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Eles preferiram arriscar tudo a ter uma carreira tradicional

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Notícias 04 Out, 2016
Luiz Quinderé (à esq.) e Felipe Rota conseguiram um empréstimo com os pais para abrir negócios especializados em receitas de família

Estudar, estagiar, se formar, e ser efetivado. Durante muito tempo esse foi o progresso almejado por muitos jovens, que traçavamcarreiras tradicionais em companhias multinacionais.

Esse era o propósito de Felipe Rota, 23 anos, há quatro anos, quando saiu de Itapuí, distante 322 quilômetros da capital paulista, para estudar relações internacionais na capital. 

Durante os primeiros anos de faculdade tudo correu como ele esperava, mas quando descobriu que seria efetivado, Rota decidiu jogar tudo para o alto e apostar em uma receita de família.

Sem a menor aptidão para cozinhar, desde que se mudou para São Paulo, Rota viajava para a casa dos pais nos finais de semana, e voltava carregado de congelados preparados por sua mãe, Silene Magon Rota, 47 anos.

Quando não sobrava espaço no pequeno congelador da república em que morava com outros quatro amigos, o estudante levava as tortas de sua mãe para o trabalho e as compartilhava com os colegas. A receita fez tanto sucesso, que muitos queriam encomendá-la. 

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Depois de muita insistência, Rota decidiu testar a receita da mãe com a ajuda da namorada Vitória Ferreira, 22 anos, arquiteta, para atender a um pedido de 19 tortas.

Novamente, o quitute fez sucesso, e o casal voltou para casa com o dobro de encomendas. No boca a boca, o negócio foi tomando forma, e Rota e Vitória começaram a produzir as tortas no próprio apartamento onde ele morava. 

TORTA DE ABÓBORA COM BACON, DA HELP!E TORTAS

Com espaço para assar apenas quatro tortas por vez, o forno passava o dia todo ligado, e as tortas ficavam espalhadas pela casa toda.

Em cinco meses, eles juntaram R$ 10 mil, e o apartamento de 40 metros quadrados ficou pequeno para a Help!e Tortas – nome que eles deram ao negócio. 

Para a dupla, era nítido que para prosperar seria necessário mais investimento, dedicação e mão-de-obra especializada. “Era preciso fazer mais porque percebi que tinha uma oportunidade única em mãos”, diz Rota.

Rota começou pedindo demissão do cargo em que era recém-contratado na Colgate. O próximo passo foi dar início a um plano de negócios.

Durante esse processo, eles identificaram que, apesar da enorme variedade de tortas que as padarias e rotisseries ofereciam, não havia variedade na combinação de sabores. 

Enquanto isso, a Help!e produzia tortas de pernil desfiado com molho barbecue, purê de brócolis com raspas de limão siciliano, carne de panela na cerveja preta, carne seca com queijo coalho, abóbora com gorgonzola, e ricota com cogumelos.

Como primeira tentativa de comercialização, apostaram no e-commerce, mas esbarraram em muitas dificuldades, como, frete, atendimento ao cliente e logística. 

Decididos a materializar o negócio, Rota e Vitória seguiram o conselho de muitos consultores - fugiram do financiamento e buscaram investimento dentro da própria família.

No início de 2015, conseguiram R$ 37 mil com o pai de Vitória, e alugaram um galpão no Jabaquara, na zona sul. Com o dinheiro que juntaram, compraram um forno industrial, garantiram alguns meses de aluguel (R$ 1.500 por mês), e reservaram R$ 10 mil para capital de giro.

Já com maior capacidade de produção, Rota e Vitória precisavam de um reforço na equipe. Contrataram dois funcionários, e convidaram o amigo Guilherme Almeida, 28 anos, músico, para fazer parte da sociedade.

Com um apelo caseiro, mantendo as características originais da receita, sem adição de conservantes e com massas artesanais fechadas à mão, as tortas começaram a ser vendidas por R$ 29,90.  

Além da clientela que já haviam formado, eles organizavam degustações em empresas, onde tinham amigos trabalhando, como a Colgate e a consultoria Ernst & Young. Em alguns meses, a produção chegava a mil tortas.

Rota decidiu, então, que era hora de buscar o primeiro cliente de varejo. Em setembro de 2015, depois de algumas tentativas, conseguiu apresentar o produto ao St Marche, e fechou uma encomenda de mil tortas. Apenas 15 dias depois, eles refizeram o pedido, e passaram a ser abastecidos quinzenalmente pela Help!e.

Dois meses depois, eles ainda estavam se adaptando ao novo ritmo de crescimento, quando foram procurados pelo Pão de Açúcar.

