Em março, a confiança do brasileiro ficou estável em relação a fevereiro. É o que aponta o Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que registrou 71 pontos em março contra 74 no mês anterior. A variação ficou dentro da margem de erro, que é de três pontos. O resultado sugere que os sinais de estabilização econômica e de início de retomada não se transferiram para o ânimo do consumidor, que segue pessimista. Há um ano, a confiança do brasileiro estava em 73 pontos.
“Alguns indicadores econômicos apresentaram leve melhora, como a alta na produção industrial e as quedas dos juros e da inflação, mas o brasileiro ainda não sente alívio em suas finanças pessoais e continua inseguro no emprego”, comenta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). “Houve, sim, aumento nas contratações de acordo com os últimos números do Caged, mas o que são 35 mil novos postos depois que mais de três milhões foram demitidos?”, questiona ele.
O INC varia entre zero e 200 pontos. O intervalo entre zero e 100 é o campo do pessimismo e, entre 100 e 200, o do otimismo. Encomendada pela ACSP ao Instituto Ipsos, a pesquisa foi feita em todas as regiões brasileiras entre os dias 1º e 15 de março.
Deterioração
Na passagem de fevereiro para março, o Índice Nacional de Confiança da ACSP registrou pioras na percepção dos entrevistados quanto às suas situações financeiras atual e futura, e também no quesito emprego.
Em relação à situação financeira atual, 57% avaliam-na como ruim e 19% como boa em março (contra 54% e 20%, respectivamente, em fevereiro).
Já sobre situação futura, 26% creem que vai piorar nos próximos seis meses e 34% acreditam em melhora (21% e 34%, respectivamente, no mês anterior).
A pesquisa revela que 56% dos brasileiros estão inseguros em seus empregos e apenas 17% estão seguros (51% e 19%, respectivamente, em fevereiro).
Como consequência, cresceu a parcela de consumidores que, nos próximos seis meses, não pretendem comprar eletrodomésticos: eles somaram 66% em março contra 60% no mês anterior. O mesmo ocorre com bens de maior valor como casas e automóveis, já que em março 70% não estavam propensos para esse tipo de compra (65% em fevereiro).
FGTS
Considerando que as entrevistas para o INC foram feitas na primeira quinzena de março, o saque das contas inativas do FGTS não se fez sentir na pesquisa, mas podem aparecer efeitos nos próximos meses, já que a liberação vai até julho.
Regiões oscilam
O INC do Nordeste caiu seis pontos na variação mensal, saindo de 58 pontos em fevereiro para 52 em março, o que puxou para baixo a confiança brasileira. A região passou a ser a mais pessimista do País, em contraste com um ano atrás, quando era a mais otimista (88 pontos). A razão para essa piora pode ser a grave seca que atinge estados da região, além da recente crise na segurança pública.
O INC do Sudeste passou de 74 pontos em fevereiro para 69 em março. No Norte/Centro-Oeste, saiu de 89 pontos e foi para 86. Já a confiança de quem mora no Sul cresceu de 86 para 93 pontos de um mês para o outro.
O Sul e o Norte/Centro-Oeste são as regiões menos pessimistas em decorrência, sobretudo, do bom desempenho do agronegócio.
A pesquisa
O INC foi elaborado a partir de 1.200 entrevistas pessoais e domiciliares em todas as regiões brasileiras, com base em amostra probabilística e representativa da população brasileira de áreas urbanas de acordo com dados oficiais do IBGE (Censo 2010 e PNAD 2014). É uma medida da extensão de confiança e segurança do brasileiro quanto à sua situação financeira ao longo do tempo. Além de indicar a percepção do estado da economia para a população em geral, o índice visa a prever o comportamento do consumidor no mercado.
Confira na íntegra: Índice Nacional de Confiança
Veja tabela - situação financeira, consumo e emprego:
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