Por acaso, Agatha Rolim (na foto) e Juliana Motter converteram hobbies em trabalho e criaram um mercado lucrativo também para outros empreendedores
Agenda lotada e produção a todo vapor. Essa combinação pode parecer utópica em tempos recessivos. Mas, na verdade, é a rotina de duas empreendedoras que inesperadamente se tornaram referência em nichos de mercado inexplorados até então.
A marca Maria Brigadeiro certamente já não soa mais estranho aos ouvidos paulistanos. Responsável por consolidar o brigadeiro como um patrimônio nacional, sua criadora, Juliana Motter, recebe a cada dia de cinco a dez e-mails com pedido de gente querendo franquia ou se tornar sócio investidor.
“Nem cogito isso, meu foco é outro, é justamente o artesanal, e não o industrial. Não vou saber administrar”, diz.
Resistente ao modelo de franchising, Juliana abriu a sua loja em Pinheiros, em 2007, e causou uma propagação de brigaderias pelo país afora.
Apaixonada pelo doce desde pequena, Juliana aprendeu a receita com seis anos de idade, e a transformou em presente. “Achava aquilo tão delicioso, que para mim representava um ótimo presente”, diz. Desse hábito surgiu o apelido Maria Brigadeiro, que futuramente, batizaria seu negócio.
Juliana conta que levou dez anos para entender que seu maior prazer era a sua vocação profissional. Formada em jornalismo e profissional da área, ela repetia a receita semanalmente e a levava para onde ia.
Em uma dessas ocasiões, o doce fez tanto sucesso, que levou a jornalista a aceitar uma encomenda de mil docinhos para a próxima semana. Um caminho sem volta.
O efeito foi multiplicador, e as constantes encomendas obrigaram Juliana a abandonar o jornalismo, e apostar nas panelas como principal fonte de renda.
“Comecei a trabalhar somente com encomendas.” Não demorou para que o público descobrisse o endereço da Maria Brigadeiro e formasse fila para comprar a iguaria para consumo imediato.
Além de reformular a receita com ingredientes de alta qualidade, Juliana também queria propor uma mudança no hábito de consumo do doce, até então restrito a festas, e não era tão versátil como bombons e chocolates.
Ela lembra que inaugurou o ateliê em uma época em que o termo gourmet tomava conta do mercado de alimentação, e já estava ficando desacreditado.
“Foram muitas dificuldades. O termo gourmet pipocou, e o caráter artesanal perdeu a força. As pessoas estavam com birra do que era gourmet”, diz.
“Tinha também a parte burocrática do negócio que eu não entendia mesmo, e havia a dificuldade em rotular o meu trabalho. Como abriria uma brigaderia se a categoria não existia? Eu não queria abrir uma doceria”. Não houve jeito senão recorrer a uma orientação profissional, e assim prefere seguir até hoje.
FÁBRICA DE CHOCOLATE A SERVIÇO DO BRIGADEIRO
Na medida que sua clientela aumentava, crescia também o número de estabelecimentos especializados como a Maria Brigadeiro obrigando Juliana a se reinventar. “Estava feliz em ter incentivado tanta gente a investir no doce. Mas queria manter meu brigadeiro único”, diz.
Servir o brigadeiro fresco e finalizado na frente do cliente, com uma nova roupagem e com chocolate de qualidade já não eram necessariamente um diferencial.
Foi então que ela se propôs a produzir um brigadeiro genuinamente brasileiro, e abrir mão do tradicional chocolate francês Valrhona como ingrediente principal.
Juliana se aventurou em busca de um chocolate nacional – uma missão quase impossível. A solução encontrada foi desenvolver seus próprios ingredientes e produzir a sua matéria-prima desde a amêndoa do cacau.
Foram muitas visitas a diversas fazendas de cacau na Bahia para encontrar um produtor que respeitasse a maturação do fruto. Em seguida, Juliana montou uma fábrica de chocolate artesanal nos fundos do ateliê para abastecer exclusivamente a brigaderia.
Ao todo, a transição do produto importado para o nacional levou um ano e meio. “Os clientes estavam acostumados com o chocolate que usávamos, por isso fomos mesclando o importado com uma porcentagem cada vez maior do nacional”, diz.
Não fosse a ousadia de assumir todo o processo de seus produtos, provavelmente Juliana estaria refém dos chocolates importados até hoje. Além disso, ela não seria dona de um sabor exclusivo. “Essa foi a minha maneira de tornar meu brigadeiro único e de qualidade, sem corantes e conservantes.”
PINTAR PAREDES
Assim como fazer brigadeiros não parecia um futuro promissor para Juliana, ilustrar painéis e paredes também não parecia um bom negócio para a ilustradora Ágatha Rolim, 27 anos.
Formada em moda, Ágatha nunca almejou fazer parte do mundo do empreendedorismo como ilustradora até se envolver nos preparativos do noivado da irmã e viralizar na internet com atécnica chalkboard – uma tendência em decoração que nasceu nos Estados Unidos, e caiu no gosto dos brasileiros.
A técnica, na verdade, reproduz um quadro negro ilustrado com desenhos, frases e informações personalizadas feita a giz sobre um aniversariante, casal, família ou estabelecimento comercial.
“Fiz um painel para o noivado da minha irmã. Quando ela postou a foto na internet, sem nenhuma pretensão, ficamos surpresas com a dimensão que aquilo ganhou”, diz.
Além muitos pedidos de orçamentos para eventos, Ágatha era questionada diariamente sobre como reproduzir a técnica, e quais materiais utilizar. Foi então que ela percebeu que poderia se dedicar integralmente ao chalkboard, pois demanda não faltava.
“As pessoas começaram a me fazer mil pedidos, e eu não fazia a menor ideia de que isso poderia ser um nicho de mercado”, diz. “Não sabia como cobrar pelo meu trabalho, não tinha nenhuma referência, e tampouco sabia como ajudar as pessoas que também queriam trabalhar com isso.”
Ágatha foi longe, e hoje, além de painéis para casamentos e festas infantis, ela aplica a técnica de forma permanente em quadros, lembrancinhas, vasos, garrafas, capinhas de celular, residências, varandas gourmet, e no que mais seus clientes pedirem.
Hoje, após um ano de muito trabalho, Ágatha quer materializar o seu ateliê. Em busca de um espaço físico, e de funcionários para ajudá-la, a ilustradora se prepara para oferecer cursos.
“Fui autodidata, e sempre pesquisei muito sobre o tema. Mas, percebi que há outro campo a ser explorado e vou começar a dar aulas porque as pessoas me pedem muito”, diz.
O sucesso inesperado trouxe uma infinidade de dificuldades, como a formalização de seu negócio, a elaboração de contratos de clientes, e organização financeira e comercial, que atualmente são coordenadas por um primo advogado.
Sem tempo e nem capital para investir em outros meios de divulgação, Ágatha apostou no Instagram. E deu certo. Em seis meses, o perfil da empresária saltou de 300 para 9 mil seguidores, tornando seu trabalho mundialmente conhecido, e conquistando grandes clientes como Bauducco, Frutaria SP, Tapiocaria Market e Shopping Cidade Jardim.
“Hoje, faço trabalhos em outros estados, e envio quadros até para a França”, diz. “Acredito que fazer algo diferente, com muito carinho, e abraçar tudo o que o cliente quiser sem impor dificuldades é o grande trunfo de um negócio próspero”.
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