Proprietária de uma loja de moda infantil há 18 anos, Tereza Mattos diz que utiliza maquininha de cartão “desde sempre”. Tanto que, hoje, quase não sente mais os impactos financeiros da necessidade de uso desse serviço no caixa de seu negócio.
Já José Carlos Zucheran, dono de um estabelecimento que é um misto de café e confeitaria de doces portugueses, é a favor de negociar. Mesmo que isso implique possuir mais de uma bandeira de maquininha na loja. Afinal, o importante é fidelizar o cliente.
Com o avanço do dinheiro de plástico, receber os pagamentos via cartão de crédito ou débito se tornou prática corriqueira -principalmente no dia a dia dos negócios de pequenos comerciantes ou microempreendedores individuais (MEIs).
Os números dão uma ideia disso: um levantamento da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) mostra que, em 2017, havia 5,1 milhões de pontos com maquininhas de cartão ou terminais eletrônicos de vendas espalhados pelo Brasil, que movimentaram R$ 1,3 trilhão ao longo do ano.
O recente lançamento da “Bradesquinha”, a mais nova concorrente no mercado de aluguel e vendas de maquininhas de cartão, acirrou ainda mais a concorrência entre as credenciadoras após a quebra de exclusividade determinada pelo Banco Central em 2017. Até então, quem dominava eram a Cielo (Bradesco/Banco do Brasil) e a Rede (Itaú).
Hoje, com a entrada de players como Stone, PagSeguro, Sipag e SafraPay, entre outras, o panorama mudou. Se antes o comerciante precisava ter mais de uma maquininha – e custos muito altos – para receber do cliente, agora ele pode escolher.
Taxas abaixo da média, “adesão zero” ou isenção de aluguel são algumas das facilidades que as operadoras passaram a oferecer para tentar atraí-lo. Com isso, o desconto sobre as vendas, que às vezes ultrapassava 3% ao mês, caiu pela metade.
A postura mais agressiva dessas empresas – principalmente da Stone e da UOL/PagSeguro, com a Moderninha e a Minizinha, foram a solução para o pequeno não perder vendas, diz o economista Vítor França, consultor da Boanerges & Cia., consultoria especializada em varejo financeiro.
“O que incomodava era ficar preso ao aluguel da maquininha”, afirma. “Mas os novos entrantes começaram a ganhar mercado no rastro dos milhões de micro e pequenos empreendedores. Com isso, a relação custo-benefício melhorou.”
E melhorou mesmo: para entrar nos estabelecimentos, alguns deles passaram a oferecer taxas de desconto alternativas que chegam a 0,9% nas transações a débito, segundo Douglas Almeida, consultor de projetos de acesso ao crédito do Sebrae-SP.
“Imagine quanto esse comerciante economiza”, diz França. “E a vantagem não é só para ele: também é bom para o consumidor.”
A estratégia das novatas atraiu até o Bradesco para a briga. “Tanto que ele lançou uma 'cópia da cópia', bem empacotada, para atingir esse segmento com a força de vendas que ele tem. Bom para o lojista”, diz França.
PÚBLICO DISPUTADO
Receber pagamentos de todas as bandeiras de cartão com uma só maquininha representou grande avanço para o pequeno comerciante diminuir custos e aumentar as vendas.
Tanto que o assédio das credenciadoras para ver quem oferece condições mais vantajosas é uma constante no dia a dia de lojas como a Tipinhos, segundo a comerciante Tereza Mattos.
"Elas até brigam entre si para tentar entrar com a maquininha", diverte-se. Mas os tempos de refém de dois alugueis e dos maus serviços prestados diante da concentração de mercado, ou da necessidade de ter conta em determinados bancos para ter acesso ao serviço ficaram para trás, afirma.
Atualmente, Tereza trabalha só com a Getnet, do Santander e, por ser correntista do banco, não paga aluguel. Também negociou a taxa de desconto, que fica abaixo de 2%, pois é vinculada a metas de faturamento. Ou seja, quanto mais se vende a débito e a crédito, menor a taxa. "Hoje, sobra mais dinheiro no meu caixa", comemora.
