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Igualzinho

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Notícias 01 Abr, 2016
É simplesmente impossível colocar alguma esperança nas instituições brasileiras, depois da decisão do STF tomada na tarde desse 31 de março

É simplesmente impossível colocar alguma esperança nas instituições brasileiras, depois da decisão do STF tomada na tarde desse 31 de março

Por falta do mais elementar sentimento de civismo, elas se neutralizam, umas às outras e a si mesmas, em um jogo de poder no qual a sociedade é solenemente ignorada.

Acabamos de assistir a mais uma cena desse teatro do absurdo, em que o pano se fecha com Lula fora do alcance da Justiça e o Juiz Sérgio Moro sendo censurado. Seria ridículo, se não fosse trágico.

O Brasil se encaminha para uma tragédia anunciada. Não há jurisprudência ou fala melíflua que aplaque o incomensurável sentimento de frustração que está tomando conta da sociedade brasileira, que até aqui se mostrou mais consciente e responsável do que os irresponsáveis aboletados nos mais altos escalões da República. 

Em pouco mais de quinze dias, desde as manifestações maciças de descontentamento da população em 13 de março, seguindo-se a indignação que tomou conta do País três dias depois com a farsa da nomeação de Lula, agravada pela divulgação exigida pela moral pública dos imorais diálogos que denotam uma prática criminosa de poder, a população brasileira se deu conta que foi miseravelmente enganada.

O primeiro passo foi fatiar a questão, separando a nomeação de Lula da definição de foro para investiga-lo.

O segundo passo foi desencadear uma sucessão de recursos, incompreensivel e contraditoriamente acolhidos pelo STF, através dos quais se desfigurou a questão central e se neutralizou a decisão liminar daquele tribunal que enfrentou o desvio de finalidade e a obstrução à Justiça evidentes no ato de nomeação de Lula.

Finalmente, depois que a opinião publica foi desinformada o bastante para não saber mais o que estava em julgamento, decidiu-se pelo que o governo desejava, mais uma vez.

Como é comum acontecer nas grandes convulsões sociais, os atores principais dos dramas que terminam mal não se enxergam, cegos pela imagem que têm de si próprios num espelho de ilusões, indulgências e vaidades.

Depois do que se passou no STF, que condição um ministro daquela corte tem de criticar a alternativa de poder prevista constitucionalmente diante do processo de impedimento em curso?

Como um outro ministro se arroga ao direito de vir a público desmoralizar preventivamente o seguimento do rito que a corte acabou de chancelar?

Até quando a maioria da corte se deixará levar por esse desfile de egos que destrói a sua credibilidade e a afasta da sociedade e de seus deveres para com ela?

Os olhos do mundo já se voltaram para a crise brasileira, o que denota a situação perigosa que estamos vivendo.

Os principais centros de poder têm avaliações muito consistentes sobre o que está acontecendo aqui e algumas de suas manifestações indicam que há motivos de preocupação.

As palavras benevolentes, e até generosas, do presidente Obama sobre a nossa crise podem ser consideradas como um “tempo” que foi dado ao Brasil pela comunidade internacional, agora modulado em discreto aumento de tom, nas palavras do Secretário Geral da ONU.  

Aos trancos e barrancos, o Congresso está fazendo a sua parte, aproximando-se das ruas que chegaram tão perto dele para julgar o seu deplorável histórico recente.

E como se julgam os que julgam? Inimputáveis perante a sociedade e a História? Oniscientes ao ponto do desprezo pela opinião pública? Insensíveis que se divertem em divergir para deleite próprio?

A crise brasileira colocou o País sob o governo do Judiciário, uma decorrência lamentável, mas até certo ponto natural, da existência no País de um executivo ilegítimo e de um legislativo clientelista, ambos sem a menor credibilidade perante a população brasileira.

O passo final para o desastre será dado quando a população concluir que o Judiciário é igualzinho aos dois.

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As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio

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