Fábrica de Franca tem 90% da produção focada no mercado interno

Sapatos de tamanhos grandes, que deixam o homem 6,5 cm mais alto, com tecnologia 3D para pessoas que passam longos períodos em pé, 100% veganos sem origem animal e até com uma inovação que oferece maior flexibilidade e proteção ao couro na hora de ajoelhar, sendo indicado para evangélicos e religiosos. Esses são alguns dos modelos produzidos pela Calçados Jota Pe, uma empresa de Franca que, em janeiro último, completou 62 anos de história.

Fundada por José Alves de Castro, que ficou eternizado como Zé Mineiro, a fábrica hoje é comandada pelo seu filho Antônio Alves de Castro, 60 e produz 2,3 mil pares dia, tendo capacidade para 3 mil unidades. A empresa possui 270 colaboradores.

“Meu pai era de Delfinópolis e veio para Franca trabalhar em fábrica. Depois começou a fazer botinas e vender na região. Como tinha muitos pedidos por sapato social, ele deixou as botinas e resolveu montar uma fábrica. Durante 28 anos produziu no máximo 120 pares por dia, tanto que era conhecido como Zé 120”, lembra Antônio.

O primeiro barracão da Jota Pe (José do pai e Pereira da mãe) foi na Rua General Osório, no Centro. Depois mudou para os fundos da casa da família na Rua Marechal Deodoro, também na região central.

“No começo, todas as vendas eram entregues de perua e os filhos iam juntos. Eram poucos funcionários e apenas quatro modelos”, recorda o empresário.

Antônio ingressou na fábrica aos 16 anos. Na época, trabalhava no período da tarde e viaja pela empresa acompanhando um representante. A experiência serviu como escola, pois a partir dela aprendeu a abordar um cliente. E de aprendiz, ele foi oficializado e permaneceu como representante da Jota Pe por seis anos.  “Com as viagens comecei a receber pedidos de modelagens diferentes e fui trazendo as ideias para a empresa e, assim, começamos a diversificar”.

Em 1988, um incêndio destruiu toda a estrutura da empresa e foi com a ajuda de outras fábricas da cidade, com empréstimos de máquinas, que a Jota Pe conseguiu se reerguer em 15 dias em um barracão alugado.

O novo prédio surgiu em 1994. Nessa época já eram 22 funcionários e Antônio trabalhava no setor comercial, enquanto a irmã cuidava do financeiro. “O novo prédio, que é onde estamos até hoje, era um barracão pequeno e fomos construindo aos poucos e atualizando conforme o mercado pedia. No ano de 2003, passamos a ser reconhecidos nacionalmente, a ter mais representantes e novas linhas. Evoluímos para 300, 500, 600 pares dia”, revela o agora diretor da Jota Pe.

“Quero agradecer muito a Franca. Meu pai era muito conhecido e querido. Foi padrinho de casamento 116 vezes e sempre trabalhou na produção. Ele deixou um legado e parte da sua história nós ainda mantemos aqui na fábrica com a exposição de algumas ferramentas que utilizava no trabalho”.

A Jota Pe hoje

Produzindo calçados feitos à mão, porém com aplicação de tecnologia para oferecer o máximo de conforto, a Calçados Jota Pe tem hoje 38 linhas de calçados e possui representantes em todos os estados do País. Atualmente, 90% de sua produção atende o mercado interno e o restante é exportado, principalmente, para países do Mercosul.

Segundo Antônio Alves de Castro, os diferenciais dos sapatos da Jota Pe são a modelagem, os materiais utilizados e a diversificação das linhas. “Realizamos em torno de três viagens internacionais em busca de inspiração. Produzimos sapato social e casual que aliam tecnologia e conforto. Temos sapatos com salto dourado, que fazem parte da linha Premium, couro diferenciado, com solado airbag, com bolsas de ar, com tecnologia 3D para melhor absorção de impacto. A nossa intenção é sempre aprimorar”.