A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) elevou a projeção de 2019 para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, de 3,58% para 3,98%, depois da divulgação do indicador em fevereiro, que subiu 0,54%.
Em janeiro, a alta foi de 0,58%, sendo de 0,53% na terceira quadrissemana. O coordenador do índice, Guilherme Moreira, explica que a revisão responde, principalmente, ao forte aumento dos alimentos no início do ano, por causa de problemas de oferta.
Moreira destaca que só o feijão já subiu 79,47% no ano, em função da quebra de safra. Outros itens, como batata, beterraba, cenoura, pimentão e quiabo encareceram devido às fortes chuvas do período, que prejudicaram as lavouras, completa o coordenador do índice.
Em virtude deste início de ano "complicado", a Fipe então elevou a projeção de Alimentação para o ano de 5,07% para 6,22%. Mas Moreira pondera que a estimativa mais elevada para os alimentos não altera o cenário comportado de inflação neste ano.
Ele ressalta que o forte aumento desses produtos é resultado de um problema de oferta pontual que, apesar de afetar o IPC do ano, deve ser parcialmente devolvido ao longo de 2019.
"A alta dos alimentos é por conta do clima. A inflação está comportada e não vemos nenhuma fonte de pressão esse ano", diz Moreira.
Ele completa que o principal problema este ano é a atividade econômica fraca e que, portanto, mesmo que haja aumento das incertezas em torno da aprovação das reformas, o impacto que poderia ser sentido de desvalorização do câmbio deve ter repasse limitado para inflação.
Por outro lado, o aumento das incertezas pode enfraquecer ainda mais a atividade econômica, finaliza.
MARÇO
O IPC da Fipe deve arrefecer a alta de 0,54% em fevereiro para 0,36% em março, segundo o coordenador da pesquisa. Moreira explica que o índice deste mês não deve contar mais com as pressões do IPTU e do reajuste da passagem de ônibus, mas pondera que os alimentos devem seguir como pressão.
Em fevereiro, o feijão, que está com a oferta restrita devido à quebra da primeira safra do ano, subiu 54,98% (de 43,27% na leitura anterior e de 15,80% em janeiro) e teve a segunda maior alta desde o Plano Real, só perdendo para maio de 1998 (62,72%).
O aumento correspondeu por 0,22 ponto porcentual (40%) da variação de 0,54% do IPC-Fipe. Na ponta, o grão aponta elevação de 0,54%, iniciando uma desaceleração da alta, mas em patamar bastante elevado. "É impressionante como o feijão tem subido.
Teve um comportamento fora do padrão e praticamente não tem substituto na mesa do brasileiro", diz Moreira, que completa que a leguminosa já subiu 79,47% no ano.
Junto com a batata (25,66% para 24,91%), que já começou a desacelerar, mas ainda em patamar elevado, o feijão somou mais de 50% (52%) de contribuição no IPC de fevereiro. Na ponta, o tubérculo indica alta de 1,10%.
"Deve arrefecer mais, mas ainda deve continuar subindo."
Moreira ainda cita que outros legumes, como cenoura, pimentão, beterraba e quiabo, devem seguir mostrando fortes variações no IPC de março, conforme as variações na ponta próximas a 20%.
Para Alimentação, a Fipe projeta alta de 1,15%, depois de 1,64% em fevereiro. Em janeiro, o grupo teve aumento de 1,13%.
Outro destaque de alta no IPC de fevereiro foi o IPTU, que subiu 7,71%, de 5,73% na terceira leitura do mês e de variação zero em janeiro. O coordenador do indicador lembra que a variação efetiva do imposto foi bem mais elevada do que o reajuste divulgado pelo governo, de 3,5%.
Depois de feijão e batata, o IPTU foi o que mais contribuiu positivamente para o IPC de fevereiro, com 0,05 ponto porcentual.
Empatado com o IPTU em termos de contribuição, apareceu o ônibus, que, em função do reajuste da tarifa anunciado em janeiro continuou a impactar o IPC, mesmo que com taxa menor (3,54% na terceira quadrissemana para 1,73% na última leitura).
Em janeiro, a alta fora de 5,52%. Em março, porém, o fim do efeito de aumento tanto do IPTU quanto da passagem vai contribuir com o arrefecimento do indicador, ressalta Moreira.
Por outro lado, o coordenador do índice cita o impacto de combustíveis em Transportes, que devem sair do terreno negativo. Etanol e gasolina reduziram a queda no fim de fevereiro.
O biocombustível passou de recuo de 2,76% para declínio de 1,59%. Já o derivado do petróleo cedeu 1,95%, de -2,55%. Na ponta, o etanol já aponta elevação de 3,09%, enquanto a gasolina indica queda menor, de 0,33%.
Para Transportes, a projeção da Fipe para março é de avanço de 0,53%, depois de alta de 0,22% em fevereiro, já, para Habitação é de aumento de 0,12% neste mês, depois de 0,41% em fevereiro. Em janeiro, os grupos tiveram alta de 1,16% e 0,11%, respectivamente.
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