Ser produtivo e criativo parece um desafio numa época em que as distrações estão por toda parte, a começar pela tela do celular.
Pensar em profundidade e rotineiramente – como um hábito mesmo – é a bola da vez quando o assunto é aliar a inovação com a produtividade.
É o que afirma Charles Duhigg, autor do livro O Poder do Hábito epalestrante em congresso promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Segundo ele, as pessoas produtivas e inovadoras são forçadas a pensar melhor e com mais inteligência, mas isso não basta.
É preciso que isso seja um hábito, colocado em prática por meio de rotinas, que podem envolver desde anotações desses pensamentos ou mesmo a criação de pequenos filmes e histórias na cabeça sobre como uma situação seria conduzida, antes mesmo que ela aconteça.
Produtividade, na visão do autor, não está necessariamente relacionada com trabalhar e fazer mais, pois o que se vê com frequência são pessoas que se queixam de levar uma vida assim sem produzir o que esperavam.
Pelo contrário, quem cultiva hábitos para pensar com profundidade são exatamente as pessoas que conseguem fazer mais sem trabalhar tanto ou até menos, por meio de rotinas e modelos mentais.
Isso não significa necessariamente que os mais produtivos não fazem sacrifícios nem passam mais tempo na escrivaninha.
“Eles se treinaram para pensar de forma diferente dos outros. Hoje não é mais vantagem ser uma pessoa multitarefa, até mesmo porque há pessoas que fazem muitas tarefas ao mesmo tempo e se tornam mais distraídas”, afirma.
Mas afinal, o que viria a ser pensar com profundidade? Duhigg explica que o cérebro tem pontos fracos e, justamente por isso, as mentes bem-sucedidas são de pessoas que tem o hábito de forçar a pensar mais sobre suas escolhas e metas – e essa não é uma tarefa fácil.
Como fazer isso? Nos se expondo a mais informações, mas pensando nelas e escolhendo as que realmente importam.
“As pessoas bem-sucedidas têm rotinas e hábitos que os fazem pensar sobre a informação que recebem. As ferramentas para isso estarão no centro do novo mundo e serão tão importantes quanto a revolução industrial”, disse.
1- INOVE COM IDEIAS NOVAS E ANTIGAS BEM CONCATENADAS
A inovação é o resultado da exposição a novas experiências -mas somente isso não basta. É preciso um esforço extra e pensar sobre tais experiências, em rotinas às vezes desproporcionais, mas que funcionam, segundo Duhigg.
Um exemplo ilustrativo foi a criação do musical West Side Story, de Jerome Robbins, sucesso da Broadway em 1957. A peça narra uma história sobre gangues, mas também inspirada na obra Romeu e Julieta de William Shakespeare.
O diretor do musical, um dançarino de balé clássico, conseguiu contá-la usando movimentos de O Lago dos Cisnes, misturados à dança de rua.
Em síntese, uma junção de clichês e padrões, tanto nos passos de dança quanto na linguagem adotada na história, foi considerada a peça mais criativa e de maior sucesso do teatro americano na época.
“O que fez Robbins? Pegou ideias, 95% delas antigas e as reuniu com 5% novas, de uma maneira diferente. Isso pode acontecer não só no entretenimento, mas em todos os lugares. É assim que a criatividade se torna produtiva, por meio dessa combinação”, afirma.
Para a criatividade se tornar produtiva e confiável é preciso importá-la e exportá-la. Mas misturar as ideias de maneira diferente e romper a inovação requer transpiração. Robbins, por exemplo, tinha a rotina de escrever à noite cartas de cerca de 20 páginas aos amigos, que sempre reclamavam não ter tempo de ler.
“Ele escrevia essas ideias para ele mesmo. Era a forma que utilizava para estabelecer conexões entre gangues, Shakespeare, O Lago dos Cisnes e a dança de rua”.
