Conheça a história de empreendedorismo feminino de duas amigas, que compraram uma peixaria na pandemia

Elas trabalharam juntas em uma rede varejistas por mais de 20 anos e em 2013, decidiram sair em busca de novas oportunidades. Apesar da amizade, Eliana Cristina Valentim, 46 e Cristiane de Oliveira Santos, 47, resolveram empreender em ramos diferentes.

Neste ano, em meio à pandemia, começaram a pensar na possibilidade de investirem juntas em um negócio. Desde o início, a única certeza é que seria no setor de alimentos. “Pensávamos em um supermercado ou algo do tipo e foi quando vi que estavam passando o ponto de uma peixaria. Fui viajar e durante a viagem liguei para a Cristiane dizendo que havia encontrado a oportunidade”, diz Eliana.

Mesmo sem entender do setor, elas resolveram encarar o desafio e adquiriram a peixaria. “De peixe, só sabíamos comer, mas isso não foi impeditivo”, relembra Cristiane. “Visitamos o local, acertamos com o ex-proprietário e só depois de tudo fechado, que comunicamos os nossos maridos”.

Peixaria adquirida, as agora sócias ‘mergulharam’ nos estudos para conhecer sobre peixes e, em 18 de maio, poucos dias antes do “lockdown” adotado pelo município, a Rainha do Peixe e Cia foi inaugurada. “Queríamos um nome feminino e que fosse fácil de gravar. Sugiram vários e nós resolvemos sortear. Rainha já remete ao universo das mulheres”.

No começo, com um único peixeiro, Eliana e Cristiane precisaram até aprender a cortar um peixe na serra para substitui-lo no horário do almoço. “Fomos com medo mesmo e aprendemos. Hoje fazemos de tudo, a gente busca o peixe, limpa, corta e faz a venda e se precisa pesca também”, brinca Eliana.

A Rainha do Peixe fica na Vila São Sebastião, com entrada pela Rua Francisco Marques ou Major Moura Mattos e comercializa peixes frescos e congelados de mar, de rio, frutos do mar e bolinhos, incluindo produção própria. “Esse é um mundo masculino, por isso enfrentamos algumas desconfianças da nossa capacidade, principalmente dos homens, mas no geral estamos sendo respeitadas e a recepção tem sido muito positiva”.

Aberta todos os dias, a peixaria não tem cheiro forte de peixe e esse é um ponto elogiado pelos clientes, segundo as empreendedoras. Desde o início do negócio, elas também não se incomodaram com o odor na hora de manipular os peixes. “Mulher é naturalmente mais detalhista, por isso temos muita preocupação com a limpeza, mas o cheiro forte de peixe nunca foi problema para nós. Encaramos naturalmente e sem deixar a nossa feminilidade de lado”, revela Eliana.

Além do espaço limpo e organizado, as amigas e sócias fazem questão de enaltecer o atendimento diferenciado que oferecem. “Todo cliente é muito bem recebido, apresentamos os peixes, tiramos dúvidas e esse atendimento mais próximo traz resultado. As pessoas começam a falar uma para outra e essa propaganda boca a boca tem nos ajudados”, comemoram.

Sobre a divisão de tarefas, Eliana e Cristiane são categóricas em dizer que a amizade de décadas ajuda na gestão do empreendimento. “Temos bastante diálogo e a divisão de tarefas foi natural, cada uma assumiu aquilo que tem mais facilidade”, diz Cristiane.