A receita de expansão da empresa, especializada em entretenimento, foi a diversificação dos negócios. O faturamento do grupo deverá dobrar neste ano
Não pense que sabres de luz, feitiços mágicos e armaduras medievais são coisas que você só verá na televisão, cinema ou livros.
Para muitas pessoas, o universo do entretenimento ganha vida e faz parte do seu dia a dia. Conversas sobre como sobreviver a um apocalipse zumbi, por exemplo, é discussão rotineira na roda de amigos.
Há 15 anos, os paulistas Marcelo Forlani, Érico Borgo e Pierre Mantovani compartilhavam o mesmo entusiasmo pelo mundo da cultura geek (também conhecida como pop), que mistura elementos dos antigos nerds e tecnologia.
Eles são fundadores do Omelete, uma empresa que nasceu como um site de conteúdo sobre quadrinhos, cinema, séries, games e música.
Hoje, o Omelete virou um grupo que reúne mais quatro negócios: Omeleteve (canal no YouTube), Mundo Geek (loja virtual), Comic Con (convenção anual sobre cultura geek) e Social Comics (plataforma online para leitura de quadrinhos).
Como afirma o slogan do grupo, os empreendedores levam entretenimento a sério. Os negócios faturaram juntos R$ 14 milhões em 2014 – a expectativa é que as receitas dobrem em 2015. Atualmente, emprega 60 funcionários.
E como um negócio que nasceu de um hobby despretensioso galgou tamanho crescimento? Nas palavras de Forlani, o Omelete vem surfando na onda da ascensão da cultura geek, que tomou impulso quando o cinema passou a usar obras de quadrinhos como base para produção de filmes que se tornaram sucesso de bilheterias.
O marco dessa tendência foi o filme X-Men, que contava a história de jovens com mutações genéticas dotados de superpoderes. Curiosamente, o longa foi lançado em 2000, o mesmo ano que o portal Omelete foi ao ar.
“Depois houve inúmeras adaptações e Hollywood tomou gosto por usar quadrinhos como storybord”, afirma Forlani.
O último filme da série X-Men (Dias de Um Futuro Esquecido), por exemplo, foi a maior bilheteria nos Estados Unidos em 2014.
No Brasil, o filme foi assistido por 4,9 milhões de pessoas no cinema e faturou R$ 64,3 milhões, de acordo com a Filme B, empresa especializada no mercado cinematográfico.
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O empreendedor acredita que a receita do Omelete só deu certo por causa do pioneirismo. Quando o site foi ao ar, os sócios viravam noites escrevendo textos para manter o portal atualizado.
Durante o dia, Forlani, que é graduado em publicidade, trabalhava numa editora de quadrinhos.
“Havia muitos quadrinhos sendo produzimos e muito leitores, mas pouca divulgação”, afirma Forlani. “Vimos uma oportunidade ao converter essa demanda em um negócio promissor.”
Mas o empreendedor teve o cuidado de não abordar somente o universo dos quadrinhos, pois poderia cair na armadilha de manter a empresa a um público restrito.
“Colocamos outros ingredientes como cinema e música”, afirma Forlani. “Daí surgiu o nome Omelete, que é uma receita que cada pessoa faz de um jeito.”
Nos últimos anos, o Omelete aumentou a cobertura sobre outros temas. Um que ganhou bastante relevância foi o de jogos (games).
Forlani diz que quando o site nasceu o consumo de games no Brasil era a baseado em pirataria. “Ao longo dos últimos anos, os consumidores passaram a valorizar os produtos originais pela qualidade e o mercado se fortaleceu.”
Atualmente, o Brasil é o 11º maior mercado do mundo em faturamento, com 48,8 milhões de jogadores (quase 25% da população nacional) que movimentaram 1,28 bilhão de dólares em 2014, segundo o instituto de pesquisa de mercado NewZoo.
DIVERSIFICAÇÃO
Com a base de leitores do Omelete em franco crescimento, os sócios perceberam que poderiam explorar novas formas de conteúdo. Em dezembro de 2007, foi criado o Omeleteve, canal no YouTube onde são postados vídeos sobre lançamentos e curiosidades de filmes, games, séries e quadrinhos.
