Com a expansão do varejo eletrônico, comerciantes precisam rever estratégias e adaptar seu negócio para sobreviver aos novos tempos
Realizar compras pela internet deixou de ser uma atividade apenas das novas gerações. Entrar num site, escolher o produto e fazer o pagamento online se tornaram tarefas simples e cotidianas, mesmo para quem não está tão familiarizado com a internet.
De acordo com o estudo Webshoppers, realizado pela E-bit, quase um quarto da população brasileira (cerca de 48 milhões de consumidores) realizou pelo menos uma compra online em 2016 -aumento de 22% em relação ao ano anterior.
Entre esses consumidores, 34% têm mais de 50 anos. A tendência é que cada vez mais consumidores utilizem a internet para fazer compras nos próximos anos. A expectativa é que o comércio eletrônico aumente 12% no próximo ano.
O crescimento do comércio eletrônico levanta uma questão: qual o futuro das lojas físicas? Abundam especulações, mas a maioria dos especialistas acredita que elas não vão morrer. Para sobreviver, no entanto, terão de sofrer um processo de transformação para se adaptar às novas realidades.
ESTOQUES E LOGÍSTICA
Algumas mudanças já estão acontecendo no varejo. Empresas online, por exemplo, têm investido em lojas físicas que funcionam apenas como showroom. Uma delas é a Amaro, que vende roupas e acessórios femininos.
A marca criou lojas e quiosques que servem para que os clientes provarem as coleções e realizarem compras online. Por enquanto, há oito endereços que ficam em shoppings do Rio de Janeiro e de São Paulo.
A loja não tem estoque, por isso não é possível comprar e sair de lá com o produto. Mas é possível fazer a devolução de produtos e coletar trocas.
“Num showroom haverá uma unidade de estoque mínima no próprio salão da loja. O propósito é permitir que os clientes toquem, sintam e experimentem as mercadorias”, disse Lee Peterson , da WD Partners, empresa especializada em estratégia para marcas, em entrevista à revista Chain Store Age.
“Sabemos pela nossa experiência e por pesquisas anteriores que tocar e sentir são aspectos críticos para as compras no varejo físico”, disse.
A tendência para os próximos anos é misturar online e o físico. Essas mudanças irão afetar de forma significativa tanto os estoques quanto a logística das empresas.
TECNOLOGIA
Outra maneira de atrair mais clientes para as lojas físicas é com o uso de novas tecnologias.
“Os varejistas que entendem o futuro do varejo são aqueles que conseguem trazer as regalias das compras online para as lojas físicas”, diz Maris Cohen, diretor da NPD Group.
As lojas do futuro serão equipadas com diversos dispositivos que irão facilitar as compras ou irão ajudar os consumidores na escolha dos produtos.
Diversas lojas nos Estados Unidos estão disponibilizando tablets para ajudar na localização de produtos. Já possuem terminais de pagamento para evitar filas.
Outras tecnologias ajudam a experiência de compra. A Sephora, rede francesa que vende maquiagens e cosméticos, adotou um software que possibilita identificar o tom de pele da cliente e recomenda a base mais apropriada.
Já a rede de lojas americana Bloomingdale’s instalou telas touch screen nos provadores. Com apenas um clique, os consumidores podem ver a avaliação de outros clientes para um produto específico ou pedir ajuda de um vendedor. Tudo sem sair da cabine do provador.
NOVAS FUNÇÕES
Para sobreviver aos próximos anos, os lojistas terão que redefinir suas estratégias. Em vez de apenas vender, eles terão de pensar em novas funções para os espaços físicos.
Para Caitlin Neyer, da FRCH Design Wordwide, os varejistas deveriam repensar seus propósitos.
“Qual o benefício sua marca traz para o mundo? (dica: a afirmação não dever conter a palavra vender)”, disse em entrevista à Chain Store Age. “As empresas devem antecipar as necessidades humanas e determinar como seus propósitos podem ajudar as pessoas.”
A loja do futuro não irá apenas vender, mas também inspirar os clientes. Dessa forma, não será apenas o consumo que atraíra pessoas para os estabelecimentos, mas a possibilidade de lazer e de criar novas experiências.
No Brasil, a rede de varejo Ri Happy, que vende brinquedos, está seguindo essa tendência.
Pelo menos duas lojas da empresa mantêm um espaço em que os pequenos clientes podem testar os produtos e brincar dentro da loja.
CONVENIÊNCIA
Os clientes querem economizar tempo. Eles não querem mais esperar em filas ou perder horas procurando os produtos nas lojas
Os e-commerces oferecem essa comodidade para os consumidores. Por isso, as lojas físicas terão de estar atentas à conveniência.
A Amazon Go, que será inaugurada em Seattle, no Estados Unidos, deve ser uma das pioneiras nessa questão. A loja venderá alimentos e artigos para consumo imediato e não terá caixas e filas. O pagamento será totalmente automatizado por meio de aplicativos e sensores.
A americana Target também está pensando em comodidade. Para tanto, seu novo modelo de loja terá duas entradas. Uma exclusiva para quem está com pressa ou quer pegar pedidos que foram feitos online. E outra para quem quer aproveitar as compras.
“Com os consumidores fazendo cada vez mais compras planejadas nos e-commerces, eles irão às lojas para compras de emergência para compras rápidas”, afirma Deborah Weinswig, diretor da Fung Global Retail and Technology. “Esses clientes irão para lojas perto de suas casas para adquirir esses itens.”
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