras por meio de um esforço maior de poupança durante todos os meses do ano. Independente de qual grupo você seja, fazer um planejamento financeiro anual é essencial.
O que muitas vezes atrapalha nossos planos, e nos dá essa sensação de aperto no início do ano, é que tratamos cada mês de forma isolada, e não como parte de um todo. Quando você projeta o ano inteiro, incluindo todas as receitas e despesas, consegue ter um olhar mais amplo, compreendendo melhor suas entradas e saídas, despesas rotineiras e temporárias, comportamentos de consumo, além do resultado do movimento de caixa mês a mês – e como um mês reflete no outro.
O saldo acumulado mostrará se seu orçamento, no final das contas, está positivo ou negativo no ano. Ele também servirá de base para realização de ajustes necessários e para a criação de estratégias mais eficientes de pagamentos das despesas do ano inteiro. Nos atendimentos que faço, gosto ainda de listar com meus clientes quais são seus sonhos e objetivos. Quantificamos esses planos, dividimos o valor pelo prazo estipulado para sua realização, e então encontramos a quantia que deverá ser guardada mensalmente (ou anualmente).
Planos em mãos, voltamos para o orçamento para verificar se há sobra de caixa, e se é suficiente ou não. Se o orçamento atual não comporta a parcela, cabe uma reflexão sobre suas escolhas, prioridades e valores. “Negociamos” ajustes nas despesas mensais para aumentar a capacidade de poupança e consequentemente antecipar a realização dos planos. Em outras situações aumentamos o prazo para juntar o valor com mais tranquilidade.
Conversando com um amigo sobre seus planos com sua namorada, ele me disse que ambos gostariam de ir para o Japão nas próximas Olimpíadas. Perguntei quanto ele imaginava gastar e, fazendo uma conta rápida, concluímos que cada um precisaria juntar R$15 mil em quatro anos. Isto é, dividindo R$ 15 mil por 48 meses, seria necessário que cada um guardasse R$ 312,50 por mês, o que representa cerca de 10% da renda dele. Acho que ele tomou mais susto em descobrir que o sonho dele era realizável do que se eu tivesse falado que era impossível!
Se considerarmos ainda que o dinheiro guardado renderá juros, o esforço mensal diminui, principalmente para objetivos de médio e longo prazos. Vamos supor uma taxa de juros anual de 10% no caso das Olimpíadas. Poupando os mesmos R$ 312,50, teríamos daqui a quatro anos um montante de mais de R$ 18 mil. Para chegar nos mesmos R$ 15 mil, seriam necessárias parcelas menores, de R$ 255 mensais, tornando a realização do projeto mais viável.
Cabe destacar que os cálculos foram feitos considerando a taxa de juros do cenário econômico atual. Planos de longo prazo exigem um acompanhamento constante da taxa de juros e do efeito da inflação sobre os rendimentos. E, no caso de objetivos que envolvam outras moedas, o câmbio também deve ser considerado.
O fato é que quando partimos de uma referência, seja quanto precisamos para as nossas necessidades, ou quanto precisamos para os nossos objetivos, fica mais fácil definir limites de gastos e, principalmente, metas de ganhos. Podemos inclusive adotar essa metodologia para as despesas do início do ano, levantando o montante necessário e dividindo por 12.
Por exemplo, supondo que você precise de R$ 2 mil para as contas despesas de início de ano, guardando R$ 167 por mês, no final de um ano terá esse valor disponível para pagamento dessas despesas a vista, aproveitando inclusive os possíveis descontos.
Um bom planejamento prevê também quanto é preciso guardar por mês para garantir uma reserva de liquidez e uma renda suficiente para o custeio de vida na fase de aposentadoria. Para quem tem a renda variável, a reserva ainda é mais importante, pois serve para complementar a renda nos meses em que o faturamento diminui.
Aproveite para começar o planejamento das despesas do início do ano de 2018 a partir de janeiro de 2017, incluindo os sonhos e objetivos para o ano (e os próximos!) e a reserva financeira.
Se você ainda não planejou como irá pagar as despesas do início do ano de 2017, comece levantando quanto irá precisar e use os próximos três meses para fazer as economias necessárias. Cuidado para não assumir novos compromissos esse ano, que serão levados para o próximo, principalmente nas faturas do cartão de crédito. Use a criatividade para diminuir os gastos com presentes e festas no final do ano. Esse esforço será recompensado à medida que seus projetos forem realizados!
*Karoline Roma Cinti, CFP é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). E-mail: karolroma@gmail.com. Colaborou Fagner Marques. As respostas refletem as opiniões da autora, e não do Finanças Femininas ou do IBCPF. O site e o IBCPF não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
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