O governo vem comemorando o controle da inflação como uma de suas maiores conquistas na economia. No entanto, os consumidores não estão sentindo uma melhora efetiva no bolso. Na hora de fazer compras, segue a sensação de que tudo continua caro demais. O que está acontecendo?
Em primeiro lugar, vale esclarecer que a inflação não começou a cair, ela simplesmente passou a avançar em um ritmo menor. Parece pouco, mas o feito é complexo. Para se ter uma ideia, o IPCA, o índice de inflação oficial do País, avançou 10,67% em 2015. Em 2016, a alta foi menor, de 6,29%. A partir dali, a alta da inflação sofreu uma desaceleração tão forte que passou para baixo da meta do Banco Central (BC), de 4,5% ao ano – o valor visto pela instituição como aceitável.
A última leitura do índice divulgada foi a de setembro, quando o IPCA foi de 2,54% no acumulado de 12 meses. Controlar a inflação traz estabilidade para a economia e abre caminho para a retomada dos investimentos e da atividade econômica. A notícia é boa sim.
Contudo, não é a salvação da lavoura. Quando vemos uma manchete como “Queda da inflação melhora custo de vida dos brasileiros”, publicada no portal do governo, fica a sensação de que os preços diminuíram – mas isto não é verdade. Eles apenas subiram menos do que antes. Quando os preços caem, saímos da inflação para viver uma deflação. Atualmente, alguns preços estão sim caindo, mas a média ainda continua a subir.
Tome o exemplo do tomate, que teve uma queda de 11,01% no IPCA, ou do alho, com retração de 10,42% no mês de setembro em comparação ao mês exatamente anterior. Individualmente esses produtos tiveram uma redução de valor. Mas para entendermos como isto afeta o nosso bolso e a nossa percepção de preços, temos que pensar no valor que gastamos mensalmente com estes alimentos e o peso deles dentro do nosso salário. É improvável que alguém gaste 5% ou mais do seu salário com tomate ou alho – e, por isso, pode até ter havido alguma economia nesta despesa, mas ela “some” quando consideramos o todo da conta do supermercado.
Os preços subiram tanto nos últimos anos que continuamos a perceber tudo como caro. Para piorar, o principal motivo para o controle da inflação foi a recessão – com a queda na atividade econômica e o aumento do desemprego, muitas pessoas foram forçadas a gastar menos. Com menos demanda, os preços pararam de subir tanto. A inflação está baixa, mas o desemprego continua alto – são 13 milhões de desempregados, segundo o IBGE – e a economia ainda não voltou a crescer. A recessão pode ter terminado, mas ainda estamos longe de ver um crescimento real.
O controle da inflação pode sim ajudar a economia e é um ótimo sinal. Entretanto, ele sozinho não resolve todos os problemas do País, nem corta os preços pela metade. As manchetes podem enganar, mas a sua percepção de que está tudo caro demais é correta. Os preços não caíram – eles apenas deixaram de subir tanto quanto antes.
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