Consumidoras do topo da pirâmide de renda recorrem a acessórios seminovos para não sair da moda em tempos de crise
O mesmo dólar que inflacionou o custo das operações de muitas empresas diminuindo o número de empregos formais no país já respinga no estilo de vida das famílias da classe A.
“Comprar fora do país, por exemplo, ficou quase inviável.” Quem afirma são as sócias Daniela e Gabriela Carvalho, proprietárias da Peguei Bode, uma loja online de peças seminovas de luxo.
Além de comprar peças clássicas por um preço mais amigável, a Peguei Bode permite que suas clientes transformem as suas coleções em dinheiro.
Isso porque até pouco tempo ser dona de bolsas caras e ter um armário repleto dessas peças era um vício.
Porém, o hábito de acumular verdadeiras fortunas sem uso ficou no passado. O conceito de brechó de luxo trouxe para essas consumidoras uma alternativa para reduzir gastos e renovar o guarda-roupa de forma mais consciente.
Quando o negócio surgiu há quatro anos, a economia brasileira era estável, e tudo não passava de um passatempo para as irmãs que queriam apenas vender as próprias peças.
No entanto, em poucas semanas a brincadeira agradou muitas blogueiras e conquistou clientes de outros estados.
Chanel, Dior, Chloé, Gucci e muitas outras marcas começaram a ser listadas na Peguei Bode após um criterioso processo de seleção, como produtos usados, porém bem conservados, e com um custo um pouco abaixo dos valores cobrados nas lojas.
Uma bolsa Chanel Classic Flap, por exemplo, custa cerca de R$ 15 mil em uma loja brasileira, aproximadamente R$ 12 mil nos Estados Unidos, R$ 10 mil na Europa, e pode ser comprada por R$ 12 mil na Peguei Bode.
Mesmo com o valor abaixo da tabela, as sócias garantem que o maior atrativo que o site oferece é o acesso, e não os preços.
“Possuímos peças superconcorridas – peças que na própria loja as clientes não conseguem encontrar, como a famosa Birkin da Hermès”, diz Gabriela.
O preconceito em adquirir peças usadas diminui à medida que os lançamentos surgem.
“Hoje, o mundo está mais rápido e a moda muito rotativa. A valorização do dólar teve reflexo em alguns de nossos produtos que subiram até 15% - ainda assim, sai mais barato que viajar para comprar”, diz Daniela.
CONSUMO CONSCIENTE
A Topswap, outro e-commerce de seminovos de luxo, chama esse movimento de consumo consciente.
“Todo mundo sabe do atual desempenho ruim da economia brasileira, acreditamos que por isso muitos consumidores passaram a buscar maneiras de reduzir gastos. E uma das saídas encontradas foi recorrer à roupas e acessórios usados”, diz Marina Theiss, sócia do negócio ao lado de Gabi Rebeschini.
Diferente da Peguei Bode, a Topswap possui clientes do mundo todo, e confirma que a prática é muito usual. Marina recorda que os brechós de luxo já são bem comuns na Europa e nos Estados Unidos, onde a marca foi lançada em 2012.
“A Classe A ainda não sofre com a crise mas está mais consciente, e não faz questão de ter tantas coisas. Elas preferem qualidade ao invés de quantidade e acharam nesse business a forma ideal de "desentulhar"os armários e faturar.”
Para Ana Paula Tozzi, CEO da GS&AGR Consultores, duas tendências potencializam esse fenômeno: a reciclagem e a atual situação financeira do país.
Comprar peças legítimas usadas tem se tornado cada vez mais popular, sobretudo, itens de alto valor e com pouco uso.
"Reciclar se tornou chique. Somamos isso a um mercado em crise, e então temos um nicho com muito a ser explorado", diz.
Ana Paula também destaca que as facilidades de viajar e comprar nos Estados Unidos, nos últimos cinco anos, fez com que outra camada da sociedade tivesse acesso a grandes marcas, nos últimos cinco anos.
E, num momento de crise, essas peças adquiridas em viagens se tornam uma espécie de investimento, pois com a alta do dólar elas estão supervalorizadas.
Ana Paula diz que a crise ainda não inibe o consumo dos consumidores de maior renda.
"O brechó entra como aliado nesse momento. Ele passa um status de consumo consciente. Não pega bem ficar ostentando com compras e viagens diante de uma crise econômica, ainda que você não esteja sendo afetado", diz.
*Foto: Thinkstock
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