Pesquisar e avaliar qual das maquininhas se encaixa melhor em seu negócio força as credenciadoras a baixar a taxa e rever seus modelos. É o que afirma Douglas Almeida, consultor do Sebrae-SP.
"Há também mais opções que não dependem de maquininhas, como a conta digital, da Next, ou o link de pagamento de empresas como PagSeguro/UOL ou conta.MOBI", diz. Esse último, inclusive, pode ser enviado pelo Whatsapp.
Mas, há alguns casos específicos, como restaurantes e lanchonetes, que preferem ter até duas ou mais maquininhas de cada operadora: além de tentar driblar uma possível perda de sinal, já que muitas operam com chip de celular, a ideia é dar mais agilidade aos pagamentos em horários de pico.
Outra motivação é oferecer uma opção a mais para os clientes: na Maria Cristina Doces, localizada no Centro da capital paulista, o proprietário José Carlos Zucheran tem uma maquininha da Stone, pelo custo menor, e outra da Cielo, que aceita bandeiras internacionais, como Amex e Diner's Club.
Já em sua fábrica de doces artesanais, localizada na Zona Norte e conta com uma loja anexa, Zucheran opera com uma máquina da Getnet. "Meu produto é de giro rápido, e pelo menos 80% das vendas passam por maquininhas. Então, não dá para ter uma só", afirma ele. Os custos das três representam entre 1,3% e 2% do seu faturamento.
O ideal, segundo Zucheran, é sempre negociar bem as taxas Mas custo não é sua maior preocupação. "O importante é oferecer um produto que fidelize o cliente", diz.
Como, em geral, não mais há necessidade de ter mais do que uma maquininha, é interessante sempre conversar com vários bancos e credenciadoras, para comparar condições de isenção de aluguel e redução de taxas. Inclusive de antecipação de recebíveis, segundo Vítor França, da Boanerges & Cia.
Isso porque, diante da quebra e aumento da competição, as empresas querem mais é ganhar mercado. “Às vezes, o lojista trabalha há anos com a mesma, e não percebeu que há gente nova”, afirma. “Mas vale a pena conversar, pois dá para baixar e muito os custos da venda com cartão.”
QUANTO MENOS GASTAR, MELHOR
Apesar de o momento ser bom, é preciso alguns cuidados. E um dos principais diz respeito ao que parece ser a maior facilidade oferecida quando se fala em maquininha de cartão para o lojista no aperto: a antecipação de recebíveis.
Almeida, do Sebrae-SP, dá um exemplo. Imagine que o lojista parcele a compra do cliente em quatro vezes, mas usa a antecipação para pagar o fornecedor à vista ou em 15 dias, no máximo.
“Se o empresário não tem dinheiro na conta para pagar os boletos, nem pensa: pega a maquininha e manda antecipar tudo o que tem”, diz.
Em geral, a antecipação tem taxa adicional média de 2% ao mês. Se o lojista vendeu R$ 1,2 mil em seis parcelas, paga a taxa multiplicada pelo número de vezes. “Faz uma grande diferença, e a conta não costuma fechar”, afirma.
Quando acontece com certa frequência, muito provavelmente o lojista também não contabilizou essa antecipação no preço do produto, afirma o especialista.
É quando a situação complica, já que, a taxa média de 12% e 15%, ele perde na venda por conta da antecipação. “Não tem caixa que aguente”, diz.
Se a antecipação for realmente necessária, o ideal é prever esse parcelamento no capital de giro. Ou optar por outras formas de recebimento bem menos custosas e que não dependam de maquininhas, como já citado anteriormente.
"Tem um monte de fintech chegando para aumentar ainda mais a competição. Quer cenário melhor que esse?”
FOTOS: Karina Lignelli/Diário do Comércio
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