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Investimento estrangeiro cresce em 2015, mas tendência é negativa

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Notícias 28 Jan, 2016
Entrada de recursos para atividade produtiva foi puxada por operações pontuais em dezembro. Luis Afonso Lima (foto), presidente da Sobeet, diz que a tendência é de baixa neste ano. O dólar alto, apesar de deixar as empresas baratas, não atrai o investidor

Entrada de recursos para atividade produtiva foi puxada por operações pontuais em dezembro. Luis Afonso Lima (foto), presidente da Sobeet, diz que a tendência é de baixa neste ano. O dólar alto, apesar de deixar as empresas baratas, não atrai o investidor por causa da instabilidade

O investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil somou US$ 64,4 bilhões em 2015, um incremento modesto, da ordem de 3% sobre 2014, quando o país recebeu US$ 62,5 bilhões para a atividade produtiva, segundo balanço divulgado nesta terça-feira (26/01) pelo Banco Central.

“O resultado se deve à entrada de US$ 15,2 bilhões em dezembro e foi pontual, puxado por operações grandes, acima de US$ 1 bilhão em agropecuária (em extração de petróleo) e montadoras. Como foram poucas operações, provavelmente já programadas, e não um aumento pulverizado em setores, o dado não indica uma linha de tendência positiva para este ano”, diz Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica).

Segundo afirma, a conjunção de números negativos, dos quais o mais preocupante está nas contas do governo, pode fazer o Brasil retroceder algumas posições no ranking de IED das 20 principais economias da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). De 2009 para cá, a melhor posição que o Brasil ocupou foi a quarta em 2012. Em 2014, já estava em sexto lugar, atrás de Cingapura.

 Em entrevista ao Diário do Comércio, Lima diz que a tendência é negativa para o Brasil e os emergentes. Um relatório com dados preliminares da Nações Unidas mostra que os Estados Unidos voltaram a ocupar o posto de primeiro lugar na atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) em 2015, posto que foi ocupado pela China no ano anterior.

A economia norte-americana recebeu um total de US$ 384 bilhões em investimento estrangeiro, quatro vezes mais a quantidade recebida em 2014. Hong Kong e China receberam, respectivamente, US$ 163 bilhões e US$ 136 bilhões.

Os dados preliminares tabulados pela Unctad mostram que o IED cresceu global 36% em 2015 ante o ano anterior, para cerca de US$ 1,7 trilhão.

Os países desenvolvidos voltaram a receber a maior parte do IED mundial, uma tendência que foi quebrada apenas de 2012 a 2014, quando as nações em desenvolvimento ficaram com a maior parte do bolo.

Comente o resultado do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em 2015.

Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet – Esse número do Banco Central apresenta uma mudança metodológica que pouca gente conhece, que é a inclusão de investimentos feitos com os lucros que empresas estrangeiras instaladas no Brasil obtiveram aqui e que foram reinvestidos. É diferente de quando o recurso vem da matriz e, assim, não representa um aumento de investimento produtivo estrangeiro. Por isso, é difícil comparar com 2014 e os anos anteriores. Se fizermos uma série uniforme, descontando o lucro reinvestido, há uma redução do investimento de 6%, referentes a US$ 57,3 bilhões em 2015. Em 2014, pela metodologia antiga, foram US$ 62,2 bilhões. 

Isso significa que podemos ter mais uma queda no investimento em 2016?

Sim, isso deve ocorrer e não só devido aos nossos próprios defeitos. Haverá uma concentração de investimentos em países desenvolvidos, com a projeção da Unctad apontando para uma alta de 13,9% em 2016. Para os países em desenvolvimento o crescimento será ainda menor, de 3,9%, ou seja, existe um viés negativo para os emergentes que concentram riscos, como o Brasil, a Rússia e a China. No caso específico do Brasil, a visão é mais negativa do que na média dos emergentes. Então, acredito que a variação no Brasil seja menor do que a Unctad estima para os emergentes. Se ficar estável este ano será uma vitória. 

A imagem negativa do Brasil no exterior desestimulou as multinacionais a investirem no país?

Sim. As multinacionais não estão tendo o retorno esperado no Brasil. As remessas de lucros e dividendos despencaram. Isso, do ponto de vista das transações correntes, é até positivo, mas não deve ser desejado. A empresa que já investiu no Brasil está tendo resultado real baixo, por causa da inflação alta, e quando faz a conversão para dólar, o número fica pior ainda.  Essa é a realidade de quem fez investimentos maiores nos últimos cinco anos, em 2011, quando a percepção sobre o país era positiva e o investimento havia aumentado muito. Agora, em 2016, seria o momento de ter o retorno desse investimento realizado, que é frustrado com a queda na atividade e o câmbio desvalorizado.

