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Não seja tão otimista, nem tão pessimista na hora de investir

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Notícias 01 Dez, 2016
Na reta final de 2016, expectativas positivas pós-impeachment para os juros e a recuperação do lucro das empresas são revisadas, e carregam novas incertezas com Trump

Apesar de acumular uma alta de 42,81% no ano, o Ibovespa (índice das ações mais negociadas e de empresas de maior valor de mercado da bolsa) encerrou novembro na lanterna, em queda de 4,65%, aos 61.906 pontos.

Os indicadores econômicos e das companhias no terceiro trimestre mostram que a recuperação levará tempo. Lá fora, a eleição de Donald Trump deixou os mercados sem rumo, na avaliação de Fabio Colombo, administrador de investimentos. 

Novembro foi marcado por ser um mês de banho de água fria na confiança, com o fim de uma fase de otimismo exagerado.

Essa fase foi iniciada após o impeachment e caracterizada pela expectativa de cortes agressivos e rápidos na taxa de juros (o segundo corte foi de 0,25 ponto percentual para 13,75% ao ano), de desvalorização do dólar (que voltou a se valorizar) e de recuperação ligeira da economia, refletindo nos resultados das empresas - ambos ainda não se concretizaram. 

Mas o mercado se recuperou até a eleição de Trump.

"No ano, o Ibovespa subiu 60% em dólar, a maior valorização na comparação com outros índices."

 "O consenso agora é que a melhora vem a partir do segundo semestre do ano que vem. As empresas, porém, não conseguiram ganhar tração e continuam muito endividadas", afirma Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora  

A vitória do republicano adicionou incertezas ao cenário, redirecionando recursos aos títulos do Tesouro americano, para os quais há expectativa de aumentos maiores nas taxas de juros. E isso atingiu com mais força os emergentes.

"Ainda há incertezas sobre o aumento dos juros nos Estados Unidos, o que deve gerar movimento especulativo e de volatilidade na bolsa em dezembro", diz Figueiredo.

Há, porém, uma corrente que se apoia em uma expectativa de que uma política expansionista de Trump, com aumento de gastos, junto à retomada da China, sejam benéficos ao crescimento da economia mundial, de acordo com o analista da Clear. 

Para Carlos Eduardo Eichhorn, superintendente de gestão de recursos da Mapfre Investimentos, o chamado "efeito Trump" tem repercutido sobre o dólar na comparação com todas as moedas. E não foi diferente em relação ao real.

Em novembro, a moeda americana fechou em alta de 6,23% a R$ 3,38. No ano, acumulou queda de 16,88%. A valorização foi superior a do euro, que encerrou o mês com elevação de 2,61% e recuo de 14,38% no ano. 

"Acreditamos que há mais espaço para valorização, não só pelo resultado da eleição nos Estados Unidos, mas por fundamentos e motivações locais", diz Eichhorn.

Se lá fora sobram incertezas, por aqui o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) recuou 0,8% no terceiro trimestre, sinalizando que a saída da recessão será prolongada.

As companhias que enxugaram suas estruturas e readequaram produção e estoque neste ano tendem a ser beneficiadas apenas quando a recuperação efetivamente começar. É o que afirma Marco Saravalle, analista de renda variável da XP Investimentos. 

Para ele, as empresas de capital aberto que se movimentaram nessa direção podem apresentar bons resultados ao primeiro sinal de recuperação da demanda em 2017, ou de aumento de preços.

Por enquanto, os analistas têm recomendado uma postura de proteção para quem já investe na bolsa.

Voltam ao radar ações de empresas exportadoras e do setor de commodities, que com receita em dólar tenderão a oferecer maior rentabilidade nesse cenário.

Eichhorn, da Mapfre, diz que esse movimento já começou e empresas com receitas em dólares como Fibria, Gerdau e Suzano tiveram um desempenho positivo em novembro. "A Vale subiu 25% no mês graças ao aumento no preço do minério de ferro", diz. 

