Lojistas do Brás registram alta de até 35% nas vendas nos últimos dias. Ainda assim, para a ACSP, o movimento do varejo vai continuar caindo em relação a 2015
Nem a inflação nem as taxas de juros deram sinais de desaceleração e o número de desempregados atinge pouco mais de 11 milhões de pessoas, de acordo com o IBGE. No entanto, deixando o cenário macroeconômico de lado e olhando para a meteorologia, dá para afirmar que o comércio de roupas ganhou pelo menos um aliado no último mês: o frio.
Ao longo do ano, a situação das lojas de vestuário era desoladora. Ruas tradicionais do comércio no Brás e no Bom Retiro viviam vazias. Desde a chegada da frente fria, o movimento cresceu - pouco, mas cresceu. Pelo menos é essa a percepção de diversos lojistas consultados pelo Diário do Comércio.
Isso não quer dizer que o consumo voltou ao ritmo que estava antes da crise, claro. O fato é que a queda de temperatura deu uma certa aquecida no mercado de vestuário.
Com 43 anos no ramo de confecções e quatro lojas no Brás, Richard Narchi, diretor da Rikwil, diz que o frio dos últimos dias “ascendeu uma luz verde” para o seu negócio.
A Rikwil é especializada em peças de moletom, mais utilizadas no tempo frio. Em maio, de acordo com Narchi, as vendas das suas lojas subiram 35% em relação às do mês de abril.
“O frio chega a ser mais importante para o meu negócio do que o próprio desempenho da economia. A diferença é que, quando não há crise, o consumidor adquire as peças antecipadamente. Neste ano, o cliente esperou esfriar para fazer alguma compra”, diz.
O movimento foi tão bom, especialmente nos últimos dias, que Narchi decidiu manter aberta uma de suas lojas, localizada na Rua Maria Joaquina, que estava prestes a fechar.
“Vamos aguardar um pouco mais. Decidimos renegociar o valor do aluguel da loja. Com a saída da presidente Dilma também criou se uma perspectiva de melhora na economia”, afirma.
Na confecções Dinho´s, com duas lojas no mesmo bairro, as vendas cresceram cerca de 25%, assim que o frio mostrou a cara.
Com o aumento no consumo, Fauze Yunes, sócio-proprietário da empresa, acredita que as vendas das peças de inverno podem ser parecidas com as do ano passado.
Até então, havia a perspectiva que as vendas da coleção de inverno pudessem ser ainda piores do que as de 2015, que já não tinham sido boas.
“Os lojistas na nossa região estão, de fato, mais animados. Na última sexta-feira e no sábado, mal dava para andar nas ruas do bairro”, afirma Yunes, que também é conselheiro da Associação dos Lojistas do Brás (Alobrás), que representa 700 comerciantes do bairro.
Na loja da TNG da Rua São Bento, no centro de São Paulo, Ivone Wagner, gerente, estima um aumento de vendas da ordem de 20% desde que a temperatura caiu.
As condições climáticas ajudam, mas até um limite. As lojas que conseguiram algum ‘respiro’ nas vendas são aquelas que vendem peças mais baratas.
Na Rikwil, por exemplo, os produtos custam ente R$ 49 e R$ 69. Na Yunes, a peça mais cara, calça jeans, é vendida por R$ 75 para o consumidor. Na TNG, o tíquete médio é de R$ 90.
“De fato, de acordo com depoimentos de lojistas, o frio movimentou mais as lojas de rua, que têm preços mais em conta. Nos shoppings, o movimento continua ruim, tanto que ainda há lojas fechando”, diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Por conta da queda do poder aquisitivo do consumidor, a TNG, com lojas em shoppings e nas ruas, decidiu, desde o final do ano passado, estender para as suas lojas de rua os preços de suas lojas de outlets.
Nas lojas de ruas, as peças chegam a custar até 70% menos do que as de shoppings, de acordo com a gerente Ivone Wagner.
Nas lojas do Bom Retiro, o frio resultou em um aumento de 5%, em média, nas vendas, de acordo com Nelson Tranquez Jr., presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro.
“Tudo indica que as vendas continuam abaixo de igual período do ano passado. Quem sabe poderemos chegar ao ritmo do ano passado com as mudanças que estão para ocorrer com a nova equipe econômica”, diz.
De janeiro a março, o volume de vendas do varejo de roupas, tecidos e calçados caiu 11,7% no Estado de São Paulo, na comparação com igual período do ano passado, de acordo com o Boletim AC Varejo, da ACSP.
Considerando somente o mês de março, a queda foi de 11,7% sobre igual mês de 2015.
“Não tem jeito. O varejo em geral foi muito afetado pela queda de renda, pelo crédito mais restrito e pelo receio de perder o emprego. Agora, evidentemente, o frio deu um gás para as lojas de roupas”, afirma Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.
Para a equipe de economistas da ACSP, o melhor que pode acontecer neste ano é uma redução das taxas de quedas de vendas, na comparação com 2015.
“As quedas devem diminuir porque tudo indica que a queda de consumo já atingiu o fundo do poço e não tem como cair mais. Mas somente para o ano que vem é que podemos esperar por taxas positivas de crescimento de vendas, em torno de 0,5% e 1%”, diz Alfieri.
Os comerciantes estão torcendo para que o frio seja intenso e prolongado para que consigam desovar as peças feitas neste ano e também as sobras do ano passado.
Alguns lojistas preferiram não apostar na estação e agora sentem falta de peças mais pesadas nas lojas. A La Moda, loja de roupas femininas localizada no centro de São Paulo, o investimento foi maior em roupas para meia estação.
Na última segunda-feira, a loja deixou de vender um casaco por falta de opção e tamanho para atender uma cliente.
Foto: Fátima Fernandes
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