Num semestre com fatos que causaram oscilações no mercado, como Copa do Mundo, greve dos caminhoneiros e incertezas políticas, o comércio eletrônico conseguiu superar os infortúnios da economia brasileira.
Nos seis primeiros meses do ano, o segmento faturou R$ 23,6 bilhões – alta nominal de 12,1% em relação ao mesmo período de 2017. A previsão é de que o crescimento se repita neste segundo semestre.
No período, o número de pedidos também cresceu. Foram 54,4 milhões – alta de 8%. Ao mesmo tempo, o tíquete médio foi de R$ 433, expansão de 3,8%, frente a uma inflação (IPCA) de 2,94% no mesmo período.
Esas e outras informações figuram na 38º edição do relatório Webshoppers, produzido pela Ebit/Nielsen, e foram divulgadas nesta quarta-feira (29/08), em um encontro na FecomércioSP.
Vale lembrar que, recentemente, a Nielsen, empresa global de mensuração e análise de dados, adquiriu a Ebit com foco no novo varejo omnichannel.
Desde 2015, o e-commerce não crescia dois dígitos no primeiro semestre.
“É um sinal de que, mesmo numa época de incertezas econômicas, a crise ficou para trás”, afirma Pedro Guasti, consultor de Negócios Ebit/Nielsen.
Entre os fatores que impulsionaram o bom desempenho está a ascensão das vendas de produtos de saúde, perfumaria e cosméticos.
A categoria obteve crescimento de 30% em um ano e ultrapassou moda e acessórios no ranking de volume de pedidos.
A movimentação reflete o desempenho das farmácias e lojas e fabricantes de cosméticos no varejo online.
Além de gigantes do setor, como Ultrafarma e RaiaDrogasil, há novos concorrentes no pedaço.
Fundada em 2013, a Netfarma é especializada em vender online cosméticos, itens de beleza e higiene e remédios (incluindo antibióticos com receita médica). A empresa não possui loja física.
Em 2016, o negócio faturou R$ 64 milhões. Ao longo de 2018, a Netfarma investirá R$ 20 milhões em marketing e vendas e espera crescer 60%.
O relatório Webshoppers também aponta crescimento do contingente de consumidores online. São 27,4 milhões de compradores.
Desses, 51,5% são mulheres. A razão disso é que as consumidoras costumam comprar itens para elas e também para o lar – casa e decoração é a terceira categoria em volume de pedidos.
A ECONOMIA DIGITAL
O estudo apresentou também uma análise sobre a Economia Digital de 2017, considerando os segmentos online de turismo, ingressos (shows, cinema e eventos esportivos) e marketplaces de produtos novos e usados entre empresas e consumidores e entre pessoas físicas.
O escopo expande o foco inicial do Webshoppers, voltado à análise de bens duráveis e não duráveis, mas que ainda não considera transações de serviços online, como as dos aplicativos Uber e iFood.
No ano passado, a economia digital faturou R$ 112,19 bilhões – alta de 19,9%. O crescimento foi alavancado principalmente pelos marketplaces de produtos novos e usados (B2C e C2C), como Mercado Livre e Enjoei, que apresentou crescimento de 62,4%.
Outro destaque foram as vendas realizadas por plataformas de venda de artesanato, como a Elo7, que reúne 90 mil micros e pequenos vendedores ativos.
DESAFIOS LOGÍSTICOS
Em outro foco de análise, o Webshoppers trouxe um estudo sobre o cenário atual da logística, um dos pontos mais importantes para o planejamento e operação de um e-commerce. Foram ouvidos 7.197 consumidores, entre 30 de maio e 4 de julho de 2018.
“A logística pode afetar diretamente o resultado financeiro da empresa, além do grau de satisfação e fidelização dos consumidores”, disse Guasti.
Considerando o volume de pedidos, as opções de frente mais comuns são transportadoras privadas (53%); Correios (37%) e retirada em loja/pick-up in store (10%).
Curiosamente, quando é analisada a qualidade da entrega, a disposição dos formatos de frete se invertem. As compras que mais chegam no prazo é em pick-up in store (97,4%), seguido por Correios (83,4%) e transportadoras (75,6%).
“A integração entre os canais do varejo, que chamamos de omnichannel, está se tornando uma realidade para o consumidor”, disse Guasti.
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