O expressivo crescimento do número de microempreendedores individuais (MEIs) nos últimos anos pode, sem dúvida, ser atribuído às elevadas taxas de desocupação e subutilização da mão de obra.
Essa constatação, por sua vez, poderia sugerir que, em regiões mais pobres, onde o desemprego é maior, seja mais significativa a presença de MEIs. Não é, porém, o que indicam os dados.
Com o objetivo de identificar fatores macroeconômicos por trás do empreendedorismo, a área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista cruzou as informações de quantidades de MEIs por 100 mil habitantes com a renda domiciliar per capita dos estados brasileiros. Identificou que, nos estados mais ricos, também é maior a presença de empreendedores formalizados.
Os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, os mais ricos do país, são também os que apresentam a maior quantidade de MEIs em relação à população total.
O Rio de Janeiro lidera o ranking, com 5.262 MEIs por 100 mil habitantes, seguido por Espírito Santo (5.116), São Paulo (4.487), Santa Catarina (4.406), Minas Gerais (4.232), Paraná (4.206), Rio Grande do Sul (4.203), Mato Grosso do Sul (4.051), Mato Grosso (4.049) e Goiás (3.898).
No outro extremo encontram-se estados das regiões mais pobres, Norte e Nordeste, com o Acre ocupando a última posição (954 MEIs por 100 mil habitantes), seguido por Maranhão (1.311), Amapá (1.545), Amazonas (1.555) e Pará (1.946).
É nos estados mais pobres, por outro lado, que se observam, em média, as maiores taxas de inadimplência no segmento de microempreendedores individuais.
Em Alagoas, o estado com a segunda menor renda domiciliar per capita do Brasil (R$ 658), a taxa média de inadimplências dos MEIs – que tomaram empréstimo na pessoa física – era de 6,9% no segundo trimestre de 2018.
Em Santa Catarina, estado com a terceira maior renda do país (R$ 1.597), a inadimplência do segmento era de apenas 3,9% no mesmo período.
Conforme já analisamos em outro artigo, os riscos associados aos empréstimos influenciam as taxas juros. Em outras palavras, inadimplências elevadas estão relacionadas a juros maiores com algumas exceções como o estado de São Paulo, conforme apontado no artigo.
Além de estarem em um mercado consumidor menos dinâmico, onde a renda é mais baixa, portanto, microempreendedores de regiões mais pobres ainda pagam taxas de juros maiores e, consequentemente, têm menor acesso ao mercado de crédito.
É provável também que nos estados mais pobres a informalidade entre empreendedores seja mais significativa.
O empreendedorismo é frequentemente apresentado como alternativa à lenta recuperação da economia e à crise no mercado de trabalho.
Os dados, contudo, sugerem que também as oportunidades para empreender e os incentivos para formalização parecem depender de condições econômicas mais favoráveis.
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