O mundo se preparava para uma redução de tensão global com o encaminhamento do fim da pandemia de Covid-19 e acabou sendo surpreendido por um novo conjunto de tensões: após duas semanas de iminência, a Rússia efetivou uma invasão na Ucrânia.
A velocidade dos eventos é tão rápida que fica difícil prever o que deve acontecer nele, mas os impactos econômicos já podem ser previstos, seja em aspecto local (Ucrânia e agregados) quanto global, em curto, médio e longo prazos. Vamos a essa discussão.
Em primeiro lugar, o que acontece localmente na Ucrânia e em países próximos que estiverem em meio ao conflito, já no curto prazo: direta ou indiretamente as atividades econômicas ficarão paralisadas, dado que, estando em conflito, as atividades regulares ficam suspensas. Dessa maneira, o que produz hoje a economia ucraniana e dos demais locais que estiverem no conflito fica comprometido - e isso afeta o Brasil no que importamos deles e vendemos para eles.
Ainda olhando para o curto prazo, mas de maneira global: as commodities de energia, como petróleo e gás, acabam subindo ainda mais de preço e isso faz com que a inflação em todo o planeta, já pressionada, fique ainda mais alta (ou pelo menos tenha mais dificuldade em se reduzir do que inicialmente se pensava). O petróleo, por exemplo, entrou no temido território dos três dígitos: isso já estava para acontecer porque a recuperação econômica fazia com que a demanda superasse a oferta, mas a diferença com esse conflito é que o aumento de tensão faz com que não tenhamos ideia de quando haverá normalização ou alívio nesses preços.
Levando em conta o médio prazo, olhando para alguns trimestres, o efeito estará sobre a oferta de commodities agrícolas do mundo. Importamos insumos para fertilizantes da Ucrânia e da Rússia e isso afeta nosso agronegócio. Quando esses fertilizantes ficam mais caros, devemos ver o encarecimento de produtos agrícolas das próximas safras, o que, na prática, irá contribuir para a continuidade do atual forte ciclo de commodities e também uma possível redução da oferta de alimentos em seguida.
Agora olhando para um prazo mais esticado, levando em conta essa década que vivemos, outro evento pode ser alterado: a normalização de juros e crédito globais. De 2021 para cá, vimos diversos bancos centrais do mundo sinalizando aumentos de juros ou de fato colocando-os em prática. Com um aumento da tensão global como o que verificamos agora, de um lado os bancos centrais pensarão sobre as pressões de preço para cima (o que estimula a caminhada dos juros para cima), mas de outro poderão ficar em compasso de espera aguardando a regularização das coisas (o que seguraria esse compasso de alta).
Este último fator, de longo prazo, abre um campo amplo de possibilidades. É preciso lembrar que, antes mesmo deste aumento de tensão global que verificamos agora, a própria continuidade da pandemia já era motivo de discussão sobre como os juros globais, sobretudo em economias desenvolvidas, seriam normalizados. Então a saída pouco trivial do maior ciclo de crédito da história do capitalismo ficará ainda mais complexo agora.
Em uma economia globalizada como a que vivemos, seria leviano afirmar que um conflito militar em um local do planeta se reduziria a efeitos locais. E, no caso desse conflito, dado o que já vínhamos vivendo da pandemia para cá, os efeitos podem ser ainda maiores.
Que a diplomacia e a paz possam selar o fim deste conflito o mais rápido possível.
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