De casca ‘florida’ pelo mofo naturalmente formado pela microbiota da Serra da Canastra e maturação de 30 dias, o queijo “Névoa da Canastra”, produzido pela Queijaria Quintal do Glória, na cidade mineira de São João Batista do Glória, há 120 km de Franca, conquistou medalha de prata na 6ª edição do Mondial du Fromage et des Produts Laitiers (Mundial de Queijos e Laticínios). O concurso foi realizado em setembro deste ano, na cidade de Tours, no Vale do Loire, na França, contando com mais de 1600 queijos inscritos.
Para saber o que o “Névoa da Canastra” tem de especial, o Portal ACIF foi até a Queijaria Quintal do Glória - que realiza entregas em Franca ((35) 9 9225-9171 - WhatsApp) - para conhecer a história deste produto que tem conquistado fãs por toda a parte. “Já enviamos o queijo até para os Estados Unidos”, conta a produtora Nilseia dos Santos Rosa Vilela, 47, que tem uma história relativamente recente com a fabricação do queijo canastra. Há seis anos, após passar por um processo de falência com a loja de materiais de construção que administrava ao lado do marido, Renato Vilela, decidiu morar no sítio da família e iniciar uma produção de produtos orgânicos, a fim de comercializá-los nas escolas da cidade mineira.
“Fui atrás da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) para tratar dos orgânicos e eles estavam precisando de pessoas para completar a turma de fabricação de queijos. Fui. Meu tio, que mora próximo ao nosso sítio, comentou com o Renato que não me via há alguns dias e quis saber se eu estava doente, mas, meu marido contou que eu estava envolvida com as atividades do curso e ele se surpreendeu, perguntou se iríamos fabricar queijo. O Renato disse: que jeito, tio Célio? A gente não tem dinheiro nem ‘pra’ comprar as vaquinhas. No outro dia, lá chegou o tio Celio com cinco delas. E não é tradição na minha família, ninguém nunca fabricou queijo, então eu nunca tinha imaginado produzir. Pensei: se as vacas estão aqui, deve ser um recado de Deus, deixa eu começar a fazer”, conta Nilseia.
Curso feito, vaquinhas no pasto, foi o momento de iniciar a fabricação. Em casa, ainda sem muita estrutura, separou uma pia na varanda, fez a higienização do espaço, cercou com tela, organizou o armarinho de maturação e mãos à massa. “Gente... não dava certo”, lembra ela. “Joguei muito queijo fora. Mesmo assim, eu pensava: eu não vou desistir. Eu fazia muito curso no Sebrae e fui orientada a participar de uma palestra que eles trouxeram ‘pro’ Glória com o Ivair (Oliveira), do famoso Queijo do Ivair, de São Roque de Minas.”
A intenção, segundo Nilseia, era conversar com o palestrante ao final do evento para relatar as dificuldades e pedir dicas para que sua produção, enfim, funcionasse. O plano não deu certo e o palestrante se foi sem que a conversa acontecesse. No entanto, por intermédio dos agentes do Sebrae, o telefone da produtora foi enviado ao palestrante, que a surpreendeu com uma ligação.
“De repente, meu telefone toca e quem é? Ivair, me perguntando como ele poderia ajudar e eu disse que meus queijos não estavam dando certo. Ele nos convidou para ir até a fazenda dele, em São Roque de Minas, no sábado seguinte, para acompanhar o processo desde a ordenha até a produção e assim a gente fez.”
Após o ‘intensivão’ em São Roque de Minas, Nilseia e Renato decidiram investir na estrutura. “Não adianta, são muitos os cuidados, precisa ter um local apropriado e, a partir do momento que viemos para a queijaria, tudo mudou e os queijos começaram a dar certo.” De lá para cá, a queijaria Quintal do Glória foi premiada cinco vezes, recebendo medalhas de bronze e prata em concursos nacionais e na França.
“Eu não sei explicar muito bem a minha sensação. É um misto de satisfação, gratidão, muita coisa misturada. É um orgulho levar o nome da minha cidade”, diz Nilseia.
Uma receita com mais de 200 anos
Leite cru, ‘pingo’ (fermento natural colhido do próprio queijo) e coalho. A receita é simples e seguida, sem alterações, por mais de 200 anos, tornando-se um patrimônio cultural e imaterial da região da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Mas, se a receita é a mesma, a região também, o que torna o Névoa da Canastra um queijo a ser premiado?
De acordo com a produtora, o processo é que faz toda a diferença. O extremo cuidado com a higiene durante todo o processo, desde a ordenha, a escolha do gado, a qualidade da água dada aos animais, a força no braço no momento da manipulação da massa, temperatura: tudo influencia no resultado final e cada queijaria tem o seu modo de aplicar os processos à uma receita universal.
“Apesar de estarmos todos na Canastra e termos o mesmo Terroá, leva-se em consideração o gado escolhido, o corte da massa, a força de quem espreme e cada particularidade faz um queijo ser único”, conta Nilseia.
Na Queijaria Quintal do Glória, o gado escolhido foi o 100% Jersey, cujo leite possui bom teor de gordura. Atualmente, o sítio em que se localiza a queijaria conta com 60% de mata nativa, 34 cabeças de fêmeas e capacidade para produzir até 25 peças de queijo ao dia.
Serviço
A Queijaria Quintal do Glória fica no Sitio Nossa Senhora Aparecida, no Km 01 da Zona Rural de São João Batista do Glória, Minas Gerais. O queijo premiado Névoa da Canastra pode ser encomendado pelo telefone (35) 9 9225-9171 (WhatsApp).
R. Monsenhor Rosa, 1940 - Centro
Franca - SP - CEP 14400-670
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