Com renda menor e medo do desemprego, consumidor deve comprar artigos mais em conta ou à vista, afirma ACSP. Queda nas vendas será de 4,1%, de acordo com estimativa da CNC
O comércio deve ficar no vermelho mais uma vez neste Dia das Mães, segunda principal data do varejo, atrás apenas do Natal.
As vendas relacionadas à comemoração devem cair 4,1% em relação ao ano passado, estima a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O resultado será o pior desde o início da série, em 2004.
Isso mostra que, de novo, a data será de lembrancinhas: com a queda na massa salarial de 11,2% e o índice de desemprego na casa dos 10%, o consumidor deve optar por itens de menor valor para presentear, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que enxerga esse cenário como reflexo da crise.
“Os setores de móveis e eletrodomésticos serão muito prejudicados porque o consumidor está inseguro e avesso a riscos. Ele também não tem confiança para se endividar nesse momento, pois não acredita na recuperação da economia”, afirma Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Segundo a CNC, as opções de presente para as mães estarão nos segmentos de artigos de uso pessoal e doméstico, que devem ter um crescimento de 4,4% em relação à data em 2015, e de vestuário, calçados e assessórios, com previsão de alta de 2,3%.
"Menos dependentes das condições atuais de crédito e com variações de preços menos acentuadas nos últimos meses, as vendas nesses dois segmentos, caracterizados por tíquetes médios mais baixos, deverão responder por quase dois terços de toda a movimentação do varejo nessa data em 2016", afirma Fabio Bentes, economista da CNC.
A Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra no Varejo, do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar) confirma: a expectativa de compra do consumidor para o período abril-junho é de 40,2%, amenor desde 2002.
“A confiança do consumidor em patamar baixo, puxada pela queda na renda e a alta nos juros reforça esse cenário”, diz o professor Cláudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar.
Apesar do recuo, a CNC prevê que as vendas para o Dia das Mães devem movimentar aproximadamente R$ 5,7 bilhões neste ano.
Mas nem o comércio está animado: uma consulta a lojistas da região do Brás e do Centro da capital paulista mostra que, ou não há ações voltadas à data, ou as que têm, são tímidas. Já as coleções típicas dessa época, voltadas à moda Outono-Inverno, ainda não deslancharam devido ao calor.
“Só vamos fazer algo mais próximo da data para chamar mais atenção”, diz Viviane Santos, gerente de vendas da loja de moda unissex e plus size Conexão Shyro’s.
Mesmo assim, ela acredita que, para presentear mães e avós, os consumidores vão fugir um pouco da “economia” que têm feito para comprar. “Tem que acreditar. Senão, não vende.”
Peças de vestuário e calçados realmente serão uma possibilidade entre os presentes mais em conta ou para pagar à vista, diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
“Mas, se o frio não chegar, as coleções podem encalhar nas lojas, e a opção será por lembranças de menor valor, como livros, bijuterias ou cosméticos", completa o economista.
Eletrodomésticos ou eletroeletrônicos para as mães - os bens duráveis - nem pensar: segundo Alfieri, de acordo com a última pesquisa da ACSP/Ipsos, 62% dos consumidores avessos ao crédito não pretendem comprar a prazo.
Outros 57% não se sentem seguros em relação ao emprego, portanto, não estão à vontade para fazer esse tipo de compra. Dos entrevistados, apenas 16% estão à vontade, lembra o economista. Em 2015, porém, esse total era de 31%.
“Resta aos lojistas fazerem boas promoções ou esticarem mais os prazos para ver se conseguem atrair de verdade esses clientes”, diz o economista da ACSP.
SALVA OU NÃO SALVA?
Mesmo sem fazer previsões numéricas, a perspectiva da ACSP é de continuidade da trajetória de queda nas vendas do comércio naprimeira quinzena de maio.
Alfieri lembra que, em igual período do ano passado, o recuo foi de 2,7%. Nesse ano, o resultado deve continuar ruim, já que o quinto dia útil do mês, data do pagamento de muitos consumidores, cairá na sexta-feira que antecede o Dia das Mães.
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Será uma corrida de “última hora”, segundo o economista. “Além do problema macroeconômico e de estarmos em um momento maior de incerteza política, o calendário também não vai ajudar.”
“Ou seja: de novo, nem o Dia das Mães deve salvar o varejo esse ano”, resume o professor Felisoni, do Ibevar.
Foto de abertura: Thinkstock - Notícia publicada em 25/04/2015 e atualizada em 26/04/16 às 14h15
*Com informações do Estadão Conteúdo
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