O índice de brasileiros acima do peso segue em crescimento no país. Mais da metade da população está nesta categoria (52,5%), de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mesmo com um número tão representativo, o número de lojas que atende a esse público ainda é muito restrito. A estimativa é que existam 300 lojas físicas e aproximadamente 60 virtuais dedicadas a consumidores de roupas acima do tamanho 44 - um mercado que movimenta mais de R$ 5 bilhões no Brasil, correspondente a 5% do faturamento total do vestuário.
O crescimento anual do segmento, de 3%, equivale à metade da evolução de vendas de moda feminina (6%), de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest). A expectativa é que em 2016 esse número chegue a 10%.
Sustentado nesses números, o segmento pode se tornar a "tábua de salvação" do mundo da moda, que vem registrando perdas em meio a crise.
Os dados da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) mostram que as importações de têxteis e confeccionados tiveram queda de 17,4% (US$5,85 bi). Enquanto isso, o setor de varejo de vestuário brasileiro encolheu 8% (6,45 bi de peças), em 2015, ante 1,1%, em 2014.
Para Roberto Chabad, presidente da Abravest, a padronização de medidas – uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) será um divisor de águas nesse cenário.
Ele explica que a novidade irá delimitar novas modelagens para os números do 52 ao 62, que normalmente, ficam compreendidos entre o G e o GG, deixando um grande público de fora.
O novo padrão já foi definido para os homens, e o mesmo deve acontecer para as mulheres até o final deste ano.
Mesmo com o uso voluntário entre as marcas, Chabad acredita que a medida pode impulsionar o mercado por se tratar de um diferencial para as confecções.
Marcas como Pernambucanas, e Renner foram pioneiras ao abrir um espaço exclusivo para esse público em suas lojas, em 2010. Em seguida, a Malwee também foi uma das primeiras a abraçar a causa ao lançar a Wee! Fashion Curves, especializada em moda plus size.
PRODUÇÃO
Márcia Sampaio, 43 anos, gerente da confecção Kiara, no Bom Retiro, afirma que os custos que envolvem a produção de peças maiores podem ser uma das explicações para a atual baixa oferta de peças em tamanhos maiores.
Um modelo plus size leva no mínimo, o dobro de tempo para ser produzido quando comparado a uma peça tradicional, de acordo com Márcia.
Além de utilizar mais tecido, as modelistas precisam de mais técnica, pois além de vestir, as peças têm como função disfarçar, sustentar, e também valorizar o corpo de quem a vestir.
Com experiência no ramo da moda, Cynthia Horowicz, 52, sua irmã, Cristina Horowicz, e a terceira sócia Sylvia Sendacz perceberam que a medida que o mercado de vestuário feminino evoluía, as consumidoras plus size ficavam para trás.
Sem boas opções de compra, elas apostaram nesse nicho para aumentar o seu alcance de público.
A ideia era adaptar a confecção própria Creare, e oferecer as peças em uma loja virtual, a Flaminga. “A aceitação foi tão positiva, que percebemos que havia a necessidade de oferecer diferentes estilos de roupas.“
Além ganhar um sócio-investidor, Ary Mifano, em poucos meses, o site se tornou um espaço aberto para a venda de mais de 40 marcas e que, atualmente, possui um ticket médio de R$ 325,81 - valor acima da média do mercado.
Ávidas por entender como pensam e consomem essas mulheres, as sócias idealizaram uma pesquisa em que 1.400 mulheres foram consultadas.
“Curiosamente, descobrimos que elas preferem comprar pela internet para evitar o constrangimento”, diz. Além de não encontrar o tamanho certo, algumas entrevistadas chegaram a citar que já foram maltratadas por funcionários.
“Para prestar um serviço com excelência oferecemos um atendimento especializado, uma espécie de consultoria online. E dá super certo.”
O investimento inicial de R$ 200 mil rendeu um faturamento de R$ 3,3 milhões para o e-commerce, em 2015. A expectativa é que esse valor suba para R$ 5 milhões neste ano.
“O mercado plus size ainda tem muito a crescer. Alguns estudos apontam que cerca de 60% das mulheres estará em situação de sobrepeso até 2020”, afirma Cynthia.
*Foto: Estúdio X+X/ Roberta Dabdab
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