Com mais um negócio fechado, eles foram conquistando novas prateleiras, como as do Extra e Empório Santa Maria.

Rota percebeu, então, que precisava fortalecer a administração da pequena empresa. “Convidei meu ex-chefe para se tornar sócio-administrador, e acompanhar nossa entrada no varejo”.  

Com mais de 20 anos de experiência nas áreas financeira e comercial em multinacionais de diversos segmentos, Renato Gianni, 50 anos, constatou que o galpão no Jabaquara ficou pequeno para a Help!e, que precisava definir sua nova estratégia de expansão. 

OS QUATRO SÓCIOS: VITÓRIA, ROTA, GIANNI E ALMEIDA
 

Era preciso aprimorar o processo de fabricação, investir em maior qualificação e atualizar a embalagem do produto.

Decidiram levar o negócio para a cidade de Itapuí, onde a família de Rota tinha um galpão de 300 metros quadrados, e também seria mais fácil garantir ingredientes selecionados e frescos de pequenos produtores rurais da região, e incentivar a economia local.

Os sócios investiram R$ 100 mil, que conseguiram com Gianni e o pai de Rota. Com uma produção de 12 mil tortas por mês, eles empregam oito funcionários, estão em 200 pontos de vendas, esperam fechar 2016 com um faturamento de R$ 1,3 milhão, e se preparam para entrar no mercado internacional, em 2017. 

JOVENS EMPREENDEDORES

Hoje, Rota faz parte de um grupo de pessoas, que não aceitariam trocar a atividade que desempenham em suas empresas por um emprego formal que pagasse um salário compatível com o mercado, somado aos demais benefícios previstos pelo regime CLT.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), essa é a realidade de 57,7%  dos entrevistados - seis em cada dez empreendedores com idade entre 18 e 34 anos.  

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Outros 23% até aceitariam a proposta, mas tentariam conciliar o novo emprego com a sua empresa. E apenas 3,7% concordariam em abandonar a vida de empresário para virar um trabalhador assalariado.

Insatisfação com o mercado de trabalho ou com seus empregos atuais aparecem como os principais motivos para se arriscar no empreendedorismo. 

BROWNIE MILIONÁRIO 

A história de Luiz Quinderé, 26 anos, é bem parecida com a de Rota. Em 2005, ele pediu a ajuda de Vânia, a faxineira da família, para preparar uma receita de brownie, e vendê-la para os amigos na hora do intervalo do colégio.  

Em poucas semanas, o doce ficou conhecido como Brownie do Luiz, e virou negócio. Hoje, ele tem uma fábrica, três lojas, fatura R$ 3,5 milhões por ano, tem 30 funcionários e cinco sócios – Vânia é um deles. 

Sucesso com a receita na escola, Quinderé a reproduziu durante seis anos. Ele chegava a fazer até 100 brownies por dia. Ao entrar na faculdade, o doce continuou sendo vendido no antigo colégio, e ganhou novos clientes na universidade. A produção aumentou para 400 doces.

HOJE, BROWNIE DO LUIZ TEM TRÊS LOJAS PRÓPRIAS
 

Em 2012, ele juntou tudo o que ganhou com um empréstimo que conseguiu com a família, e investiu R$ 120 mil na primeira fábrica, em Laranjeiras, bairro nobre da cidade do Rio de Janeiro.

Com a formalização do negócio, ele passou a produzir 1,6 mil doces por dia com cinco funcionários e a distribuir o produto em outros pontos de venda. 

Um ano depois, a doceria não parava de crescer e passou a funcionar num espaço dez vezes maior que o primeiro. Produzir, embalar, comprar, responder e-mail, entregar, fazer mídia, pagar as contas – todos esses processos eram feitos pessoalmente, pelo empresário.

A ponto de perder as rédeas do negócio, Quinderé não teve outra opção: transformou as cinco pessoas que trabalhavam com ele em sócios do negócio. 

Sem revelar o faturamento, ele afirma que metade do que ganha é reinvestido no próprio negócio, que além de sete tipos de bownie, possui também uma linha de picolés recheados com o doce, além do sorvete de massa artesanal (sabor de creme misturado com pedaços de brownie).

A fama do negócio rendeu também uma parceria com a cervejaria Three Monkey Beer, que lançou uma cerveja artesanal com a guloseima, a Brown Ale com cacau. 

A atual produção de cinco mil doces por dia é distribuída entre as lojas próprias no  Rio de Janeiro (Laranjeiras, Leblon e Niterói), e 300 pontos de venda, entre Rio e São Paulo, além das vendas por meio da internet.

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