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Com Lula no governo, como fica a economia?

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Notícias 17 Mar, 2016
O ex-presidente foi nomeado o novo ministro-chefe da Casa Civil. Especulações sobre novos rumos para a política econômica preocupam investidores

A nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro sinaliza mudanças da política econômica para uma direção não desejada por investidores estrangeiros, de acordo com analistas.

Ainda que a presidente Dilma Rousseff rechace a ideia de guinada, as análises são de que o governo deverá ser mais proativo no esforço de retomar o crescimento com iniciativas criticadas, como aumento dos gastos públicos e uso de bancos públicos para incentivar o crédito.

Com isso, há temor de que reformas prometidas para arrumar a situação fiscal sejam engavetadas em Brasília.

Analistas estrangeiros acreditam que, além do papel político, Lula na Casa Civil poderia determinar a mudança da agenda de prioridades econômicas com um tom mais desenvolvimentista.

A analista sênior de risco soberano da agência de classificação de risco Moody’s, Samar Maziad, entende que a mudança no gabinete de Dilma Rousseff sugere um governo mais propenso a reabrir a torneira dos gastos em detrimento do esforço para o ajuste das contas. Ela lembra que a nota do Brasil tem perspectiva negativa. Portanto, um novo rebaixamento pela Moody’s é possível.

A percepção é semelhante na agência Fitch. A diretora de ratings soberanos para América Latina, Shelly Shetty, nota que "receios sobre a trajetória fiscal vão continuar prejudicando a confiança" na economia brasileira. Por isso, a diretora diz que a instituição continuará monitorando atentamente os desdobramentos políticos e econômicos no Brasil.

Entre os itens polêmicos mais citados pelos analistas estão o incentivo ao crédito por meio dos bancos estatais, aumento de gastos em programas simbólicos do governo, como o Bolsa Família, e a pressão para a redução do juro pelo Banco Central em um período em que o governo não tem dinheiro em caixa e a inflação segue muito acima da meta.

Se esse tipo de agenda econômica for executada, há o temor de que o governo adie ou mesmo engavete as reformas estruturais, como a da Previdência.

O jornal Valor Econômico desta quarta-feira (16/06) entrevistou uma fonte do governo que atribuiu ao ministro Lula a missão de coordenar um “plano de reanimação nacional”, o que envolveria o direcionamento de mais recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ao Minha Casa Minha Vida.

“De onde viriam esses recursos, se não há dinheiro nem mesmo para pagar os gastos obrigatórios do governo?”, questiona Ulisses Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Especula-se que o governo usaria parte das reservas internacionais, que hoje são de US$ 370 bilhões, para financiar esses programas. 

O que seria um grande erro, na opinião de Gamboa. “Imagine injetar de uma vez US$ 100 bilhões das reservas na economia, isso faria o real valorizar, comprometendo a retomada da indústria, setor que tem se beneficiado da alta do dólar”, diz o economista. “As reservas servem para garantir estabilidade dos pagamentos externos”.

A presidente Dilma Rousseff não demorou a vir a público para garantir que a nomeação de Lula não significará uma guinada brusca na política econômica. É sabido que o ex-presidente não compactua com muitas das ideias de Nelson Barbosa, ministro da Fazenda, e de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.

“Eles estão mais dentro do meu governo do que nunca”, disse Dilma em coletiva concedida no meio da tarde desta quarta-feira (16/03).

Mas o nome de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, já aparece como uma sombra no ministério da Fazenda. Ele seria o nome indicado por Lula para eventualmente substituir Barbosa. 

Para o economista da ACSP, a troca não influenciaria em nada os humores da economia, que sofre com a falta de confiança de empresários e consumidores. “A perda de confiança não pode ser tratada simplesmente como uma questão psicológica. Há problemas econômicos reais por traz disso. Essa troca não faria o sujeito que perdeu o emprego a recuperá-lo”, diz Gamboa. “Não há mais espaço para salvadores da pátria”, completa.

Eventuais mudanças na equipe econômica também não são bem vistas por Octávio de Barros, diretor do Departamento de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco. Ele enfatiza que seria temerário mudar a direção do Banco Central em um momento no qual a inflaçãoestá sendo controlada. 

“Seria indesejável qualquer interrupção no plano de voo do Banco Central atualmente”, disse Barros, após ter participado de reunião do Conselho Superior de Economia (Cosec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 

Para o diretor do Bradesco, o problema da economia é de âncora fiscal e não monetária, o que não justificaria a troca do comando do banco. "Eu acho que o desafio é eminentemente fiscal, que o Banco Central está fazendo um trabalho de muita habilidade e que eles vão acabar ganhando essa batalha da convergência da inflação em 2017”, disse Barros.

Tanto para Barros quanto para Gamboa, arrumar a economia dependeria necessariamente do ajuste fiscal. E qual seria a influência do ministro Lula nesse ajuste? O ex-presidente não concorda com a reforma da previdência, tida parte fundamental do ajuste fiscal. “O ajuste do ministro Barbosa já é muito brando e ficaria ainda mais caso a reforma da previdência seja tirada do seu escopo”, diz o economista da ACSP.

Vale lembrar que a previdência representa metade dos gastos obrigatórios do governo. 

Em meio às especulações, surpreendentemente o mercado se mostrou bem humorado. O Ibovespa fechou em alta de 1,34% - muito influenciado pela alta no preço do barril do petróleo, o que favoreceu as ações da Petrobras - e o dólar terminou o dia com queda 0,63%. 

*Com informações de Estadão Conteúdo

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