Além disso, o que também ajudou a elevar o preço do petróleo em 8% nesta quarta-feira (30/11), foi o acordo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que prevê redução da produção de 33,6 milhões de barris diários para 32,5 milhões.

Esse ajuste da oferta favoreceu a ação ordinária (ON, com direito a voto) da Petrobras, que subiu mais de 10% no dia.  

Para Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais, não há motivos para a bolsa cair mais até o fim do ano.

Mas o sinal virá de fora, com a retomada no exterior puxando as ações do setor de commodities para cima. 

A seu ver, apesar do quadro de fraqueza, não haverá deterioração da economia brasileira. Nesse cenário, as empresas de capital aberto do comércio varejista de bens duráveis tendem a demorar mais para recuperar as vendas por causa da contração no crédito

Figueiredo, da Clear, lembra que o Brasil também precisará fazer o dever de casa, seguindo com as reformas da Previdência e política para melhorar a previsibilidade e diminuir a percepção de risco no curto prazo.

Saravalle, da XP, lembra que dezembro ainda será um mês de volatilidade vinda também de questões internas no campo político. 

RENDA FIXA: EXPECTATIVAS REVISADAS PARA JUROS

Se tende a engordar as receitas de empresas exportadoras, a cotação do dólar elevada é mais um fator de risco para o aumento da inflação, que também é ameaçada por uma possível elevação nos preços de combustíveis.

Somado a isso, há o ajuste fiscal em andamento, que depende do avanço de outras reformas, como a da Previdência.

São fatores que deixaram o Banco Central mais cauteloso, na visão de Eichhorn, uma vez que se a Petrobras iniciar uma política de atualização de preços, com base no acordo da Opep, o impacto sobre a inflação será inevitável.

Com isso, o processo de redução de juros pode ser mais demorado. 

Se no início do semestre os analistas recomendavam com mais intensidade aplicações prefixadas (quando o rendimento é conhecido no ato da aplicação), agora isso não é uma unanimidade. 

Ou seja, o investidor mais conservador pode manter boa parcela em posições pós-fixadas (que pagam a variação de uma taxa de juros, conhecida no resgate), principalmente no curto prazo, para aproveitar uma taxa ainda alta por algum período. "O risco agora é a taxa de juros não cair", diz o superintendente da Mapfre. 

"No curto prazo o pós-fixado é boa alternativa. E no longo, quanto mais longo for o vencimento da aplicação, na taxa prefixada", afirma Bandeira, do Modalmais. 

O cenário para 2017 prevê um soluço para as taxas pré, ou seja, elas podem estar ainda atrativas em relação às oferecidas atualmente, de acordo com André Lassance, responsável por produtos de renda fixa da XP Investimentos. 

Para ele, é certo que a taxa de juros vai ser reduzida em algum momento, mas o difícil é acertar o timing.

"Por isso, para os investidores de perfil moderado a agressivo temos indicado aplicações prefixadas mais a variação da inflação, como debêntures de infraestrutura", afirma. 

Também recomenda ao investidor que preferir manter uma posição mais conservadora em pós-fixados que compare aplicações como títulos públicos e letras de crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs), do ponto de vista do retorno livre de impostos, ante a liquidez (possibilidade de resgate antecipado).  

Segundo o ranking de Colombo, em novembro os títulos públicos indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), obtiveram rendimento bruto de 0,80% a 0,95% em novembro, dependendo do prazo do papel. No ano, a rentabilidade indicativa foi de 12,66%. 

Os fundos de renda fixa puros e os fundos DI tiveram um retorno bruto médio de 0,95% a 1,10% no mês, e de 12,97% e 12,88%, respectivamente no ano, segundo o ranking elaborado por Fabio Colombo.

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) renderam em média de 0,90% a 1,05% no mês e 12,40% no ano, segundo o levantamento, com avariação dependendo do risco de crédito do banco. 

A caderneta de poupança continuou sendo a opção menos rentável, com retorno líquido e livre de impostos de 0,64% no ano e de 7,57%. 

IMAGEM: Thinkstock

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