Em recente visita aos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu o apoio de Donald Trump para entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é o clube dos países desenvolvidos.
A entrada na organização seria uma espécie de “selo de qualidade de política econômica”, mas, em troca, por sugestão do presidente americano, o Brasil teria de abrir mão de tratamento especial na Organização Mundial de Comércio (OMC), que garante mais vantagens em acordos comerciais a países ainda em desenvolvimento.
A OCDE é uma organização internacional de 36 países que tem princípios como a democracia representativa e a economia de mercado. Também defende políticas públicas de equilíbrio fiscal e baixa taxa de inflação.
Mas o Brasil já estaria pronto para se comportar como um pais desenvolvido? É o que vamos analisar a seguir:
Inicialmente vamos abordar as cinco etapas que uma nação deve percorrer, para ser enquadrado como um país desenvolvido. A análise será baseada no livro “Etapas para o Desenvolvimento Econômico”, clássico de autoria de W. W. Rostow, de 1961. Vamos incluir o caso brasileiro em cada uma dessas etapas.
I - A sociedade tradicional, onde predomina uma economia de subsistência baseada, em geral, na agricultura e na extração. Foi o Brasil colônia até praticamente o Império.
II – Pré-condições para o arranco ou decolagem, onde a agricultura passa a gerar um “excedente” exportável. Nessa etapa também ocorrem mudanças políticas e o início da urbanização. Foi o que aconteceu com o café já no segundo Império e a proclamação da República. Na urbanização surge o polo de São Paulo, além da capital, que era o Rio de Janeiro, entre outras capitais na costa.
III – Essa é a etapa do arranco, na qual incrementa-se a industrialização. Trabalhadores saem do setor agrícola para as indústrias. Transformações na economia são acompanhadas por novas instituições políticas e sociais. Foi o que começou a ocorrer no Brasil a partir da década de 1930. Além da indústria têxtil e de calçados, essa fase se estende para mineração (Vale em 1941) e CSN em 1945.
Segue rápido processo de criação de indústrias de eletrodomésticos no início dos anos 50 e automobilística na segunda parte da década. Surge Brasília, nova capital no centro do País, com a criação de novas estradas. Seguem novas transformações econômicas e políticas em meados dos 60 com a Reforma Tributária que, além de aumentar a carga, concentra recursos na União para facilitar novos investimentos. A economia acelera nos anos 70, quando um novo plano foca a infraestrutura e a indústria de bens de capital. Mas ao final da década, a alta do petróleo e dos juros nos Estados Unidos encerram abruptamente o ciclo.
IV - Marcha para maturidade. No caso brasileiro o arranco havia se transformado numa “marcha forçada” que desestabilizou a economia, levando a uma crise hiperinflacionária que só foi equacionada com o Plano Real, em meados da década de 90, e com um novo ajuste fiscal, no final da década, que elevou novamente a carga tributária e equilibrou o orçamento, tornando-o, inclusive, superavitário. A maturidade no Brasil se constituiu na estabilização da economia.
V - Era do consumo de massa: nesta fase a população tem acesso aos bens de consumo. A classe média brasileira representa 51% da população. A classe alta, 20%. Sobram as classes inferiores, que ainda são cerca de 30%.
Em síntese, no caso brasileiro, não houve um processo completo, porque faltou “maturidade”. Muita coisa foi feita de improviso e até a qualquer custo. Vale ressaltar que na OCDE há também paises de renda média, como o México. É desafiador para o Brasil.
IMAGEM: Pixabay
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