O dólar alto ajuda ou atrapalha?

Esse é outro ponto. O que mais ouvimos é que o Brasil está barato por causa do patamar do dólar. Já fizemos, no passado, testes para verificar se a taxa de câmbio interfere ou não no investimento direto estrangeiro. Detectamos que não interfere e não é uma variável tão importante quando se trata de investimento produtivo. Para esse investidor, o que mais importa é a estabilidade do câmbio. Quanto mais volátil, pior para ele. Se ele investe US$ 5 milhões hoje para ter um determinado retorno em um intervalo de tempo, a cotação não é o principal. Em 2011, o Brasil teve investimento recorde e o real estava valorizado, mas estável. Isso é contraditório, mas mostra que a estabilidade é mais importante. 

E como estão os anúncios de investimentos de estrangeiros no país?

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) do primeiro semestre de 2015 mostram que os investimentos anunciados por empresas estrangeiras foram de US$ 14,6 bilhões. Há um movimento de queda que havia começado em 2014, no qual o montante anunciado foi de US$ 25 bilhões ante US$ 46,3 bilhões em 2013. As empresas estão mais retraídas em relação a anúncios futuros. Os de implantação (novas plantas) caíram de 41% para 29,1%. Os de expansão subiram de 31% para 32% e os de modernização, de 2,2% para 10%. Isso mostra que os poucos investimentos que estão ocorrendo são em plantas existentes e que o investimento tende a cair mais. Os anúncios mostram uma tendência porque eles não são garantia de execução. A empresa pode cancelar se perceber que a demanda é menor do que a estimada. 

A falta de confiança na economia afeta a decisão de investimento pelas multinacionais?

Não só isso. Acredito que as razões para que elas deixem de investir nesse momento são bem concretas e talvez a maior seja a questão fiscal. Há uma dinâmica de expansão do endividamento do setor público que demanda reformas para, ao menos, ser contida. É o caso da Previdência, por exemplo. Por enquanto, não se vislumbra nenhuma reforma importante no Brasil. Teria de haver uma mudança qualitativa, pois passamos por uma queda de padrão do crescimento econômico, no qual a demanda interna arrefeceu e só resta a retomada das exportações. 

Então o caminho para quem quer investir é exportar? 

Não é tão simples, porque há a questão interna. O Brasil tem entraves em relação a acordos comerciais, acordos de bitributação que deixou de fazer e não está fazendo. Além disso, há o próprio cenário para as exportações mundiais, que não estão dinâmicas. Há um fator genérico e particular do Brasil que impede o dinamismo das exportações. Há um problema de demanda e de preço. A projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) é que as exportações mundiais cresçam 3,4% em economias emergentes, o que é um patamar baixo. A própria estimativa de crescimento da atividade econômica mundial é baixa. A exportação é uma luz no fim do túnel bem fraca. O investidor que quiser vir para cá para fazer uma plataforma de exportação terá de ser produtor de manufatura e commodity. E isso é difícil porque além da baixa demanda, por enquanto não é barato produzir no Brasil. Enquanto não houver reformas que reduzam o custo Brasil e melhorem a produtividade, o crescimento será baixo. 

O investidor com apetite ao risco e visão de longo prazo ainda encontra oportunidades no Brasil? Quais seriam?

Sim, se ele tiver um prazo de investimento de cinco a dez anos. O fato é que o perfil de investidor tende a mudar. Antes muitos eram prestadores de serviços. Agora, outros investidores passam a ver o Brasil como oportunidade – que existe em casos e operações específicas. No setor de construção civil, por exemplo, há empresas com investimentos paralisados por causa da Operação Lava Jato. São empresas que teriam no investimento uma solução para que sua atividade não fosse descontinuada. Para estrangeiros, a possibilidade de se tornarem acionistas de um setor específico, no qual eles geralmente encontram dificuldade para entrar no Brasil. Para um estrangeiro implantar uma empresa de construção civil no país é menos fácil do que se imagina. Se entra como acionista, melhor. Até existem concorrentes da Camargo Correa e da Odebrecht no exterior que não conseguem entrar no mercado brasileiro com facilidade. Seria uma solução para as próprias empresas e para a infraestrutura do país. 

FOTO: Divulgação

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