Marca de cafés especiais surgiu durante a pandemia

Considerada uma das etapas mais bela do cafezal, a florada do café enche de cores e perfume a lavoura. É também momento de esperança, para saber se flores iraõ pegar ou não. Nas que vigam, surgem o chumbinho, nome do fruto ainda miúdo. 

O auge da florada dura de dois a três dias e foi nesse período que o Portal ACIF esteve na Fazenda São Marcos, em Cristais Paulista, para conhecer o café especial Flor da Mogiana. “Estudamos vários nomes e após algumas tentativas, decidimos por Flor da Mogiana em razão da delicadeza e da beleza do café nesse período e por remeter à nossa região produtora”, explica Sâmya Leandro Gomes, que responde pela marca juntamente com o marido Fabrício Mendonça Gomes e a cunhada e sócia, Camile Costa. “A marca surgiu na pandemia com a ajuda da minha cunhada de Piracicaba. Ela questionou por que não vendíamos o café torrado. Foi quando decidimos ingressar nesse mercado de cafés especiais”.

Atualmente a venda é feita somente pela internet (nas redes sociais da marca). Há opções de pacotes de 500 e 250 gramas em grãos e moído, além de cápsulas compatíveis com Nespresso.

Camile é a responsável por parte das vendas e pelo marketing, enquanto Sâmya e Fabrício estão mais pertos da produção, que na última safra resultou em 1,5 mil sacas. Desse montante, 5% foram destinados para a comercialização com a marca Flor da Mogiana. “Estamos começando, mas os resultados têm agradado. Todo mundo que experimenta o nosso café, aprova. Queremos aos poucos ir abrindo novos mercados. A Camile tem oferecido em cafeterias de Piracicaba e aceitação está sendo positiva”, disse Sâmya.

A LAVOURA

A produção de café na Fazenda São Marcos, localizada há 950 metros de altitude na região da Borda da Mata em Cristais Paulista, acontece há mais de 85 anos. As terras eram de propriedade do avô de Fabrício, Geraldo Mendonça, que sem o conhecimento e as técnicas de hoje viu o cafezal, com 10 mil pés na época, ser acometido por cigarras. “Como não sabiam lidar com a praga, eles arrancaram todo o café e durante uns seis anos ficaram sem plantar. Só depois, que a fazenda retornou com a produção. Agora já são 28 anos ininterruptos plantando café”, conta Fabrício.

Hoje, a fazenda tem 40 hectares de cafezal de quatro variedades e também se dedica à produção de leite, gado de corte e soja. O café é a principal atividade e recebe tratamento especial. “Logo após a florada aplicamos homeopatia no café para ajudar a segurar o grão”, explica o cafeicultor.

Além do tratamento homeopático, a propriedade utiliza de adubo orgânico, trabalha com irrigação nos cafés mais novos e realiza colheita manual em alguns talhões.

Segundo Fabrício, a cultura do café mudou muito nos últimos anos e novos manejos foram sendo inseridos. “Fomos aos poucos agregando informação e há cerca de cinco anos descobrimos o café especial na fazenda por meio de uma pontuação que alcançamos com um lote específico”.

Diante da descoberta, a propriedade adotou novas técnicas, entre elas o uso de secador para acelerar o processo e extrair o mel da casca para transferir ao grão. “Trabalhamos com o secador elétrico durante 24 horas e não temos perda. Em seguida, colocamos esse café na tulha e depois de alguns dias, encaminhamos para o beneficiamento”, detalha Fabrício. “Fomos aprimorando os processos e acompanhando as pontuações dos lotes. Queremos trabalhar para melhorar cada vez mais a qualidade do café e, assim agregar valor”.