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Causos de gestão e liderança

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Artigos 23 Abr, 2025
No artigo de hoje, o Consultor de Negócios do Sebrae Franca, Flávio Silva, dá dicas para uma liderança eficiente

 

Ao longo desses 12 anos lidando diariamente com o universo da gestão e da inovação, já tive o privilégio de palestrar para muita gente. Desde o início dessa jornada, noto uma palpável empatia quando me apresento como mineiro, nascido logo ali em Carmo do Rio Claro. Talvez seja a aura mística que circunda o povo mineiro, dono de um sotaque apaixonante, que se mostra bom de cozinha, acolhedor e hospitaleiro. Óia procêis vê. O que eu pretendo com essa breve introdução é pedir licença a vocês para contar brevemente três causos que nos trarão importantes reflexões sobre gestão e liderança.

O primeiro deles está no livro “Clássicos do Mundo Corporativo”, do Max Gehringer, com o título de “A compreensão do óbvio”. Nessa história, a empresa líder em vendas de batatinhas fritas começa a perder mercado para um concorrente, que havia colocado na embalagem a seguinte frase: “Não contém colesterol”. O consumidor passou a optar por aquela batata. E o óbvio era que batata frita em óleo vegetal não tem colesterol. A alta liderança da empresa líder em vendas sabia disso, mas seus gerentes não. Tampouco os clientes. O que era óbvio não havia sido dito pela empresa líder, afinal, era óbvio! Nunca se preocuparam em comunicar isso internamente na empresa e, menos ainda, ao consumidor. Após um tempo com as vendas ainda em queda, a empresa que era líder reage e escreve na sua embalagem: “Totalmente sem colesterol!” As vendas começam a voltar ao normal e fica a lição para a liderança: o óbvio precisa ser dito (e bem comunicado)!

O segundo causo envolve uma exigência que constava no contrato da banda de rock Van Halen. Eles exigiam no camarim uma tigela de M&M’s, sem nenhum chocolate da cor marrom. O pedido foi entendido por muitos anos como uma das excentricidades dos astros do rock. Porém, na biografia do vocalista David Lee Roth, vem a explicação. Exigir uma tigela sem os M&M’s marrons era, na verdade, uma forma prática e fácil de medir algo muito importante para a banda: o quanto a organização do evento onde a banda iria tocar havia se atentado aos detalhes e feito exatamente o que eles pediam em contrato.

A banda fazia performances que poderiam colocar em risco os integrantes, caso algum material não fosse instalado como deveria ou a montagem não suportasse o peso dos equipamentos. Se, ao olhar a tigela, a banda visse os chocolates marrons, já teria um forte indício de que os organizadores do evento haviam feito as coisas “de qualquer jeito”, sem seguir as ordens e cumprir com os requisitos de segurança da banda. Em uma das vezes em que havia M&M’s marrons na tigela, o chão do palco, que era emborrachado, cedeu pouco antes da banda se apresentar, em razão da montagem incorreta e do peso dos equipamentos. Verificar a qualidade do cumprimento do contrato com um simples olhar para uma tigela de chocolates parece, agora, um belo exemplo da importância de ter bons indicadores e saber como verificá-los com confiança. Essa é a lição.

O terceiro e derradeiro causo envolve uma história que ouvi em um dos treinamentos que já fiz. Em síntese, uma pequena empresa localizada no sul do Brasil ganhou um prêmio local de “melhor lugar para se trabalhar”. Prêmio esse que era costumeiramente vencido por uma empresa maior, que tinha inúmeros benefícios aos colaboradores. O dono da grande empresa indagou ao pequeno empresário o que ele havia feito para vencer o prêmio e a resposta se seguiu mais ou menos assim: “Olha, por muitos anos eu admirei a sua empresa e tentei imitar o que vocês fazem. Passei a pagar plano de saúde e cesta básica para a minha equipe e, quando tentei te copiar e pagar faculdade ou cursos de pós-graduação para minha equipe, quase quebrei. Então, fiquei sem saber o que fazer para motivar meu time por quase um ano. Até que um dia, eu pensei: O que a gente faz quando não sabe? Pergunta e escuta a resposta.”

O dono da grande empresa o interrompeu, curioso, e pediu mais detalhes. Ele seguiu: “Como eu não sabia o que fazer para agradar os colaboradores, pensei em perguntar o que eles queriam. Só que parei e pensei melhor: e se pedissem algo que eu não pudesse dar ou fazer? Então resolvei o seguinte: separei R$ 300 por mês do caixa para custear o pedido do colaborador. Não informei que o valor era esse para ninguém. Depois, reuni a equipe e falei que, a partir daquele mês, iríamos ter uma campanha onde cada um, na sua função, teria um desafio por mês e quem o atingisse poderia fazer um pedido à empresa. Se fosse possível, a empresa iria atender ao pedido.”

