O COE (Certificado de Operações Estruturadas) é uma aplicação que pode conter ações, inflação e moedas. Com capital protegido, a modalidade exige que investidor tenha conhecimento e apetite ao risco
Em meio a tantas siglas de aplicações financeiras, mais uma tende a se tornar comum entre investidores de alta renda ou do segmento private, além de empresas: o COE - Certificado de Operações Estruturadas.
Trata-se, como o próprio nome sugere, de aplicação estruturada com ativos de renda fixa (títulos) e de renda variável (ações) em um único produto e com uma tributação regressiva como a do CDB (que começa em 22% sobre os rendimentos e chega a 15%).
É a versão nacional das notas estruturadas, que existem há mais de 20 anos na Europa. No Brasil, a maioria dos COEs --quase 94% deles--, têm capital protegido, o que garante ao investidor a devolução de, no mínimo, o valor aplicado inicialmente.
Em contrapartida, em um cenário favorável de retorno, o investidor fica apenas com um pedaço da rentabilidade, em vez da valorização integral.
O COE é estruturado pelos bancos por meio de derivativos (operações no mercado futuro), de forma a permitir diversos cenários de ganhos e perdas, de acordo com altas e baixas de ativos e, claro, com o perfil do investidor.
Estudos mostraram que 58% dos COEs em 2014 e em 2015 tiveram retornos superiores ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário, taxa de referência para investimentos), de acordo com Fabio Zenaro, superintendente de Produtos e Negócios da Unidade de Títulos e Valores Mobiliários da Cetip,
Há 41 tipos de operações diferentes de derivativos que podem ser feitas no COE, segundo a Cetip, que é a integradora responsável pelo registro, depósito e liquidação do produto. Os COEs tem crescido e o montante disponível no mercado chegou a R$ 7,7 bilhões no ano passado, o dobro de 2014.
Embora possa reunir ações de empresas nacionais e internacionais, índices de preços do Brasil e do exterior, juros, commodities e taxas de câmbio, a maioria dos COEs montados são atrelados ao dólar,inflação e índices de ações nacionais e internacionais como o S&P e Euro Stoxx.
A aplicação foi lançada em 2014 e hoje já é emitida por 17 bancos, que até então eram os únicos a ofertar ao investidor.
Agora, a diferença é que as corretoras também podem distribuir os COEs montados por bancos, porque a oferta pública do produto, com regras como a documentação padronizada, foi regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Com isso, é possível encontrar COEs com aplicação mínima de R$ 15 mil, o que é positivo para o investidor que tem perfil moderado e quer acrescentar um pouco de risco e diversificar uma parcela pequena de seus investimentos.
"É uma pitada de tempero nos investimentos, mesmo porque não pode ter só pimenta na feijoada. O COE entra como renda variável, temperando de 5% a 20% da carteira, dependendo do perfil do investidor e de seu apetite ao risco", afirma Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest.
Ele diz que o investidor deve entender as regras do COE e verificar se o produto permite faixas de ganho em caso não só de alta mas também de baixa de um ativo no mercado futuro.
"Há muitas possibilidades e gosto particularmente da que permite faixas de ganho em caso de alta e de baixa de ativos. Outro ponto é entender que o capital protegido significa que o investidor não perde o que aplicou, mas deixa de ter poder de compra. Se entrou com R$ 100 mil e recebeu isso no final perdeu para a inflação", diz.
RISCO E PERFIL
Quando não há rentabilidade, o risco do COE de capital protegido é o de perder o custo de oportunidade do dinheiro aplicado, que seria o de deixar de ganhar em outra aplicação.
Outro ponto, lembra Calil, é que nessa aplicação não é possível retirar o dinheiro antes do prazo negociado, e isso deve ser levado em consideração.
"Há bancos que falam em possibilidade de saída no terceiro ou quarto mês, mas isso implica perder o benefício do capital protegido", diz Márcio Cardoso, sócio da Easyinvest.
O principal risco do COE é o de quebra do banco emissor, já que a aplicação não é assegurada pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Segundo dados da Cetip, o tíquete médio de aplicação pelo investidor pessoa física em 2015 foi de R$ 87,5 mil e 92% dos produtos foram montados para esse segmento. O prazo médio de aplicação foi de 1 a 2 anos.
Apesar do valor mais acessível, esta não é uma aplicação conservadora capaz de atrair pequenos investidores que evitam riscos.
Há, para eles, outras opções mais atrativas no mercado com a taxa de juros no atual patamar, como as próprias letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCI e LCA), livres de impostos.
"Vamos disponibilizar o produto na plataforma eletrônica e o investidor precisa fazer a análise de perfil. No entanto, não acreditamos que seja para o investidor de varejo conservador. É para o moderado, que tem experiência com a bolsa, entende o produto e aceita comprá-lo", diz Cardoso.
EMPRESAS
Segundo dados da Cetip, as empresas não-financeiras responderam por 8% da demanda por COEs no ano passado, com um valor médio aplicado maior, acima de R$ 436 mil.
"Foi uma surpresa positiva. Percebemos que há empresas com compromissos em dólar usando o COE como um instrumento de proteção para o caixa", afirma Fabio Zenaro, superintendente de Produtos e Negócios da Unidade de Títulos e Valores Mobiliários da Cetip.
Ele diz que empresas não financeiras e, geralmente familiares, que têm caixa e precisam proteger-se da alta do dólar podem ter feito COEs em vez de montar a operação diretamente na bolsa de valores - o que exige um capital às vezes maior e garantias.
A diferença prática, segundo o superintendente, é a conveniência de fazer a operação com o banco e ter a garantia de receber o valor investido no final.
Para Calil, a aplicação em COE pode ser interessante para empresas que podem fazer um planejamento do fluxo de caixa, ou seja, que venderam e não têm perspectiva de comprar estoques.
"Nesse caso, ela buscaria um ganho financeiro em vez do core business. No entanto, deve aplicar o recurso que não precisará para honrar compromissos nos próximos 12 meses", afirma.
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