A Carta de Guarujá, um manifesto com 12 pontos críticos e propostas para que os brasileiros possam recuperar a autoestima e o país volte a crescer, marcou o encerramento do 16o. Congresso Estadual da Facesp
"O Brasil amarga uma grave crise que não é só econômica. É também política e ética, agravada pela falta de liderança em todos os segmentos. A classe política enfrenta o descrédito da população. Os órgãos governamentais e os serviços públicops não funcionam como deveriam".
Assim começa o manifesto divulgado ontem no encerramento do 16° Congresso da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), que em 12 pontos críticos e propositivos sintetiza a visão da entidade a respeito da situação política e econômica pela qual atravessa o país.
Batizado de Carta de Guarujá, o documento critica a falta de valores éticos entre os governantes e o clima de impunidade que favorece os negócios escusos. "Os valores éticos que deveriam nortear a conduta de homens públicos e dos empresários são manchados pela corrupção de alguns, que não querem servir, mas se servirem do Brasil".
Lida pelo empresário João Bico de Souza, vice-presidente da Facesp, a uma plateia de mais de 1.300 pessoas, a Carta de Guarujá clama pela necessidade de “choque de moralidade e de gestão para despertar do perigoso caminho que está levando o país para o abismo”. Ao mesmo tempo, o documento elenca medidas para recolocar o país no caminho do desenvolvimento.
Entre as 12 propostas estão o fim da “gastança inconsequente do governo”; pede ainda uma reforma política que reduza o número de partidos; o fim da reeleição; um maior controle sobre as estatais e agências reguladoras e a redução da burocracia, tributação e de interferências do poder público na atividade empresarial.
O público demonstrou apoio ao documento com um longo aplauso ao final da leitura.
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Antes da leitura da carta, Alencar Burti, presidente da Facesp e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) havia conclamado os empresários e entidades a se unirem na tentativa de recolocar o país nos rumos.
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reforçou a necessidade de união da classe empresarial nesse momento conturbado da economia. “Governo nenhum faz o futuro de ninguém. O futuro de cada um é feito com trabalho e suor”, disse durante o Congresso.
Skaf cobrou maior controle dos gastos do governo. “O problema do Brasil está nos governos que gastam mal e cobram muitos impostos. Vamos arrecadar R$ 2 trilhões em impostos neste ano, 60% disso fica com a União e o governo federal diz que esse dinheiro nunca dá”, afirmou.
Segundo ele, em vez de seguir a lógica das empresas, cortando despesas, o poder público faz o oposto, aumentando impostos. "Não podemos aceitar isso”, disse Skaf.
FUTURO DA ECONOMIA
Felipe França, economista sênior do Bradesco, buscou mostrar para a plateia a real situação da economia brasileira. Segundo afirmou, o país só deve voltar a crescer a partir do segundo semestre de 2016. “O fato é que neste ano o PIB vai cair 3% e vai reduzir mais um pouco no ano que vem. Só a partir do segundo semestre é que teremos um respiro”, disse.
Na visão de França, a retomada da economia depende a recuperação da confiança dos brasileiros na economia. "É difícil medir a confiança, mas vimos que atualmente ela está abaixo do nível histórico. E não é de hoje que ela vem caindo, é desde 2012”.
Para ele, o elevado déficit e a alta inflação são os fatores que mais contribuem para a queda da confiança. “Devemos atingir o fim do poço em algum momento entre o primeiro e o segundo trimestre do ano que vem, percebendo alguma recuperação somente a partir do segundo semestre”, concluiu.
Para voltar aos trilhos e colocar a economia em ordem, França explicou que é preciso reverter a taxa real de juros de 2%, elevar o superávit primário, reduzir os estímulos para-fiscais e reverter a deterioração do déficit em conta corrente. “Esse último”, disse França, “é um dos mais desafiadores. Para fazer isso, você precisa de apoio no Congresso, o que não ocorre atualmente”.
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Ele destacou que a diminuição da atividade econômica brasileira também foi influenciada pelo cenário internacional. Um dos aspectos comentados por ele foi o forte crescimento dos EUA, que tem resultado num dólar mais forte. “O real vai continuar se depreciando e o mundo vai continuar crescendo menos, porque a China está crescendo menos”, opinou.
FOTOS: Paulo Pampolin/Hype
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