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Como comércio especializado do interior paulista enfrenta a crise

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Notícias 19 Jul, 2016
Cidades com forte dependência econômica de determinados segmentos, como Pratânia, Porto Ferreira e Pedreira reagem ao período recessivo de formas diferentes

O clima recessivo que atinge  pequenas, grandes e médias empresas, indústrias e o consumo das famílias não está poupando, em menor ou maior grau, diferentes regiões do Estado. Até mesmo as cidades  interior paulista   que formaram polos regionais, e atraem lojistas e turistas para seu comércio especializado.

Com preços mais baixos e maior variedade de produtos de boa qualidade, algumas indústrias se tornaram a base da economia local.

A produção de malhas, roupas de inverno, e louças são alguns dos segmentos responsáveis pelo desenvolvimento econômico, gerando empregos e receita. Eis alguns exemplos: 

PORTO FERREIRA

Sinônimo de fundo do poço para alguns segmentos, a alta do dólar fez o mercado direcionar o olhar para produções nacionais, como as cerâmicas produzidas em Porto Ferreira, a 252 quilômetros de São Paulo.

Considerada a capital nacional da cerâmica artística, a cidade mantém o otimismo em meio à crise. É fácil entender por que. Os valores elevados da cerâmica importada, em sua grande maioria da China, acaba impulsionando, nesta concorrência, os produtores nacionais.

“Não fosse esse fenômeno de alta do dólar, acredito que teríamos uma redução no volume de vendas”, diz Misael Pinheiro da Silva Junior, executivo do Sindicer (Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Porto Ferreira).

ALTA DO DÓLAR FAVORECEU VENDAS DOS FABRICANTES DE CERÂMICA EM PORTO FERREIRA
 

Mantendo um bom volume de vendas, lojistas e indústria comemoram um aumento estimado em 10% na procura pelas peças artísticas.

O maior temor era passar ileso pela melhor data do comércio, oDia das Mães. Considerada o Natal do comércio da cidade, a data representou um aumento de 30% (10% abaixo de 2015) no faturamento das lojas especializadas.

Com tradição no segmento desde 1930, hoje, a cidade possui cerca de 70 empresas especializadas, e duas grandes avenidas dedicadas ao comércio cerâmico. Mas, nem sempre foi assim.  

Porto Ferreira sentiu os efeitos de um período recessivo durante a crise de 2008. Foi quando o número de lojas abertas na cidade caiu de 300 para 70. “O que o varejo sofre hoje, sofremos em 2008”, diz Junior.

Foi então que, além de cerâmica, a cidade passou a produzir móveis de ferro na tentativa de retomar negócios falidos.

A escassez de recursos, e a debandada em massa dos clientes obrigaram empresários do ramo a rever processos para manter a qualidade do que era produzido por um preço mais atraente, afirma.

Uma das medidas foi aumentar a produção de faianças (tipo de cerâmica mais rústica, de menor valor agregado), substituir forno elétrico pelo a gás, e principalmente, reproduzir peças parecidas com as importadas, que deixaram de chegar ao país.

Além disso, a instalação de uma fábrica da portuguesa Verbano no município, há três anos, aumentou a oferta de porcelana fina, e atraiu novos consumidores – na maioria revendedores do Nordeste e Sul do país.

Fabricantes e comerciantes, porém, tiveram de lidar com o custo elevado de energia elétrica, que impacta diretamente na produtividade da cerâmica, e o alto preço pago por produtos importados, como esmalte cerâmico e materiais para polimento e retifica. “Fábricas que costumavam pagar R$ 11 mil, passaram a receber contas de energia de R$ 25 mil”, diz.

PEDREIRA

Reconhecida por suas peças decorativas, Pedreira, a 150 quilômetros da capital, costuma receber turistas de todo o Estado aos finais de semana.

Com a crise, esse hábito não mudou. No entanto, o consumo já não é mais o mesmo, de acordo com Rafael Rodrigues Bueno, representante da Câmara de Dirigentes Lojistas de Pedreira (CDLP), que tem 450 lojas cadastradas.

“O que era um roteiro de compras, foi convertido em roteiro turístico. Em geral, houve uma queda de 15% nas vendas do comércio, que mantém as portas abertas de segunda a segunda, das 8h às 18h”, diz.

 

PORCELANA PERDEU ESPAÇO EM PEDREIRA. PEÇAS DE MADEIRA ESTÃO ENTE OS ITENS MAIS PROCURADOS
 

Mesmo sem reajustar os preços há três anos, as vendas de porcelanas estão em baixa na cidade. Peças artesanais feitas de madeira, e itens de utilidades domésticas estão entre os produtos mais procurados pelos clientes.

Para Irani Ferreira de Assis, gerente da loja Artesanato Floral, a cidade passa por uma mudança de vocação há alguns anos, e isso interfere nas vendas mais do que a própria crise.

“Hoje, a maioria de nossas lojas é de decoração, mas falta divulgação. Muitos chegam esperando uma variedade maior de peças de porcelana, mas esse não é mais nosso forte”, diz.

PRATÂNIA

A 263 quilômetros de São Paulo, a cidade de Pratânia é reconhecida como a terra do couro, e atrai centenas de turistas nos finais de semana, especialmente no inverno. 

Há 80 anos instalada em Pratânia, a Prata Couro começou a sua história em 1934, com a sapataria de Angelino Paschoalinotte, especializada em produzir botinas de couro - a maioria usada pelos moradores dos sítios e fazendas do local.

PRATA COURO COMEÇOU A PRODUZIR PEÇAS NA DÉCADA DE 1930, EM PRATÂNIA
 

Com a entrada do filho e da nora no negócio, novos produtos começaram a ser produzidos pela empresa, como botas estilizadas, iguais às dos filmes de faroeste exibidos na época, e também jaquetas de couro. Assim, a cidade foi ganhando fama, e se tornou a principal produtora de peças de couro de São Paulo.

Atualmente, administrada por Abílio Paschoalinotte Júnior, neto de Angelino, a Prata Couro mantém duas lojas: uma em Pratânia e outra em São Manuel, a 258 quilômetros da capital – uma tarefa difícil em meio à crise. 

“O cenário econômico somado aos problemas municipais de São Manoel colocam em risco a vida útil da segunda loja”, diz.

Os problemas econômicos conhecidos por todo comerciante diminuíram o fluxo de consumidores, que saíam da capital para comprar na cidade. De janeiro a abril, Abílio registrou uma queda de 20% no volume de vendas da Prata Couro.

Já os meses de maio e junho foram salvos pela queda de temperatura, assim como ocorreu com o varejo da capital, elevando as vendas de peças de couro em 40%.  

Como estratégia anticrise, Júnior lançou um novo canal de vendas há um ano. Hoje, o e-commerce já é responsável por 20% do faturamento total da marca. 

Com um comércio inteiramente dependente do turismo, Júnior encontrou outra forma de atrair possíveis consumidores que visitam a região. 

Com uma represa turística, a cidade de Avaré, a 40 quilômetros de Pratânia, por exemplo, recebe um grande número de turistas aos finais de semana. Atento a esse movimento, Júnior fechou parcerias com alguns hoteis, e oferece translado gratuito do local de hospedagem até a sua loja.

“Acreditamos que maio e junho serão os únicos meses positivos, por isso estamos lutando com todas as armas para sobreviver a um ano muito difícil”, diz.

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