Escrever cartas, dessa forma, era uma maneira dele se forçar a pensar nas informações às quais ele estava exposto.
2- CONCENTRE-SE POR MEIO DE MODELOS MENTAIS
Escrever força a mente a pensar profundamente na direção de uma ideia inovadora. A concentração é outra grande aliada da produtividade.
“Os executivos promovidos mais rapidamente são os que, ao acordar diariamente, visualizam cada etapa do seu dia, do café da manhã, de como será a reunião, o que os outros vão falar e o que ele vai responder no final. Em detalhes. Por isso são capazes de se concentrar no assunto e de acertar”, afirma.
Essa visualização detalhada do dia de um executivo a que Duhigg se refere é um tipo de modelo mental que pode ser aplicado a diversas situações.
No livro O Poder do Hábito, ele conta como o atleta Michael Phelps adotava a visualização de cada movimento de uma prova inteira rotineiramente, a ponto de utilizá-la para vencer uma prova sem enxergar nada, pois seus óculos de natação estavam cheios de água.
A propósito disso, relatou o caso de um piloto da australiana Qantas Airlines, que, utilizando essa visualização, conseguiu pousar um Airbus 838 totalmente avariado em Cingapura, com todos os passageiros em segurança.
O acidente com a aeronave decorreu de uma sequência de avarias, iniciada após um incêndio no motor que causou um furo no topo da asa.
Com todos os alarmes tocando e indicando que ele não tinha condições de pousar, o piloto decidiu simplesmente visualizar todas as partes de uma aeronave Cessna, bem menor, mas a qual conheceu detalhadamente por ter sido o modelo no qual aprendeu a voar.
Essa opção de modelo mental o conscientizou da situação, sem que entrasse em pânico e sequer respondesse a uma série de estímulos dos alarmes que apitavam dentro do Airbus.
Ele tinha na cabeça a sequência da história do que aconteceria com aquela aeronave se ela tivesse problemas e conseguiu de fato pousar sem nenhum passageiro ferido.
E isso mostra que o cérebro funciona melhor quando você tem uma história. No caso, o piloto assumiu um modelo mental com o Cessna e colocou-se no controle para tomar as decisões que queria tomar para responder a todas as ameaças daquele momento.
Esse modelo mental, no mundo dos negócios, mostra que o foco é a visualização do que deveria acontecer e ajuda a colocar mais controle para decidir no que você vai se concentrar.
3- EQUIPES PRODUTIVAS SENTEM QUE TEM O CONTROLE DA SITUAÇÃO
“A melhor maneira de compartilhar produtividade com quem trabalha com você é criar uma sensação de que ele está no controle. Quando as pessoas sentem que são elas que estão no controle das opções, criam histórias e modelos mentais”, afirma.
Para ilustrar essa afirmação, Duhigg contou o exemplo da Starbucks, que adotou a proposta de ensinar os funcionários a criar modelos mentais de como será cada etapa do atendimento para serem mais produtivos.
Como a maioria dos funcionários é de jovens, com idade média de 19 anos, esse tipo de treinamento foi extremamente importante para que não perdessem o controle emocional quando um cliente era ríspido.
Afinal, o atendimento era a área mais importante que a cafeteria poderia utilizar para vender a US$ 4 cafés com custo de produção de US$ 0,07.
Nesse caso, foi criada uma rotina chamada latte (nome de uma das bebidas servidas na rede), na qual o funcionário é treinado a ter uma determinada resposta a cada atitude do cliente, aprendendo a ter maior vontade de atender melhor. Assim, se um cliente entra estressado na loja é ouvido e servido. O funcionário, recompensado.
“A taxa de satisfação dos funcionários aumentou e há relatos de que usam esse mesmo método em casa, com a família e os amigos, pois isso os deixa sentir que tem o controle da situação”, conclui.
FOTOS: Rejane Tamoto/Diário do Comércio, Fernando Frazão/Agência Brasil e Divulgação
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