ACIF em Revista - edição 277 - Janeiro
Atire a primeira pedra quem, desde 2017, não ouviu, disse ou pensou que “agora o Brasil vai decolar novamente”. Seja porque houve uma mudança na guinada econômica com o impeachment de Dilma e a entrada de Temer, pela aprovação de reformas no caminho ou ainda pelo fato de que estamos realmente há muitos trimestres ainda abaixo do nível pré-crise, é difícil encontrar quem não tenha tido qualquer contato com essa afirmação.
No terceiro ano seguido em que a euforia deságua em decepção - o que se encerrou, 2019 -, iniciamos, segundo o Boletim Focus, na faixa de 2,5~3% para o PIB e, após contabilização do ano todo, devemos observar um resultado real que custa a ser metade disso. Ainda assim, a surpresa positiva advinda dos dados do terceiro trimestre já começam a reativar a euforia para 2020.
Dois termos são bastante importantes para se observar quando o assunto for “o quanto o Brasil deve crescer a seguir”. O primeiro é o chamado PIB potencial que, em termos diretos, é o quanto o país consegue crescer, no longo prazo, considerando sua capacidade instalada. O segundo é o hiato do produto que, no fim das contas, é a diferença entre o PIB que está sendo observado e o que poderia ser (o potencial).
Segundo estudos publicados no Blog do IBRE-FGV (cujos autores foram Claudio Considera, Elisa Carvalho de Andrade e Juliana Carvalho de Cunha Trece), praticamente todos os setores brasileiros (excetuando-se o de intermediações financeiras) encontram-se em hiato negativo. Isso é um bom sinal, porque demonstra que os setores devem encontrar crescimento e não o contrário disso. Porém, os mesmos estudos indicam que nosso PIB potencial está na faixa entre 1~1,5%, o que demonstra que a realidade anterior de crescimento fabuloso pode ter ficado para trás.
As previsões do início de dezembro de 2018 para o PIB deste ano que acaba de se iniciar estão nas proximidades de 2,2%. Na prática, essa previsão não é irreal, dado que realmente o crescimento tem começado a dar as caras por aqui.
O que não podemos perder de vista é o fato de que ainda há um caminho considerável de reformas espinhosas a serem trilhadas - citando apenas duas, a administrativa (a respeito do tamanho e funções do Estado) e a tributária (que está longe, mesmo entre os especialistas, de ter um consenso sobre qual a melhor forma de ser feita) - e a estabilidade do país no longo prazo depende de avanços institucionais sólidos no momento presente. Em outras palavras: não espere que a aprovação de reformas sirva como um toque de Midas para o crescimento, porque realmente não será assim.
Um ponto importante é o fato de que o país se encontra em uma transição interessante: estamos observando uma redução do tamanho do Estado como parte do PIB e um aumento da participação da iniciativa privada. Esse movimento necessário (devido ao esgotamento dos meios estatais de crescimento) demora, mas pode nos trazer, ao longo do tempo, um crescimento sustentável como nunca antes.
Sobre 2020: torcer para crescer e fazer nossa parte investindo para isso, sim; nos iludirmos com um crescimento mágico e irreal, de novo não.
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Caio Augusto de Oliveira Rodrigues
Editor do site Terraço Econômico e gestor financeiro
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