“Fazer videocasts foi uma inspiração que veio do mercado publicitário”, afirma Forlani. “Na época, a qualidade da banda larga brasileira deu uma guinada positiva e o YouTube começava a bombar no país”, afirma Forlani.
Atualmente, ao próprio Omelete produz todos os vídeos do canal, que é atualizado duas vezes por dia. O canal gera receita por meio de anúncios e conforme a quantidade de visualizações – são quase 900 mil usuários inscritos.
“O YouTube tem servido para conquistar um público novo, que muitas vezes nem conhece os outros negócios do Omelete”, diz Forlani.
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BRAÇO VAREJISTA
Há dois anos, o Omelete passou a atuar no comércio. O investimento se deu por meio da compra de uma parte minoritária da loja virtual Mundo Geek, que vende roupas, acessórios e objetos colecionáveis, como pelúcias e bonecos articulados de personagens.
“Atuar no varejo foi uma evolução orgânica porque o público do site também consome esses produtos”, afirma Forlani. “Sabemos o que eles gostam e somos dedicados a fazer uma curadoria de produtos nacionais e importados.”
Há poucos meses, o Omelete terminou de quitar a compra de toda a operação da Mundo Geek.
PERSONAGENS GANHAM VIDA
Ano passado, o Omelete passou a organizar no Brasil a Comic Con, evento que reúne empresas, artistas e entusista da cultura geek. O modelo existe desde a década de 70 nos Estados Unidos – a edição de San Diego é a maior referência.
Após ir a várias edições internacionais, Forlani e seus sócios decidiram importar o evento com a ajuda de dois parceiros estratégicos, a PizziToys (importadora de colecionáveis) e a ChiaroScuro (empresa que agencia desenhistas brasileiros para atuarem no mercado americano).
“O Omelete já tinha criado um networking que proporcionava um evento de grande porte no Brasil”, afirma Forlani.
A primeira edição da Comic Con reuniu 97 mil pessoas e bateu o recorde de público em evento indoor no Brasil. A edição de 2015, que aconteceu na última semana, recebeu cerca de 130 mil pessoas.
Entre os participantes, estava o casal Tatiana Lima Castro e Bruno Klapper Lopes e a amiga Renata Champion. Os três são cosplayers – pessoas que interpretam personagens utilizando vestuário e maquiagem. Na Comic Con eles estavam caracterizados de personagens da série Dr. Who.
“Estamos planejando participar do evento há seis meses”, diz Tatiana. “Gastei cerca de 3 000 reais para ficar igual à personagem.”
Na visão de Forlani, a Comic Con tem como maior objetivo proporcionar uma experiência para o público. “É um espaço para encontrar produtos de qualidade, reunir amigos e conhecer novas pessoas com interesses similares”, diz ele. “É realmente um lugar de alegria contagiante.”
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APOIO AO QUADRINHO NACIONAL
O mais recente investimento do Omelete foi a compra de uma participação na startup Social Comics, plataforma online para leitura de quadrinhos.
O serviço funciona num modelo parecido com o Netflix. Por uma assinatura mensal no valor de R$ 19,90, o usuário tem acesso a mais de mil histórias em quadrinhos em formato digital, que podem ser lidas em desktops, tablets e smartphones.
O investimento na startup foi de R$ 2 milhões de reais. O próximo passo é internacionalizar a Social Comics na América Latina e Estados Unidos. Os sócios esperam conquistar 10 mil leitores até o final de 2015.
Forlani acredita que a Social Comics poderá fomentar ainda mais o elogiado mercado de quadrinhos nacional, em que muitos autores independentes lançam obras captando recursos via crowdfunding e desenhistas brasileiros trabalham para grandes editoras, como Marvel e DC.
“Quando iniciamos o Omelete, tínhamos o objetivo quase sem querer de ajudar o quadrinho nacional”, diz Forlani. “A Social Comics representa um ciclo que se fecha."
Após 15 anos, Forlani ainda fala de seu sonho empreendedor com emoção – a mesma característica de um dos seus personagens favoritos: o Homem- Aranha. “Apesar de possuir superpoderes, ele também vivencia situações que são comuns aos humanos” diz Forlani. “Me identificava muito com ele na adolescência.”
No caso dos fundadores do Omelete, a situação é inversa. Eles não têm superpoderes, mas realizam feitos de heróis para os fãs da cultura geek.
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