Entre “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão” e “sou do centrão” foram menos de três anos. Uma campanha focada em anunciar que novos tempos estavam chegando e que negociatas escusas não ocorreriam - essas que, como anunciado, aconteciam o tempo todo com membros do Legislativo que lá estavam desde priscas eras - se transformou em uma pacificação ao lado de quem antes era alvo de acusações o tempo todo. Independente de tentar entender como tamanha mudança política ocorreu em tão curto espaço de tempo, vale observar aqui quais os possíveis cenários dessa movimentação.
Pelo copo cheio, temos um reduzir de tensões importante o suficiente para permitir que medidas relevantes sejam de fato analisadas com a atenção que precisam. Quando saem dos radares ameaças institucionais do Executivo a outros poderes sobra mais espaço para que o Legislativo se debruce com atenção ao que a equipe econômica coloca na mesa para ser discutido.
Reduzir a temperatura também significa, na prática, que a parte necessária de representantes para manter Bolsonaro presidente ao menos até o fim de seu mandato, diante de um processo de impeachment está colocada.
Por outro lado, cabe a pergunta: se todos os grupos que sempre estiveram representados nas casas legislativas continuarem sendo, qual o motivo para que subitamente decidam se colocar como alvos de mudanças? Lembre-se da reforma previdenciária: associações dos servidores públicos do alto escalão se colocaram contrários “porque prejudicaria os mais pobres” buscando evitar que mudanças em suas próprias aposentadorias (essas nas proximidades do teto de mais de trinta mil reais, bem distante dos dois terços da população que se aposentam com um salário mínimo) viessem ocorrer.
O que faz pensar que, agora, seriam favoráveis os representantes de sempre a mudanças como uma reforma administrativa relevante no curto prazo ou reformas tributárias que tornem o sistema todo mais palatável retirando benesses setoriais e individualizadas? Qualquer que seja o caso do qual estejamos diante de, vale a reflexão.
Em nosso país, desde a semente plantada de “nós contra eles” ainda no governo Lula, passando pelos massificados protestos em 2013 no primeiro mandato de Dilma e também pelo questionamento das eleições de 2014 pelo PSDB, passamos por um longo período caracterizado pela busca incessante por “salvadores da pátria” que viriam resolver o maior problema do país, que supostamente seria “o projeto político e de dominação de uns”.
Na prática, vemos há muitos anos um eterno discutir do nada em lugar nenhum, enquanto tudo que mais importa para que as próximas gerações tenham de fato um país melhor segue intocado. Nesse aspecto, um reduzir de tensões seria positivo. Em se tratando de um país como o nosso, em que oscilações entre um cenário de paz e outro de guerra ocorrem com extrema rapidez e quase sempre com relação direta a personagens políticos da ocasião, é difícil saber de antemão se caminharemos, com esse acalmar de ânimos, para mudanças positivas ou para um estacionar no que já temos.
Porém, cabe ressaltarmos dois pontos: em primeiro lugar, a paz é melhor do que a guerra quando algo de fato relevante quer ser discutido; e, em segundo, Bolsonaro enfim entendeu o que é preciso ser feito para que ele não entrasse para o hall de presidentes que até hoje conta com Collor e Dilma como seus representantes.
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