O dono da outra empresa logo perguntou: “como você fez para que cada um ganhasse um mês?” A resposta foi simples: o desafio foi lançado para todos no primeiro mês, por função. Um sempre ia ganhar e todos podiam ajudar quem estivesse mais perto de alcançar o desafio. Quem ganhava no mês, não podia ganhar mais. Eles eram em 12 colaboradores, então a ação iria durar um ano.

O pequeno empresário continuou: “no primeiro mês, ganhou uma moça que pediu para eu pagar uma passagem de ônibus para ela e o marido irem visitar uns parentes no fim de semana. O custo foi de menos de R$ 180. Pedido atendido. Outro colaborador pediu para pagar o boleto do financiamento da moto. Cerca de R$ 230. Pedido atendido. Em um mês, uma colaboradora mais velha de casa ganhou o desafio e pediu para a empresa pagar uma passagem de avião para a mãe dela vir visitá-la. A mãe morava na Bahia e elas não se viam já tinha uns dez anos. O custo? Ida e volta por pouco mais de R$ 600. Isso passava dos trezentos reais mensais orçados, mas havia saldo dos outros meses e, então, pedido atendido!”

No entanto, foi o colaborador que ganhou o último mês que trouxe a maior lição ao empresário. Ele pediu para que a família dele (o trabalhador, sua esposa e sua filhinha) jantasse com a família do dono da empresa. O dono achou o pedido curioso, mas aceitou. E, contando para o dono da outra empresa, disse: “marcamos em uma pizzaria no sábado à noite. Fomos eu, minha esposa e minha filha. Por coincidência, a família do colaborador era igual à minha. Jantamos, tomamos uma cervejinha, as crianças fizeram amizade e brincaram na área kids e as esposas também se entrosaram bem. A conta deu quase R$ 250, dentro do orçamento. Fomos para casa e eu passei o fim de semana matutando porque ele havia pedido aquilo.

Na segunda-feira, no final do expediente, eu não me aguentei. Chamei o colaborador e perguntei se ele não se incomodava em me explicar por que pediu aquilo. Ele respondeu que não tinha problemas e, meio que dando risada disse: “pedi porque a minha esposa é muito brava. Ela começou a dizer que eu dava o sangue aqui na empresa e não era visto, que o chefe nem me conhecia direito. Eu sabia que aqui não é assim, mas não conseguia conversar com ela e fazer ela entender. Então, quando ganhei, tive a ideia de jantarmos juntos. Hoje cedo, ela me deu um beijo, desejou bom trabalho e que eu viesse com Deus. Acho que funcionou!”

Com isso, o dono da empresa entendeu algo muito importante. Por mais que ele pensasse e fosse criativo, jamais adivinharia que esse colaborador precisava desse tipo de motivação. Saber o que pode agradar cada um não seria possível sem uma estratégia que permitisse perguntar e escutar as respostas.

O caminho, portanto, era perguntar e ouvir a equipe, sempre que uma situação mais complexa surgisse ou quando a empresa precisasse tomar alguma decisão importante. Essa é, talvez, a história que mais ilustra o papel da liderança, que deve compreender os aspectos operacionais do negócio, sem esquecer que ali trabalham seres humanos, com seus sonhos, suas dores e particularidades. A lição, em conclusão, é simples: você como líder não precisa saber todas as respostas, precisa saber fazer as perguntas e estar disposto a ouvir com atenção as respostas.

Começar o processo de escuta e aprendizado com a equipe já vai te colocar alguns passos à frente da grande maioria dos concorrentes. Estar junto de outros empreendedores, participar de eventos do seu setor e, principalmente, contar com a ajuda das instituições de apoio ao empreendedorismo vão te ajudar a acelerar o aprendizado. Isso trará, em menos tempo, descobertas e a sabedoria que alguns empreendedores levam anos para conseguir na prática. Você pode e deve aprender pelo exemplo, com as histórias e estórias de outras pessoas. Fica, portanto, a provocação e o convite. Para ser o(a) líder ideal, que tal seguir por esse caminho?

 

 

 

Flávio Augusto da Silva, Consultor de Negócios - Sebrae Franca

Artigos, Sebrae, Lideranca, Gestao, Causos, Franca, Brasil
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