Quando estávamos em 1983, Pedro Malan, um renomado economista brasileiro que ainda participaria de muitos momentos relevantes ao país, escreveu ao final do ano de 1982 um artigo que passava uma sutil mensagem: com nome “Feliz 1984”, sinalizava que o ano de 1983 poderia ser esquecido antes mesmo de iniciar, tamanhas as dificuldades que imporia. Recomendo fortemente ouvir os dois episódios do Podcast Casa das Garças com ele para entender sua relevância para a economia brasileira.
A situação é bastante diferente hoje, mas as dificuldades impostas também dão a entender que, com chances não desprezíveis, vamos querer riscar 2022 do mapa no futuro. E são pelo menos três os fatores: dois relativos ao nosso próprio país e um terceiro com forte influência externa.
Primeiramente, teremos em 2022 um ano de eleições gerais, o que inclui o parlamento e a Presidência da República. Após uma vitória em 2018 de uma chapa que elencou como prioridade uma redução enorme do Estado, a entrega de uma robusta reforma previdenciária e depois um labirinto de ideias inconclusivas em outros campos que envolvam o lado fiscal e o de produtividade, não será difícil ver uma guinada ao populismo dos que mais tiverem chances de levar o pleito presidencial.
O motivo é simples: no Brasil somos acostumados a querer colher os frutos logo após jogar as sementes na terra, ou, melhor dizendo, sequer vimos efeitos reais de reformas (ou apenas começamos a vê-los) e já há quem reclame de que elas valeram de nada. Planos mirabolantes que emulam ideias já tentadas e fracassadas retumbantemente em tempos passados (algumas delas há menos de dez anos) estamparão as vitrines de candidatos que não vão jamais contar o tamanho dos problemas a serem enfrentados. Sim, Pessimildos e afins virarão personagens novamente, só mudarão os nomes.
Em segundo lugar, há que se considerar o efeito institucional e de comunicação a ser enfrentado por quem estiver sentado na cadeira em 2023 - independente de ser o mesmo ou algum outro. Desmontes administrativos em diversas áreas, como a ambiental, a de saúde e de fiscalizações amplas não só trazem perigo atual como sinalizam que problemas maiores acontecerão no futuro. Quanto mais demorarmos a arrumar a casa, mais complicado será. E, no campo institucional, o que se ganha em décadas com dificuldade se perde em facilidade com poucos anos.
Por último lugar, o que vem lá de fora: após uma liquidez imensa colocada na economia durante muitos anos no pós-crise de 2008 (e intensificado fortemente na pandemia), a inflação bateu na porta do mundo inteiro e uma normalização no mundo dos juros deve acontecer ou no mínimo se iniciar, ao menos sendo feita pelo banco central da maior economia do mundo (o FED, dos EUA), neste ano que se inicia. Como diria Warren Buffet: é com a queda da maré que vemos quem estava nadando pelado - e isso, pra quem não arrumou a casa, como é o nosso caso, será ainda mais danoso.
Se possível fosse, todos gostaríamos de superar anos com dificuldades previstas num piscar de olhos. Mas, mais do que lidar com um mundo de fantasias, é sempre bom entender a realidade dos fatos. Esperemos o melhor, mas preparemo-nos sempre para o pior. Um próspero e produtivo ano a todos nós!
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