Abrir uma franquia de baixo custo pode parecer uma boa ideia para quem tem um pouco de dinheiro guardado e sonha em ter o próprio negócio. Porém, especialistas alertam que é preciso cautela antes de escolher uma rede. A regra vale para todas as categorias de franquias, mas as que exigem investimento menor merecem mais atenção. É o caso das microfranquias, redes com investimento inicial de até R$ 80 mil.
"Pode até ser uma grande oportunidade, mas gera uma preocupação grande porque existem franqueadores que vendem o negócio visando apenas receber a taxa de franquia", diz Milena Lidor, diretora de Planejamento da consultoria Franquear. O ideal, segundo ela, é que o franqueador invista dinheiro na rede para estruturá-la e para dar suporte aos franqueados.
Saiba o que avaliar antes de fechar o negócio.
É preciso identificar-se com o negócio e gostar da área de atuação, ainda que não tenha muito conhecimento sobre ela. Nesse caso, a franquia é um modelo de negócio interessante porque aproveita a experiência do franqueador, segundo Marcus Rizzo, diretor da consultoria Rizzo Franchise. Por outro lado, abrir uma franquia em uma área em que já se tem experiência pode não ser uma boa decisão. "Pode haver conflito entre o seu conhecimento e o do franqueador, e não será uma forma legal de começar um negócio."
Depois de escolher o segmento em que deseja atuar, o ideal é consultar duas ou três redes daquele setor para comparar. É importante exigir a COF (Circular de Oferta de Franquia) para ter uma noção mais ampla do negócio antes de assinar o contrato e pagar qualquer taxa.
A consultora Milena Lidor diz que, recentemente, uma rede chegou a abrir 108 unidades em um ano. "Isso é considerado um verdadeiro fenômeno no mercado de franquias, e quem é do meio sabe que é bem provável que haja algo de errado." Segundo ela, a rede atuava no setor de serviços e pedia investimento de R$ 40 mil. Após o crescimento astronômico, os franqueados começaram a fechar por falta de suporte. "Principalmente nos três primeiros anos de abertura de uma rede, todo o dinheiro que entra --seja taxa de franquia, royalties ou outros-- precisa ser investido no negócio. E o suporte é um dos aspectos mais importantes."
Uma rede séria deve ter um planejamento para garantir sua atuação no mercado durante os próximos cinco anos. Algumas franquias não têm um projeto assim. "Ter dez unidades é uma coisa, mas planejar a sua estrutura para administrar 50 ou 100 não é uma tarefa tão simples. É preciso planejar, por exemplo, o crescimento de equipe. Talvez seja preciso sair de uma pequena sala comercial para um espaço maior e investir em tecnologia para atender toda a rede", afirma Lidor.
Não dá para tornar uma marca forte sem padronizar a decoração e o atendimento. "Há redes que não se preocupam com esse aspecto, mas isso impacta diretamente a força da marca", diz Lido.
Ao escolher a rede, é importante visitar de cinco a dez franqueados para checar se as informações passadas pelo franqueador e na COF condizem com a realidade:
- Suporte: Verifique se o franqueador oferece o apoio necessário, pois a falta de suporte é um dos principais motivos de fracasso, segundo especialistas. "O fato de a rede ser pequena ou exigir baixo investimento não significa que ela não tenha que dar suporte ao franqueado", diz Milena Lidor, da Franquear. Ela afirma que há casos em que o empreendedor não recebe apoio nem no dia da inauguração, se for em um Estado distante da sede.
- Auxílio a distância: Veja também como esse suporte é prestado. É comum as redes oferecem suporte a distância, mas esta não pode ser a única forma de acesso ao franqueador. "Ele precisa receber todo o apoio que necessita para tocar o negócio. A rede tem que dar toda a infraestrutura e uma consultoria permanente para ele tocar o negócio."
- Tempo na rede: Verifique há quanto tempo o franqueado está na rede, porque a mortalidade das franquias com atuação home office é de um ano e meio, diz Lidor. "Um ano ele consegue sobreviver porque, normalmente, tem dinheiro guardado. Passado esse período, ele pede suporte para a franquia, mas não obtém apoio e acaba fechando a unidade."
- Tecnologia: A rede tem que oferecer tecnologia para o empresário gerir o seu negócio. "Ele precisa de um software adequado, de intranet e outras ferramentas para auxiliá-lo no dia a dia", diz Lidor. É importante ter uma universidade corporativa, um sistema onde o empreendedor possa aprender constantemente sobre o negócio e se atualizar sobre o mercado no qual atua.
O franqueador é obrigado a indicar franqueados que não atuam mais na rede --a determinação consta na COF. "Converse com eles para ver qual o motivo de terem desistido do negócio", diz Rizzo.
Muitos empresários usam sites de reclamação para registrar suas queixas. "Vale fazer uma busca na internet para verificar se há algum relato negativo sobre a rede que está avaliando", afirma Rizzo.
Lidor afirma que o investimento em marketing é essencial para franquias com baixo investimento. "Não estamos falando de uma marca como O Boticário, por exemplo. A maioria é desconhecida e precisa de divulgação para alavancar os negócios." Algumas franqueadoras acham que investir em marketing é dar apenas um catálogo e um cartão de visitas para o empresário, segundo a especialista. "E nós sabemos que não é bem assim. Se a pessoa optou por abrir uma franquia, ela quer o suporte exigido para o negócio."
Confirme se o valor pedido pela rede é o que você tem disponível para aplicar no negócio, mas não escolha a franquia apenas porque ela exige um baixo investimento, diz Rizzo. "É a última coisa que se deve pesar antes de entrar no negócio. Você está comprando a experiência de alguém que está à frente do negócio."
Também é importante verificar exatamente o que esse investimento inclui, em termos de suporte e transferência de experiência. "Sempre dê preferência a uma franquia que tenha unidades próprias. Isso mostra que o dono conhece o setor e testou o negócio antes de começar a vendê-lo", diz o especialista.
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