Depois de enfrentar o maior tombo de sua história, o comércio começa a dar sinais de respiro.
Em abril passado, pela primeira vez desde o início da crise, há dois anos, as vendas do do varejo restrito (que exclui os segmentos de material de construção e veículos), cresceram 1% sobre março (1%) e sobre igual mês de 2015 (1,9%).
Os números, que espelham o movimento das lojas de dois meses atrás, foram divulgados no momento em que começam a despontar dados positivos sobre o desempenho do setor.
As vendas para o Dia das Mães contribuíram para o varejo fechar a primeira quinzena de maio com alta de 1,25%, na comparação com igual período de 2016, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Neste mês de junho foi a vez do Dia dos Namorados dar um alívio para o caixa das lojas. As vendas reais do comércio subiram 2,6% em relação a igual período de 2016, de acordo com a Boa Vista SCPC.
Na região de Campinas, o faturamento do comércio para o Dia dos Namorados atingiu R$ 171,7 milhões, o que representou um crescimento de 1% em relação a igual período de 2016, conforme levantamento da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC).
A inflação e os juros em queda, a liberação do dinheiro das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a chegada do frio e das festas juninas prometem dar novo gás para o comércio neste mês.
O comércio da região de Campinas estima faturar R$ 15,1 milhões com as vendas para as festas juninas, o que significa um aumento de 3,45% sobre o valor registrado no ano passado, como prevê a ACIC.
As lojas que vendem produtos para festas juninas estão lotadas na região da Rua 25 de Março, no centro da capital paulista.
Confecções especializadas em malhas para o frio do interior de São Paulo e de Minas Gerais, como em Serra Negra (SP) e Monte Sião (MG), que abastecem o comércio nacional, também têm alta frequência de clientes.
“Com as informações divulgadas até agora e o que se vê nas lojas dá para imaginar que até o Dia dos Pais há um caminho pavimentado para o comércio”, afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP.
O desemprego continua elevado, atingindo 14 milhões de pessoas, mas, de acordo com Alfieri, houve um alívio na renda do consumidor.
De fevereiro a abril, com a queda da inflação, o salário real do brasileiro subiu 2,7%, de acordo com o levantamento Pnad, do IBGE. “Não recupera as perdas dos últimos dois anos, mas dá um refresco para o bolso do consumidor”, diz Alfieri.
De dez segmentos do varejo monitorados pelo IBGE, três começaram a apresentar resultados positivos em relação ao ano passado.
No primeiro quadrimestre, as vendas do varejo de tecidos e vestuário cresceram 6,3%, as de móveis e eletrodomésticos, 2,2% e as de material de construção, 2,9%, ante igual período de 2016.
“São segmentos que apresentam recuperação de vendas, mas convém lembrar que essa recuperação não repôs as perdas acumuladas nos últimos dois anos”, diz Alfieri.
CRISE POLÍTICA
Para o empresário Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, e conselheiro do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), a recuperação nas vendas era bastante nítida até as delações dos irmãos Batista, donos da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer.
“A partir deste episódio, as vendas desceram um degrau, e agora estão começando a se recuperar. As vendas para o inverno ainda não decolaram, o que deve acontecer com a chegada do frio mais intenso”, diz ele.
Nos últimos dois anos, as vendas do varejo ampliado, incluindo os segmentos de material de construção e veículos, registraram queda de 16,6% ante 10,2%e do varejo restrito, de acordo com o IBGE.
Nas concessionárias de veículos, o recuo chegou a 30,6%, no varejo de móveis e eletrodomésticos, 24,8%, no de tecidos e vestuário, 18,7%. Super e hipermercados tiveram queda menor (5,5%). Houve crescimento somente em farmácias e drogarias (0,9%).
Para Alfieri, a recuperação nas vendas, mesmo que de alguns setores, não deixa de ser um bom sinal para o setor. Somente no mês de abril, o setor de supermercados registrou alta de 3,5% nas vendas em relação a igual mês do ano passado.
“Se observamos os números do varejo nos últimos 12 meses, vamos perceber que voltam a surgir alguns números positivos e quedas menos acentuadas, mas ainda é difícil falar em retomada da economia”, diz Mauro Rochlin, professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
“Há um cheirinho de recuperação no ar", diz Rochlin. "Para haver recuperação, porém, o aumento de vendas terá de estar disseminado na maioria dos segmentos durante dois ou três meses.”
O IBGE acompanha o desempenho de dez segmentos do varejo ampliado. No acumulado de 12 meses encerrados em abril, todos ainda apresentam queda de vendas, inclusive o de supermercados e hipermercados (2,4%) e o de itens de farmácias (3,5%).
Mas o fato é que as quedas já foram maiores. Nos últimos 12 meses terminados em abril, as vendas do comércio ampliado caíram 6,3%. No mesmo período concluído em março, a queda foi maior, de 7,1%.
Mais um sinal, de acordo com Alfieri, de que a pior fase do varejo já passou. Os economistas da ACSP preveem que até o dezembro a queda de vendas do varejo restrito terá sido de 1,5%, inferior, portanto, aos 6,2% de 2016.
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FOTOS: Fátima Fernandes/ Diário do Comércio
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