O Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou 77 pontos em janeiro, dois a menos do que no mês anterior e dois a mais do que em janeiro de 2016. Essas ligeiras variações - inferiores à margem de erro de três pontos - indicam que o brasileiro continua pessimista, com a confiança pouco volátil. A pesquisa foi feita entre os dias 5 e 18 de janeiro em todas as regiões brasileiras, pelo Instituto Ipsos.
“O brasileiro segue pessimista com o atual momento do País, mas está um pouco esperançoso em relação ao futuro. É preciso que o governo vá ao encontro dessa esperança e continue cortando gastos. Assim, o Copom poderá reduzir cada vez mais a taxa Selic, na esteira da queda inflacionária, para que a economia volte a girar”, comenta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
O INC varia entre zero e 200 pontos, sendo que o intervalo entre zero e 100 é o campo do pessimismo e, de 100 a 200, o do otimismo.
A esperança em relação ao futuro, citada por Burti, deve-se ao componente da pesquisa que questiona os entrevistados sobre sua situação financeira nos próximos seis meses: em janeiro, 38% acreditam que irá melhorar, ao passo que 21% creem numa piora.
Quando perguntados sobre sua situação financeira atual, a situação se inverte, com 53% dos consumidores avaliando-a como ruim frente a 23% que a classificam como boa. Parte desse ceticismo se deve ao desemprego, já que 51% estão inseguros nesse quesito. Ao mesmo tempo, subiu a média de conhecidos dos entrevistados que foram demitidos nos últimos seis meses: de 5,73 em dezembro para 5,82 no primeiro mês de 2017.
Regiões
Embora o INC tenha se mantido estável no País, ele oscilou bastante quando analisado dentro das regiões brasileiras na passagem de dezembro de 2016 para janeiro de 2017. No Sul, o índice despencou de 99 para 80 pontos. Embora a região se beneficie pelo desempenho agrícola, estados da região – mais notadamente o Rio Grande do Sul – passam por grave dificuldade fiscal.
O Nordeste teve uma queda acentuada na confiança (de 77 para 69 pontos), provocada pela forte estiagem que atinge a região, devastando a agropecuária.
No grupo das regiões Norte/Centro-Oeste, o índice subiu de 96 para 99 pontos. Com isso, essa é a área geográfica mais próxima da zona de neutralidade (100 pontos) e, portanto, a mais provável de entrar no campo otimista nos próximos meses. O motivo é o sucesso do setor agrícola, que deve bater recordes de produção neste ano.
No Estado de São Paulo, a confiança subiu de 62 para 66 pontos. O Sudeste teve mesma variação – de 68 para 72 – motivada, possivelmente, pelo otimismo da agricultura local e pela perspectiva de melhora da economia, decorrente das quedas da inflação e dos juros.
Classes
Analisando os dados do INC sob o recorte de grupos socioeconômicos, a classe D/E registrou a maior queda: a confiança caiu de 84 pontos para 79 na passagem de dezembro para janeiro. “A crise fiscal que atingiu a maioria dos estados reduziu benefícios sociais, destinados justamente a essas pessoas”, analisa Burti.
Na classe A/B, o INC recuou de 68 pontos para 65. Por fim, na classe C, passou de 81 para 79.
A pesquisa
O INC foi elaborado a partir de entrevistas pessoais e domiciliares em todas as regiões brasileiras, com base em amostra probabilística e representativa da população brasileira de áreas urbanas de acordo com dados oficiais do IBGE (Censo 2010 e PNAD 2014). Trata-se de uma medida da extensão de confiança e segurança do brasileiro quanto à sua situação financeira ao longo do tempo. Além de indicar a percepção do estado da economia para a população em geral, o índice visa a prever o comportamento do consumidor no mercado.
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