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Não há salvação para o varejo em 2016, sinaliza a Fecomercio

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Notícias 17 Fev, 2016
O crédito mais restrito e a renda sendo cada vez mais corroída pela inflação devem aprofundar a crise vivida pelo setor no ano passado, segundo a entidade

O crédito mais restrito e a renda sendo cada vez mais corroída pela inflação devem aprofundar a crise vivida pelo setor no ano passado, segundo a entidade

As perspectivas para o varejo em 2016 se mantêm negativas e, neste ano, contarão com o agravante da intensificação do ajuste no setor de serviços. O comentário foi feito nesta terça-feira, 16/02, pelo assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Fábio Pina. 

Ele estima que a queda será na mesma proporção do recuo de 8,6% no ano passado. Pina prefere trabalhar os dados de vendas pelo critério do varejo ampliado por, ao contrário do IBGE, não considerar aquisição de veículos e reformas de casas como investimentos.

Os efeitos da restrição no crédito por parte dos bancos sobre a economia serão acentuados, na avaliação de Pina, por cancelamentos nos contratos de serviços, queda nos pacotes de turismo e encerramentos de trechos cobertos pelas empresas aéreas, na esteira da redução do número de passageiros. 

O ajuste, segundo o assessor econômico da FecomercioSP, já vem ocorrendo e alguns exemplos "anedóticos" ilustram a situação. Entre eles, o aumento da audiência das novelas da TV Globo e a redução do número de acidentes envolvendo veículos nas ruas e avenidas de São Paulo.

"O funcionário do marketing da emissora e a Prefeitura de São Paulo vão querer puxar para eles os efeitos positivos. O marketing vai dizer que o aumento da audiência é resultado de seu trabalho. A Prefeitura, que a redução dos acidentes se deu pela queda da velocidade na cidade. 

Mas não falam dos cancelamentos de contratos de TV por assinatura, nem da queda do fluxo de veículos nas praças de pedágio e nas ruas da cidade", observa Pina, que fala em redução de quase 30% no número de veículos na cidade.

Para ele, são resultados bons que vêm dos efeitos do cenário de recessão. "Na Região do Grande ABC, a velocidade não foi reduzida e o número de acidentes também caiu", disse. 

É bem possível, de acordo com o economista da Fecomercio, que as empresas aéreas retomem a prática de vender passagens a preços promocionais e agências de viagens continuem demitindo ou encerrando suas atividades.

Não há, diz Pina, como se ter perspectivas positivas para o varejo quando se têm registros da demissão de 1,6 milhão de pessoas em 2015 e o contínuo processo de retenção do crédito por parte dos bancos. 

Quando há crédito à disposição, diz o assessor econômico da FecomercioSP, sempre terá "um louco" para tomar. "É bobagem dizer que tem crédito disponível e que o problema é a demanda. Não tem crédito, os bancos estão mais criteriosos, porque sabem que com o desemprego a possibilidade de inadimplência é maior", disse.

De acordo com Pina, não é saudável para o varejo ter só o segmento farmacêutico com uma diminuta alta de 0,7%. Primeiro, porque este avanço acaba sendo diluído por todo o varejo. Segundo, porque se trata de um segmento que vende bens de primeira necessidade que não podem ser substituídos ou ter a compra postergada.

"A tendência é ruim porque a renda foi corroída por uma inflação de mais quase 11%, cerca de 1,6 milhão de pessoas perderam o emprego em 2015 e o crédito para pessoa física com recursos livres caiu 8%", resumiu Pina, reforçando que os rumos para a economia neste ano serão os mesmos do ano passado.

IMAGEM: Thinkstock

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